Discos eternos – Brothers In Arms (1985)

RIO DE JANEIRO – O quinto álbum de estúdio dos Dire Straits tem seu lugar marcado na história da música mundial. Em 1985, beneficiados por serem contratados da Vertigo, um selo da PolyGram holandesa (hoje Universal Music), tiveram seu trabalho lançado não só em vinil e em fita cassete, mas também na grande novidade tecnológica daqueles tempos: o Compact Disc (CD), através de um processo total de gravação digital, uma vez que a multinacional já detinha esta tecnologia e vinha investindo pesado nela.

Brothers in arms, além do caráter histórico, foi o disco que catapultou definitivamente o grupo liderado pelo excepcional guitarrista Mark Knopfler aos píncaros da glória. Eles já eram conhecidos por “Sultans of swing”, música do ano de 1979, mas o que o Dire Straits produziu para aquele trabalho compensou o investimento – e ainda sobrou troco.

Banda com inúmeras rotações em sua formação, o Dire Straits tinha naquele álbum, além de Knopfler – que dividiria a produção com Neil Dorfsman – o baixista John Illsey, o baterista Terry Williams, o tecladista e pianista Alan Clark e o recém-incorporado Guy Fletcher, que ‘pilotaria’ os sintetizadores nas sessões de estúdio.

O álbum foi inteiramente gravado em Montserrat, uma ilhota caribenha pertencente ao Reino Unido, durante cinco meses. Trancados num minúsculo estúdio de 20 x 25 pés de largura, os rapazes do Dire Straits fizeram misérias durante a gravação.

Os bem-sacados riffs de guitarra de Mark Knopfler pontuam todas as faixas e logo em “Money For Nothing”, um ‘feliz incidente’ quanto ao posicionamento dos microfones proporcionou um efeito inesperado na gravação. O som à ZZ Top tirado na gravação é exatamente o mesmo que os técnicos ouviram no estúdio. Não houve mixagem, nem overdubs e o resultado é fabuloso, como se (ou)viu nos últimos 28 anos. A música é o maior sucesso do grupo, impulsionada logicamente por um clipe muito bem-bolado e executado à exaustão na época áurea da MTV.

“Money…”, aliás, tem participação especialíssima de Sting, que era artista da então PolyGram e coautor da faixa, dividindo refrões com Mark Knopfler, além de ser o responsável pelo “I want my MTV” inicial.

Praticamente todas as faixas do antigo lado A dos tempos de vinil estouraram nas rádios. Aqui no Brasil, ouvimos muito as baladas “So Far Away” e “Your Latest Trick”, esta pontuada por magoados solos de saxofone – cortesia do ótimo músico Michael Brecker; a linda “Why Worry” a dançante “Walk Of Life” e a faixa-título, última do disco, com longos solos de guitarra e efeitos.

Uma outra curiosidade: por ter sido lançado em três diferentes mídias, o álbum tem um tempo diferente de execução das músicas em vinil/cassete e CD, por conta da limitação dos dois primeiros. No CD, a mixagem permitiu que o álbum fosse lançado na íntegra, com pouco mais de 55 minutos de duração. No disco e na fita, são quase oito minutos a menos, através de um processo de edição de áudio.

Os números de vendagem de Brothers In Arms são bastante expressivos – até hoje. Nove milhões de cópias nos EUA e 4,5 milhões na Grã-Bretanha, só para começo de conversa. Em países como Austrália, França e Canadá, o grupo conseguiu alcançar mais de 1 milhão de cópias.

Uma pena que, após isto, o grupo tenha voltado aos estúdios apenas seis anos depois e feito seu sexto – e último – álbum: On Every Street. Mark Knopfler, além de produzir e compor trilhas para filmes e participar de álbuns de outros artistas, segue carreira-solo com sete discos gravados desde 1996 – o melhor deles é Sailing To Philadelphia, que chegou a 4º lugar na parada britânica de sucessos.

Ficha técnica de Brothers In Arms
Selo: Vertigo/PolyGram/Universal Music
Gravado em Montserrat entre novembro de 1984 e março de 1985
Produzido por Mark Knopfler e Neil Dorfsman
Tempo: 47’21” (vinil e cassete); 55’07” (compact disc)

Músicas:

1. So Far Away
2. Money For Nothing (Mark Knopfler/Sting)
3. Walk Of Life
4. Your Latest Trick
5. Why Worry
6. Ride Across The River
7. The Man’s Too Strong
8. One World
9. Brothers In Arms

Todas as faixas compostas por Mark Knopfler, exceto a #2.