Saudosas pequenas – Osella, parte IV

RIO DE JANEIRO – Após uma temporada acima da média da Osella, como foi a de 1984, esperava-se no mínimo algo semelhante para o campeonato seguinte. Mas, com os pés no chão e muito pouco dinheiro no orçamento, o construtor optou por seguir com um carro apenas para o campeonato de 1985.

Pier Carlo Ghinzani continuou colaborando com a equipe e o motor Alfa Romeo V-8 Turbo, beberrão como nunca, estava lá, ainda limitado pelos 220 litros de consumo obrigatório ao longo de cada Grande Prêmio. A bordo ainda do velho FA1F de 1984, Ghinzani conseguiu um razoável nono lugar na chuva em Portugal, onde a questão da gasolina ficava em segundo plano. Quando estreou a bordo do FA1G, em Imola, o piloto colecionou um problema atrás do outro, além de não se classificar para o GP de Mônaco. Um 15º posto na França foi tudo o que Ghinzani conseguiu no novo carro.

4407176440_493cc4fb71_z
Vida difícil: Huub Rothengatter remou com a Osella em 1985

A penúria da Osella era enorme e só mais dinheiro salvaria o time. A Toleman, com um investimento da Benetton, que tinha planos de montar uma equipe, queria ter dois carros na segunda metade do campeonato e Enzo Osella “emprestou” Ghinzani para ser o companheiro de Teo Fabi, enquanto conseguiria uns cobres com outro piloto. Veio o holandês Huub Rothengatter, que correra algumas etapas em 1984 pela Spirit.

Como consolo para Ghinzani, o desempenho de Rothengatter não foi tão impactante quanto o seu, até porque se sabia que com aquele motor Alfa Turbo já defasado e um chassi sofrível, mais um projeto de Giuseppe Petrotta, não dava pra fazer muita coisa. O holandês ainda chegaria em 9º lugar na Áustria e em sétimo na Austrália, na estreia de Adelaide e do país na Fórmula 1.

Osella fa1g
Pier Carlo Ghinzani, sempre fiel, enfrentou a temporada completa de 1986, pulando de carro em carro

Apesar dos resultados nada impactantes, a Osella voltaria para o campeonato de 1986 com dois carros e Ghinzani de volta após uma passagem relâmpago pela Toleman e a estreia do alemão Christian Danner, campeão europeu da nova Fórmula 3000, com o apoio da BMW. O velho FA1F, de 1984, ganhou mais uma sobrevida e o FA1G, também.

2288865868_115a7ea3ce
Ghinzani só terminou o GP da Áustria, na 11ª colocação

A temporada daquele ano foi a pior da história do time na Fórmula 1. Seguidas quebras de motor marcaram o desempenho de Ghinzani e Danner no início do ano, afora a nada surpreendente eliminação da dupla em Mônaco. Até o Canadá, o alemão ficou na Osella, mas Marc Surer sofreu um brutal acidente de Rali com um Ford RS200 e, fora de combate, foi substituído por Danner na Arrows. Aí entrou em cena um obscuro piloto canadense que, com algum dinheiro, garantiu a sobrevida do time até o fim do ano e a construção de mais um bólido, o FA1H – que só apareceu em duas corridas e foi destruído na carambola que tirou Jacques Laffite do automobilismo, em Brands Hatch.

Osella fa1f
O lentíssimo canadense Allen Berg, um dos piores pilotos da Fórmula 1 nos últimos 30 anos

O lentíssimo Allen Berg estreou no GP dos EUA em Detroit e, normalmente, largava da última ou da penúltma posição em todas as corridas que participava. Mas foi ele que conseguiu chegar pela primeira vez ao fim – 12º colocado, no GP da Alemanha. Ghinzani faria um 11º na Áustria, resultado igualado pelo jovem Alex Caffi, que estreou pela equipe em Monza, na Itália. Depois disto, Berg foi 13º em Portugal e décimo-sexto no México. Sua curta carreira na Fórmula 1 acabou após nove provas e o piloto canadense, antes de se aposentar no automobilismo, foi correr justamente no México, onde construiu – incrivelmente – uma boa reputação naquele país.

Amanhã, vamos ver como a Osella se saiu nas temporadas de 1987 e 1988.

Comentários