Jacques Nicolet: “Teremos um LMP1 em 2014”

RIO DE JANEIRO – Participante ativa há alguns anos das competições da Le Mans Series, das 24 Horas de Le Mans e agora do WEC, a OAK Racing abriu mão de disputar a temporada 2013 do Mundial de Endurance na classe LMP1, concentrando esforços para a construção de um novo carro dentro do regulamento que vigorará a partir de 2014. Mas a equipe francesa segue na competição: terão dois Morgan Nissan LMP2 a tempo inteiro no WEC e um terceiro carro deve ser inscrito no ELMS – além de já estar confirmado nas 24 Horas de Le Mans.

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Em entrevista publicada pelo site Endurance-info.com, Jacques Nicolet falou ao jornalista Laurent Chauveau sobre os planos do time, o futuro da LMP2, o novo LMP1 e outros assuntos. Confiram.

Laurent Chauveau – Jacques, você mantém sua presença com dois Morgan inscritos pela sua OAK Racing, logo num certame que não oferece  títulos de campeã entre os construtores?

Jacques Nicolet – É verdade. Mas, na minha opinião, seria normal que a LMP2 tivesse a possibilidade de oferecer um título de Campeão do Mundo para os construtores. Mas deixemos o tempo seguir seu curso. O campeonato ainda é jovem. Isto pode até acontecer um dia e o esforço que  é necessário para disputar um campeonato como este é até maior do que um simples troféu.

LC – Quais são as alterações feitas durante o inverno para o LMP2 que vai competir neste ano de 2013?

JN – .Nós descobrimos os pontos fracos do motor em relação ao nosso carro. A partir do momento em que instalamos o motor Nissan V8, que por sinal é muito competitivo, sofremos de alguns problemas técnicos, que já foram sanados. Quando olharmos para o que nos aconteceu em 2012, de forma clara, veremos que perdemos várias corridas na confiabilidade. É sobre este ponto que focamos os nossos trabalhos no inverno.

LC – Neste ano, Eric Bachelart e a Conquest Racing não seguem com vocês, mas um de seus carros foi vendido para o Oriente. Como foi isso?

JN – Com Eric Bachelart, foi tudo tardio e a nossa parceria revelou-se um pouco complicada. A KCMG, a equipe do Oriente, comprou-nos um carro. É muito importante para nós porque nos permite fincar um pé no mercado asiático, especialmente na Asian Le Mans Series. Então, vamos apoiar esta equipe muito de perto e também dar toda a assistência possível a eles durante as 24 Horas de Le Mans. O fato de que o ACO aceitou esta equipe dá uma forte indicação do desafio que o Asian Le Mans Series representa.

LC – Você abandonou a LMP1 para 2013?

JN – Sim. E nos arrependemos desta decisão. Só que nós somos uma equipe particular e a situação é difícil para todo mundo. Imagine o malabarismo que é cuidar de uma equipe com dois protótipos LMP2 e ainda conceber de A a Z um novo LMP1 integrado para o regulamento técnico que vai entrar em vigor em 2014! Ano passado, fizemos um enorme esforço para nos manter competitivos. Mudamos os motores de ambos os carros no meio da temporada. Para uma equipe particular, é uma grande carga de trabalho.

LC – O novo carro já está em fase de construção?

JN – Ainda não. A parte mecânica ainda não começou, mas estamos bem avançados neste estudo. Mais da metade do orçamento previsto para o desenvolvimento já foi gasto. Estamos na fase das maquetes e do túnel de vento. Estamos identificando quais são as opções possíveis de construção do nosso novo carro.

LC – Como um construtor particular, qual sua opinião sobre o regulamento presente da LMP1, onde para ser competitivo e eficiente um sistema híbrido se torna obrigatório, aumentando assim os custos?

JN – Penso que para nós, o caminho é muito mais difícil. Teríamos que depender de uma parceria técnica para poder desenvolver o sistema híbrido. Não poderíamos fugir desta alternativa.

LC – Haverá a possibilidade de comercialização do seu novo LMP1?

JN – É muito cedo para dizer isso. Pode haver muitos modelos possíveis. Por agora, estamos focados na eficácia futura do carro e depois vamos pensar nas opções disponíveis.

LC – Como você avalia a fusão Grand-AM/ALMS e quais as implicações para você enquanto construtor de LMP2?

JN – Claramente existe uma incerteza sobre o que vai acontecer com a LMP2 nessa nova série, tanto que praticamente não haverá carro algum da categoria na ALMS neste ano. Mais do que saber o preço de venda de um carro, uma equipe precisa se decidir entre um LMP2 e um DP. E hoje, ninguém sabe como será a relação de competitividade entre as duas categorias. Pergunto eu: haverá equivalência entre os dois modelos? A LMP2 será ligeiramente favorecida? Ou será o contrário? Além disso, a LMPC não é uma competição bem estabelecida e isso não constitui num caminho fácil para as equipes. Fica claro que o regulamento de 2014 não joga a favor nem da LMP2 e muito menos da LMPC, pelo menos na minha opinião.

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