Saudosas pequenas – ATS, parte II

RIO DE JANEIRO – A ATS seguiu sua caminhada na Fórmula 1 em 1979 com um único carro. O escolhido para pilotá-lo foi o alemão Hans-Joachim Stuck, então com 28 anos e que competia com um formidável capacete azul forrado de estrelas na parte inferior do ‘casco’. Após passar por March, Brabham e Shadow, mesmo sem grandes resultados, Stuck tinha experiência e poderia ajudar a equipe a progredir.

gp_africa_do_sul_1979_002
Hans-Joachim Stuck a bordo do ATS D2 no GP da África do Sul de 1979

No início da temporada, Giacomo Caliri foi chamado para “salvar” o chassi D1 apresentado no fim do ano anterior. Veio então o D2, uma versão remodelada do seu antecessor, onde se buscou reduzir a ineficácia dos erros de construção do primeiro bólido. Além das modificações aerodinâmicas introduzidas pelo engenheiro do Studio Fly, de Bolonha, o carro ganhou um enorme santoantônio porque Stuck era realmente muito alto, acima do padrão de um piloto de carro de competição.

O ATS D2 resistiu durante as dez primeiras provas do campeonato. Após não se classificar no GP da Argentina, Stuck começou a frequentar o grid com alguma regularidade nas corridas seguintes. Em Mônaco, conseguiu um ótimo 12º lugar no grid, mais pela categoria e experiência do piloto do que pela obsolescência do carro. Pena que uma roda pediu demissão e Stuck teve que abandonar.

Ats d3
O alemão usava um lindo modelo de capacete, estilão “Star Wars”

Um 8º lugar em Zolder foi o melhor resultado com o modelo D2 e a não classificação de Stuck em Silverstone, uma pista velocíssima, foi a senha para Günther Schmidt pensar em aposentar o carro. Nigel Stroud desenhou o D3, novo carro do time, que estreou no GP da Áustria, em Zeltweg. Esse modelo tinha nova suspensão e um monocoque redesenhado.

E o desempenho de Stuck e da ATS foi realmente melhor, embora as quebras prosseguissem. O piloto terminou apenas duas corridas com o D3: foi 11º colocado na Itália e quinto no GP dos EUA-Leste na chuvarada de Watkins Glen, marcando enfim dois pontinhos na conta do time alemão, que terminou em 11º lugar no Mundial de Construtores.

Stuck sentiu que seu tempo na Fórmula 1 havia terminado: passou às competições de BMW Procar, preliminares da própria F-1 e também aos eventos de Endurance – onde compete até hoje, aliás. E em 1980, a ATS voltou a ter dois carros, para dois novos pilotos: o holandês Jan Lammers, que estreara pela Shadow no ano anterior e o suíço Marc Surer, campeão europeu de Fórmula 2 com um March BMW.

80-surer-africa
Marc Surer sofreu um tremendo acidente nos treinos do GP da África do Sul em Kyalami

Enquanto o novo projeto de carro-asa não ficava pronto, a ATS mandou dois chassis do D3 para as primeiras corridas do ano. Jan Lammers não se classificou na Argentina, no Brasil e na África do Sul. Em contrapartida, Marc Surer conseguiu um 7º lugar em Interlagos e tinha tudo para ir bem em Kyalami na primeira aparição do D4, quando sofreu um sério acidente num dos treinos para aquela corrida, ao ficar sem freios. Fraturou os dois tornozelos e ficou de fora de várias corridas.

Provando que o carro desenhado por Gustav Brunner e Tim Wardrop tinha algum potencial, o mesmo Lammers que ficara de fora de três corridas seguidas fez um extraordinário 4º tempo de classificação para o GP dos EUA-Oeste, em Long Beach. Sua alegria durou apenas duas voltas: a transmissão do carro quebrou.

gp_bélgica_1980_004
Jan Lammers fez algumas boas corridas com o ATS D4

O holandês ainda disputou as corridas da Bélgica e de Mônaco, andou bem em ambas, mas Surer rapidamente se recuperou das fraturas e reassumiu o volante do ATS D4 no GP da França, em Paul Ricard. Sem chance na equipe, Lammers foi para a Ensign e Surer, sozinho no time, qualificava o carro em posições bastante razoáveis no grid, à frente por exemplo das Ferrari de Gilles Villeneuve e Jody Scheckter – sem contar McLaren, Arrows e Fittipaldi.

1980 Hockenheim (Marc Surer& ATS D4)
Surer voltou à equipe na segunda metade do campeonato

A equipe voltou a inscrever um segundo carro somente para o GP da Alemanha, convocando de novo o folclórico Harald Ertl, que não se qualificou. Até o fim da temporada, Surer conseguiu terminar quatro corridas e seu melhor resultado nelas foi um 8º lugar em Watkins Glen. E nada mais.

No próximo post, veremos como foram os anos de 1981 e 1982 da ATS na Fórmula 1.

Comentários