Saudosas pequenas – Arrows, parte XII

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Tora Takagi, esse legítimo sucessor de Ukyo Katayama…

RIO DE JANEIRO – Sem sua dupla de 1998, Pedro Paulo Diniz – que foi para a Sauber e Mika Salo – à disposição de outras escuderias como piloto-reserva, a Arrows e Tom Walkinshaw buscaram outras alternativas para manter a equipe no Mundial de Fórmula 1 em 1999. A reboque da contratação do espanhol Pedro de la Rosa, então com 28 anos, veio o contrato de patrocínio com a Repsol. O dirigente fechou também um acordo com um misterioso príncipe nigeriano, chamado Malik Ado Ibrahim, que levaria parte da verba com um energético chamado T-Minus. Tora Takagi, vindo da Tyrrell, fecharia a conta do orçamento com a grana da PIAA.

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Até que Pedro de la Rosa estreou marcando ponto. Depois…

Mike Coughlan desenhou o modelo A20, que recebeu novamente o motor Hart V10, pelo qual Walkinshaw pagava para o direito de rebatizá-lo com o nome da equipe. O carro tinha clara inspiração no A19 do ano anterior e a temporada começou bem: no GP da Austrália, de la Rosa marcou um pontinho logo na estreia e Takagi foi sétimo.

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Walkinshaw tinha um ‘sócio’, o ‘príncipe’ nigeriano Malik Ado Ibrahim, que o deixou em maus lençois…

No correr do campeonato, todavia, as relações entre Walkinshaw e o príncipe nigeriano se deterioraram. O dinheiro prometido jamais chegou e com essa ‘pernada’, a Arrows começou a perder terreno no pelotão das equipes de fundo do grid e até a Minardi superou-a em várias corridas. Nos GPs da Itália e da Europa, de la Rosa e Takagi tiveram que largar juntos na última fila, num claro sinal de que mais nada havia a ser feito para melhorar o quadro irreversível de ruindade da equipe em 1999.

O jeito foi terminar a temporada como dava e a Arrows, já planejando 2000, terminou com um único ponto somado – o pior desempenho da história do time desde 1991, quando não marcaram nada e ainda se chamaram Footwork.

Para a temporada seguinte, por interferência de Flavio Briatore, os motores Renault V10 rebatizados primeiro com o nome de Mecachrome e que viraram Supertec – uma empresa criada pelo esperto italiano – foram para Walkinshaw e a Arrows. A equipe não tinha nenhum patrocínio garantido, exceto uma verba da Repsol por via de Pedro de la Rosa. E, raposa velha que era, Tom usou de um expediente muito comum no automobilismo para chamar a atenção de sua escuderia.

Nos testes da pré-temporada, realizados na Europa, seu novo carro, o A21, concebido por Mike Coughlan com assessoria do criativo engenheiro de origem iraniana Eghbal Hamidy, era um foguete. Ninguém acreditava no que via, mas ficava claro que ou o A21 andava totalmente abaixo do peso ou com pouquíssimo combustível, para atrair patrocinadores.

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Laranja mecânica: a Arrows veio com Jos Verstappen e o patrocínio da Orange em 2000

A artimanha deu certo: vieram a Orange, companhia de telefonia e a Eurobet, além da Lost Boys. E um novo piloto, Jos Verstappen, que não havia guiado para ninguém na Fórmula 1 no ano anterior.

O carro da Arrows realmente era bom – muito melhor que o A20, sem nenhuma dúvida, mas não a sumidade que os treinos fizeram supor. Claro que os resultados em qualificação foram medianos em sua grande maioria, à exceção de um 5º posto no grid obtido por Pedro de la Rosa em Hockenheim. No geral, faltou confiabilidade durante todo o ano, especialmente no que tangia ao câmbio. E sobraram acidentes, também, que minaram o desempenho de ambos os pilotos.

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Em seu velho estilo suicida, “Jos The Boss” ainda fez um 4º lugar no GP da Itália

Verstappen, no seu conhecido estilo “vai ou racha”, quando punha juízo na cabeça, andava bem. O holandês fez um excelente 5º lugar no GP do Canadá, guiando de forma espetacular sob chuva. E em Monza, na Itália, sem nenhuma pressão aerodinâmica, conseguiu atingir 363 km/h de final com seu carro. Acabou também muito bem ao fim daquela corrida. Foi 4º colocado, após andar em terceiro entre a 16ª e a 20ª volta e também entre a 24ª e a 32ª passagem. Após seu único pit stop, o holandês passou de passagem por Ricardo Zonta, Alex Wurz e Giancarlo Fisichella, para fazer sua melhor corrida na Fórmula 1.

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Pedro de la Rosa conseguiu um 5º posto em qualificação com o A21, em Hockenheim, pista em que somou um de seus dois pontos no campeonato

Nessa mesma corrida de 2000, Pedro de la Rosa se envolveu numa colisão que acabou com a morte de um fiscal de pista, Paolo Gislimberti. Em corrida, ele colecionou tantos azares quanto Verstappen e seus únicos pontos vieram de dois 6ºs lugares, ambos na Alemanha: no GP da Europa, em Nürburgring e em Hockenheim.

Amanhã, a 13ª e última parte da história da Arrows na Fórmula 1, com as últimas ‘peripécias’ de Tom Walkinshaw como dono de equipe na categoria máxima.

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