O fim da HRT

208995_424242547621065_1349169237_nRIO DE JANEIRO – A julgar por uma troca de tweets nesta madrugada entre o blogueiro que vos escreve e o confrade Paulo Alexandre, o “Tuga”, vulgo @Speeder76, a HRT foi mesmo para o vinagre nesta sexta-feira, 30 de novembro de 2012. O dono do ótimo blog Continental Circus veio falar comigo sobre amenidades e aí o papo derivou para Fórmula 1. O amigo Daniel Machado tomou as rédeas da conversa e perguntou:

“E aí, amigos? A HRT acabou mesmo?”

Eu não sabia responder e o Paulo Alexandre veio com a dica de que o Toni Cuquerella, diretor-técnico do time espanhol, teria tuitado algo sobre o provável fim da HRT. Ele escreveu exatamente isto:

Hace 4 años propuse a un amigo que hiciera un equipo de F1. Hoy después de 3 temporadas se ha escrito la última página de HRT. SUERTE AMIGOS!

Não é preciso entender espanhol tão bem para saber que a HRT não existirá mais na temporada 2013 da Fórmula 1. A equipe surgiu de um devaneio de Max Mosley, que queria de qualquer forma aumentar o grid da categoria e, sem nenhum critério técnico, selecionou equipes que não tinham – e ainda não têm – condição de lutar por pontos. Em três temporadas, o que de fato fizeram Caterham (que chegou a se chamar Lotus), Marussia (a antiga Virgin) e a HRT (ex-Hispania)? Muito pouco, quase nada.

A HRT foi, disparada, a pior destas neófitas escuderias e seu fim foi decretado muito depois do que se previa e imaginava. Os mais pessimistas achavam que o time só duraria uma temporada. Acabou que demorou três anos para os espanhóis tirarem o time de campo. Foram 56 corridas de um total de 58 em que o time foi inscrito, com um 18º lugar como melhor grid (Bruno Senna, em Spa-Francorchamps/2010) e a 13ª posição de Vitantonio Liuzzi no GP do Canadá do ano passado como melhor resultado em corrida.

Se a equipe sobrevivesse para 2013, seria a última na lista de numeração de inscritos. E com o término da HRT, a Fórmula 1 volta a ter 22 carros apenas. Caso a FIA, na gestão do sr. Mosley, tivesse levado sua proposta de uma categoria mais democrática e mais barata a sério, com certeza Adrián Campos e Jose Ramón Carabante, que fundaram a ex-Hispania, não teriam tido a oportunidade de ingressar na categoria máxima como donos de equipe. Nunca houve dinheiro de fato, muito menos um equipamento minimamente competitivo.

O fim da HRT não vai ser chorado nos fóruns da vida, como aconteceu com várias outras, mas uma coisa é certa: a equipe engrossa uma triste estatística de equipes que pereceram nos últimos 25 anos.

E olha que não foram poucas, não…

Comentários

  • Rodrigo, e a Prodrive, porque não poderia entrar agora no lugar da HRT? E o Wurz, também não existia essa possibilidade dele comprar a equipe? Abs

  • Eu sou a favor de qualquer tentativa para “engordar” o mirrado grid da F1. Me lembro, com saudade, dos grids com 28 carros de 1987(?), e, sinceramente, acho frescura, se não #mimimi, essa coisa de equipes e pilotos ficarem reclamando de carros mais lentos na pista, haja vista que a diferença entre os mais rápidos e os mais lentos, hoje, é bem menor do que a dos anos 1980, quando o grid era bem mais gordo.

    O problema é que nenhuma tentativa de abrir vagas no grid vai dar certo com os custos absurdos da categoria. Pode-se argumentar que a Sauber, que não tem um orçamento tão grande assim, fez um grande carro esse ano, e de fato o fez, mas considero os 80 milhões de dólares (que ouvi dizer ser o orçamento da equipe em 2012) gastos pelo time como pouco. Muito pelo contrário.

    Equipes ricas e equipe s pobres sempre existirão no automobilismo, mas o abismo que vemos na F1 é exagerado demais. O como resolver esse problema é o grande desafio a ser resolvido, e, enquanto não o for, continuaremos vendo pilotos endinheirados (o que tbm sempre existiu), mas de qualidade duvidosa, se espalhando pelo grid, enquanto outros, talentosos mas sem tantos recursos, não conseguem entrar na categoria ou se manter na mesma, se vendo obrigados a mudar de ares ou mesmo ficarem sem correr.

    • O abismo sempre existiu. A AGS quando estreou era de oito a 10 segundos mais lenta, seu piloto – Pascal Fabre – era criticado pela lentidão, mas eram tempos em que equipes mirradas podiam surpreender com carros bem construídos e minimamente razoáveis. Hoje, embora todos os carros sigam um padrão, o que acho horrível, esses times não conseguem sequer andar ao nível das médias. Nos anos 80/90, você via facilmente carros de times pequenos largando no meio do bolo. Pombas… até a Minardi fez uma primeira fila de grid!

  • Mesmo a HRT não fazendo falta (se ao menos servisse para revelar novos pilotos, tudo bem, mas, se for para manter De La Rosa e Kartkheyan, 2 pilotos que já deram o que tinha de dar, melhor mesmo fechar as portas), sempre é de grande valia retomar a discussão sobre a possibilidade de flexibilizar o regulamento da F-1 com o retorno da venda de chassis para baratear um pouco os custos.