Saudosas pequenas – Ensign, parte I

RIO DE JANEIRO – Chegou a vez de uma equipe britânica que nasceu do idealismo de um antigo piloto ser retratada na série das Saudosas pequenas. A Ensign foi uma escuderia que permaneceu na categoria máxima por dez temporadas e foi integrante quase que cativa da chamada “turma do fundão”.

3012798111_9edbed5b93_z

Seu fundador é Morris “Mo” Nunn, que entre 1963 e 1969 foi um razoável piloto de Fórmula 3 que disputou diversas corridas na Inglaterra, inclusive como rival de Emerson Fittipaldi no ano em que o brasileiro foi campeão – e olha que Nunn era piloto do Team Lotus, ao lado de Roy Pike e Emerson, num carro de uma equipe particular, de Jim Russell, derrotou ambos com grande facilidade.

ensign11Aos 32 anos, Nunn deixou as pistas e passou – ele próprio – a construir seus próprios carros. Logicamente, começou pela Fórmula 3, com o primeiro modelo Ensign, o LNF1, construído em fins de 1970 e que estreou em 1971 com Bev Bond ao volante.

opelsmall

Esse carro pararia nas mãos de David Purley no ano seguinte, quando o LNF3, segundo carro construído pelo ex-piloto e agora engenheiro, foi produzido para atender os pilotos Mike Walker e Rikki Von Opel. Este último, nascido em Nova York, nos EUA, corria com a bandeira do Liechtenstein, um microestado europeu encravado entre a Áustria e a Suíça.

Pois foi o piloto do Liechtenstein quem venceu um dos três torneios da Fórmula 3 inglesa em 1972 – os outros dois foram vencidos por Roger Williamson, com um GRD – a bordo de um Ensign Ford Vegantune. Por conta do título, Von Opel cacifou a passagem de “Mo” Nunn para a Fórmula 1, em 1973.

9233856_orig

A estreia da Ensign aconteceu no GP da França, em Paul Ricard, após o time falhar em três tentativas anteriores. O modelo N173, desenhado pelo próprio Morris Nunn, não era nenhuma maravilha. Só de andar e largar, já merecia o registro.

Von Opel largou em 25º na sua corrida de estreia, terminando em 15º lugar. Em Silverstone, ele conseguiu não se envolver na colisão monstro provocada por Jody Scheckter na curva Woodcote e levou o carro de novo até o final: 13º colocado.

73f1zandvoortvonopeleu0

Em Zandvoort, um progresso impressionante: o piloto fez o 14º tempo no grid, mas acabou não participando da corrida, por um defeito na suspensão do Ensign N173. Von Opel ainda apareceria em mais quatro corridas até o fim do campeonato – Áustria, Itália, Canadá e EUA – onde só conseguiu terminar em Mosport, em décimo-oitavo, a doze voltas do vencedor – sem receber classificação.

Rikki continuaria na equipe no início do Mundial de 1974, onde a Ensign disputaria seu primeiro ano completo na Fórmula 1. Após se qualificar em último e não completar o GP da Argentina, Von Opel deixou a equipe. Morris Nunn ficou fora de três corridas e voltou no GP da Bélgica com um novo piloto, o australiano Vern Schuppan, com 31 anos na época.

1974vernschuppanensignaah9

Logo na estreia, ele conseguiu o 14º lugar no grid em Nivelles, mas só chegou em décimo-quinto ao fim da corrida. Em Mônaco, bateu logo na primeira volta e nas corridas seguintes – Suécia e Holanda – duas desqualificações: em Anderstorp, Schuppan nem deveria ter largado, pois alinhou em 26º esperando alguém quebrar – o que não aconteceu; e em Zandvoort, uma troca de rodas fora do pitlane ocasionou a eliminação de piloto e equipe daquela corrida.

Schuppan não se classificaria nos GPs da França e Inglaterra, voltando a competir na Alemanha, em Nürburgring, onde o câmbio do N174 quebrou. Entretanto, foi a última corrida do australiano pelo time, pois Morris Nunn resolveu dar uma chance a Mike Wilds, britânico de 28 anos.

ensign-f1-mike-wilds-us-gp-1974-213-p

Inexperiente, Wilds não conseguiu qualificação em três corridas seguidas – Áustria, Itália e Canadá. Mas obteve êxito em Watkins Glen e estreou na Fórmula 1 no GP dos EUA, a última corrida do campeonato de 1974. Wilds largou em 22º e esteve em úiltimo – ou entre os últimos, até terminar em 14º lugar, nove voltas atrasado em relação a Carlos Reutemann e sem direito a classificação.

Amanhã, as histórias da Ensign nos campeonatos de 1975 e 1976.

Comentários