Galeria do hepta

Primeirão: ao volante da Jordan 191, Michael Schumacher estreou em Spa-Francorchamps mentindo para Eddie Jordan que conhecia a pista. Seja como for, seu desempenho nos treinos foi impressionante: 7º tempo, mais de um segundo à frente do titular Andrea de Cesaris. Na corrida, nem passou da primeira volta, sem embreagem.

Se é verdade que a primeira impressão é a que fica, a estreia em Spa deixou a Benetton de olho no alemão, de 22 anos naquela época. Tanto que já em Monza ele estava na equipe das cores unidas. A forma como a coisa aconteceu não foi das melhores, já que Roberto Pupo Moreno foi sacrificado. Mas Schumacher rapidamente mostrou qualidades ao volante da Benetton B191.

Na primeira temporada completa, Schumi finalmente disse ao que vinha. Primeiro com a B191 e depois com a B192 da foto, andou muito bem e deu trabalho aos monstros sagrados da categoria. E venceu pela primeira vez na mesma pista de Spa onde estreou na Fórmula 1.

A temporada de 93 foi um pouco mais complicada para o alemão. Ele venceu em Portugal, mas seu desempenho ficou devendo perto do que fizera no ano anterior. A Benetton tinha uma série de inovações na B193, que não funcionaram a contento. Outro veterano tornou-se companheiro de equipe de Schumacher, como já haviam sido Nelson Piquet e Martin Brundle. Mas dessa vez, ele massacrou o italiano Riccardo Patrese, que não teve outra saída senão abandonar o automobilismo.

Consagração: com um início de ano fulgurante, em que pese a morte de Ayrton Senna, Schumacher foi campeão mundial de Fórmula 1 pela primeira vez. Um título envolto em diversas polêmicas: suspeita de adulteração de filtro de reabastecimento, software de controle de tração embutido no carro, desclassificações, suspensões e para culminar, uma batida proposital em Damon Hill, que tirou o britânico do caminho em Adelaide, na última corrida. 

Absoluto: em 1995, a Benetton recebeu os motores Renault, em substituição aos Ford V-8. E Schumacher foi praticamente imbatível. Conquistou nove vitórias em 17 corridas e o título com antecedência de duas corridas. Nada mau para um jovem de 26 anos…

A Ferrari tinha o sonho de contratar Ayrton Senna e o brasileiro queria guiar para a lendária marca de Maranello. Sua morte em 94 o impediu e o contrato, que já estava prontinho na gaveta, só foi adaptado para que Michael Schumacher o assinasse para a temporada de 1996. O carro daquele ano não era dos melhores, mas mesmo assim o alemão venceu três vezes, superando as mais otimistas expectativas.

Com a Ferrari 310B de 1997, Michael fez novamente muito mais do que se esperava dele. Venceu cinco corridas e conseguiu levar a decisão para a última etapa, contra o canadense Jacques Villeneuve. Mas uma controvertida manobra na corrida final em Jerez de la Frontera o tirou não só da corrida como da classificação final do campeonato. A FIA o eliminou da tabela de pontos, tirando-lhe o vice. Mas seus resultados não foram cassados.

Quase: em 1998, por pouco Schumi não foi campeão pela primeira vez com a Ferrari. A bordo do modelo F300, ele triunfou seis vezes e levou de novo a decisão para a última corrida, em Suzuka, no Japão. Com quatro pontos de desvantagem para Mika Häkkinen, ele tinha reais chances, mas um furo de pneu o tirou da corrida na 31ª volta, quando era terceiro, insuficiente para superar o finlandês, campeão mundial pela primeira vez.

O ano de 1999 foi duro para Michael Schumacher. Até sofrer um acidente na 8ª etapa em Silverstone e quebrar uma perna, ele tinha duas vitórias e logicamente almejava seu terceiro título mundial. Foi alijado de seis corridas, substituído por Mika Salo e quando voltou, nas duas corridas finais, teve que ajudar Eddie Irvine, que liderava o Mundial de forma surpreendente e podia ser campeão. Schumi respirou aliviado: o irlandês deu uma baita ‘amarelada’ em Suzuka e o título foi de Mika Häkkinen, outra vez.

Amanhã, tem a segunda parte da Galeria do hepta, com os outros 10 carros que Michael Schumacher guiou na Fórmula 1 até sua aposentadoria definitiva do automobilismo.

Comentários

  • Oi, Rodrigo. Sobre o episódio envolvendo o ‘Pupo’ Moreno e a Benetton, duas perguntas sempre me intrigaram. Falando de forma hipotética, vamos supor que Michael permanecesse na Jordan até o final do ano (ou seja: sem que houvesse a discutível ‘dança de cadeiras’ bem citada por você). Diante deste quadro, a dupla do ‘team’ comandado por Briatore permaneceria até o final da temporada. Mas então… o que aconteceria em 1992? Piquet e Moreno permaneceriam no tine? Ou Michael assumiria o lugar do ‘Pupo’? Sempre penso que a descrição feita poderia apontar que Piquet TALVEZ permanecesse na F1 até o final de 1992. Isto acontecendo, estaríamos ‘livres’ de lamentar o acidente por ele sofrido na Indy 500. Parabéns pelo texto e seleção de imagens.

  • Perfeito!! Em pouquíssimas linhas um relato fiel dos grandes feitos desse fenômeno do automobilismo; o melhor de todos os tempos: Michael Schumacher.
    Parabéns pela série, Rodrigo Mattar. Impecável.