Saudosas pequenas – Coloni, parte I

RIO DE JANEIRO – A origem da Coloni como equipe de Fórmula 1 não é muito diferente de outras escuderias que nasceram e pereceram no mundo do automobilismo. Seu fundador, Enzo Coloni, começou no esporte como piloto e, quando abandonou a carreira, o “Lobo” (apelido dele nas pistas) passou a gerenciar sua equipe de Fórmula 3, pelos idos de 1982.

Naquela época, a categoria era concorrida na Itália e era um arsenal de revelação de pilotos. Com o surgimento da Fórmula 3000 em 1985, a Coloni subiu para este campeonato no ano seguinte e, menos de dois anos depois, iniciava sua maior aventura: a construção de um monoposto de Fórmula 1.

Aproveitando que a categoria máxima mudaria todo o seu regulamento no fim da década de 80, Enzo Coloni investiu no projeto de seu primeiro carro. Desenhado por Roberto Orsi, o CF187 fez sua primeira aparição em Monza, no GP da Itália. Com motor Ford Cosworth DFZ preparado por Heini Mader, o carro foi guiado por Nicola Larini e o piloto penou com a falta de potência – eram pouco mais de 560 HP contra os quase 900 HP dos propulsores turbinados, mesmo os restritos a 4 atmosferas de pressão.

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A primeira aparição da Coloni foi no GP da Itália com Nicola Larini, que não se classificou

Como efeito, Larini foi 12 segundos mais lento que a pole position e não conseguiu um lugar no grid de largada, que tinha 26 carros. Só a AGS de Pascal Fabre foi mais lenta que o piloto da Coloni.

A segunda tentativa foi no GP da Espanha, em Jerez de la Frontera. No travado circuito da Andaluzia, Larini conseguiu a qualificação, com o último tempo, à frente dos dois carros da Osella, que tinham motor turbo.  A primeira aparição da Coloni na Fórmula 1 foi bastante fugaz: uma quebra de suspensão na 9ª volta tirou Larini da disputa.

Mesmo com o fracasso inicial, Enzo Coloni foi à luta e manteve o esquema para correr toda a temporada de 1988. Contratou o jovem Gabriele Tarquini, que fizera uma aparição pela Osella, no GP de San Marino. E para uma equipe novata e um piloto idem, o início do campeonato daquele ano não foi tão ruim assim.

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Gabriele Tarquini até que fez algumas corridas razoáveis em 1988

Tarquini conseguiu qualificação direta nas cinco primeiras corridas do ano – Brasil, San Marino, Mônaco, México e Canadá, com direito a um 17º lugar bem razoável no grid de largada da corrida realizada em Imola e um surpreendente oitavo posto no GP do Canadá, o melhor resultado da curta história do time na Fórmula 1.

Sem muito dinheiro e motores pouco competitivos, a Coloni começou a pagar a conta do noviciado e a partir de Detroit, as dificuldades se avolumaram. Tarquini ficou de fora por quatro corridas consecutivas, regressando no GP da Hungria. No circuito de Budapeste, ele foi protagonista indireto na disputa entre Alain Prost  e Ayrton Senna, que culminou numa bela manobra de ultrapassagem do brasileiro sobre o rival francês – e companheiro de equipe na McLaren.

Tarquini ainda participaria do GP da Bélgica e sua última corrida em 1988 seria o GP de Portugal, já com a versão “B” do chassis CF188, que tinha os pontões laterais mais reduzidos, para melhorar um pouco a penetração aerodinâmica do carro. Não resultou, pois na Espanha, Japão e Austrália, o carro amarelo não mais apareceria para uma largada.

No próximo post, a aventura da Coloni e sua sequência, no Mundial de 1989.

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