Saudosas pequenas – AGS, parte IV (final)
RIO DE JANEIRO – As terríveis dificuldades financeiras que assolavam a AGS não impediram o proprietário Cyril de Rouvre de tentar, mais uma vez, disputar uma temporada completa de Fórmula 1. A equipe francesa se apresentou para o início do campeonato de 1991 com o mesmo JH25 da temporada anterior, enquanto um novo carro não ficava pronto – se aparecesse dinheiro, é claro.
Com a pintura trocada após a saída da Ted Lapidus como patrocinadora, o JH25 ficou igualmente bonito ‘vestindo’ branco. No começo do ano, Gabriele Tarquini teve a companhia do veterano sueco Stefan Johansson, de 34 anos, que pulava de galho em galho ainda mantendo boas relações com as equipes da categoria. Afinal, eram tempos em que a experiência e um currículo vasto na Fórmula 1 ajudavam. Johansson tinha guiado para Ferrari e McLaren e, na teoria, ele poderia ajudar.
Mas sem grana, nem os santos ajudariam a AGS a sair da pindaíba. Mesmo assim, com tantas dificuldades, Tarquini se qualificou com o velho carro em Phoenix e no Brasil. Nas ruas do Arizona, o italiano ainda chegou em 8º lugar ao fim da prova, mas bateu logo na primeira volta em Interlagos. Fora de ambas as corridas, Johansson foi dar uma forcinha a outra equipe que vinha muito mal – a Footwork – e a partir de San Marino seu lugar foi ocupado por outro italiano, Fabrizio Barbazza.
Nesta altura, De Rouvre já tinha caído fora da equipe: vendera a AGS para dois italianos, Gabriele Rafanelli e Patrizio Cantú, que cacifaram a permanência de seus compatriotas no time de Gonfaron.
A mudança de piloto no segundo carro não deu certo: Barbazza também não se qualificava para nenhuma corrida e Tarquini, num esforço memorável, ainda conseguiu a vigésima posição no grid do GP de Mônaco, abandonando logo no início por um problema de câmbio. Ninguém podia prever – ou talvez previssem – que aquela foi a última aparição de um AGS numa corrida de Fórmula 1.
No início da chamada ‘temporada europeia’, após as corridas do Canadá e do México, a AGS trocou a pintura branca por dois matizes diferentes de azul com faixas laranja e vermelha e uma versão modificada do JH25 foi lançada: o JH25B também não resultou em nada muito melhor e a partir do GP da Alemanha, os dois pilotos tiveram que passar pela pré-qualificação, da qual a AGS até aquela corrida estava fora. A pindaíba era tanta que o time dispunha de apenas três motores por fim de semana – mas, mesmo assim, o suíço Heini Mader deu crédito à equipe e manteve as revisões dos mesmos.
Daí em diante ficou cada vez mais impossível ver um dos pilotos avançar até para os treinos classificatórios. O último suspiro foi o lançamento do JH27, contribuição final de Christian Vanderpleyn para o time, ajudado por Mario Tolentino, ex-Eurobrun. Tudo o que a equipe tinha foi investido no carro novo e os motores Ford Cosworth DFR também não tinham a potência necessária para ajudar a AGS a melhorar sua situação praticamente falimentar.
Após não se qualificar no GP de Portugal, Gabriele Tarquini saiu do time e foi para a Fondmetal, no que pareceu uma troca direta com o time italiano, pois o francês Olivier Grouillard, que ocupava o cockpit do carro #14, passou a dar expediente na AGS. E foi só por uma vez: o GP da Espanha foi o último onde se viu a equipe num paddock da Fórmula 1. Nem Barbazza, muito menos Grouillard, avançaram aos treinos classificatórios. Rafanelli e Cantú sentiram que era o momento de fechar as portas e foi o que aconteceu.
Com um total de 47 GPs disputados e apenas dois pontos somados em toda sua existência, a Automobiles Gonfaronaises Sportives deixava as pistas para ficar na saudade dos que admiram o esforço e o desprendimento dos valentes construtores que pereceram na Fórmula 1.
Eu achava essa AGS JH25 branca um dos carros mais bonitos da temporada 1991… Bem dificíl imaginar nos dias de hoje, na verdade impossível, equipes com tão pouco dinheiro, mas com alguns resultados na raça como conseguiu a AGS.
Belíssima história !
Esse JH 25branco realmente era lindo.Agora o Moreno e o Tarquini eram grandes pilotos, pena que nunca tiveram chances em equipes descentes ( a excessão de Moreno na Benetton).
Falta comentar que a AGS existe até hoje, e da cursos e voltas em carros de corrida (até F1), AGSformule1.com
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