Saudosas pequenas – Scuderia Italia, parte II

RIO DE JANEIRO – A temporada de 1989 prometia bastante para a Scuderia Italia. Em seu segundo ano na Fórmula 1, a equipe italiana ampliava suas operações para dois carros Dallara, projetados por Gian Paolo Dallara e Mario Tolentino. O time de Beppe Lucchini manteve Alex Caffi sob contrato e trouxe o experiente Andrea De Cesaris, veloz, porém propenso a bobagens cometidas num piscar de olhos.

Com sua pintura vermelha, o bonito Dallara 189 parecia uma Ferrari cover quando apresentado. No começo do ano, Caffi teria que passar pela pré-qualificação, pois não pontuara no ano anterior. Não foi o caso do companheiro de equipe, que largou em Jacarepaguá e chegou em 13º, mesmo com uma quebra mecânica no fim da disputa.

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A partir do GP de San Marino, Caffi começou a dar trabalho a Andrea De Cesaris, pois foi mais rápido na qualificação e na corrida de Imola, onde chegou em sétimo, enquanto Andrea era o décimo. Em Mônaco, os dois tiveram ótimo desempenho: Caffi chegou em quarto, numa corrida perfeita. E De Cesaris, que veio de 10º, alcançou também a quarta posição na altura da 33ª volta. Quando aconteceu a cena do vídeo abaixo…

Tentem imaginar o nível do “diálogo”, digno de autênticos domingueiros do trânsito cotidiano. 

Efetivamente, o acidente deixou De Cesaris muito irritado com Nelson Piquet e os dois ficaram sem se falar por algum tempo – e os dois eram, de fato, amigos. Mas num teste durante a temporada, o tricampeão quebrou o gelo.

“Nossa amizade vale muito mais do que os três pontos que você poderia marcar”. E Piquet sapecou um beijo no rosto do italiano. A paz estava selada.

Porém, se De Cesaris ficou com raiva de Piquet em Mônaco, imaginem o que aconteceu em Phoenix, quando o piloto do carro #22 deu uma fechada NO PRÓPRIO COMPANHEIRO DE EQUIPE, quando era – além de retardatário – o décimo colocado?

Detalhe: Caffi vinha em 5º na 53ª volta do GP dos EUA e chegara a ser segundo colocado após o abandono de Ayrton Senna. O incidente pode ser visto aos 3:10 do vídeo abaixo.

Dispostos a fazer justiça com as próprias mãos, os mecânicos de Alex Caffi esperaram De Cesaris, que abandonou com um problema de bomba de combustível na 71ª volta, quando vinha em quinto, para dar umas boas porradas no piloto do carro #22 e, quem sabe, colocar o juízo do italiano no seu devido lugar. Prudentemente, De Cesaris fugiu para o boxe vizinho, dos velhos conhecidos da Minardi, antes que as coisas definitivamente se acalmassem.

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O clima permaneceu pesado até o GP do Canadá, quando De Cesaris fez uma corrida soberba no molhado e foi 3º no aguaceiro de Montreal, atrás apenas de Thierry Boutsen e Riccardo Patrese. Alex Caffi, após alguns percalços, ainda chegou em sexto. E o ambiente melhorou um pouco.

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Só que a partir daí, quando a equipe já tinha oito pontos somados no Mundial de Construtores, as coisas pioraram: nos circuitos velozes, o Dallara 189 não acompanhava o ritmo dos adversários. De Cesaris ficou de fora do GP da França em Paul Ricard, largou em penúltimo em Silverstone e chegou em 7º na Alemanha. Caffi largou em útlimo em Paul Ricard, não se pré-qualificou em Silverstone e abandonou em Hockenheim.

O desempenho da Scuderia Italia também era muito dependente dos pneus Pirelli, que só renderiam bem nos circuitos de média/baixa velocidade. Como em Hungaroring, onde Caffi foi um soberbo 3º colocado na qualificação e na corrida, os pneus não corresponderam ao desempenho. O piloto chegou em sétimo lugar.

Nas corridas finais, Caffi só voltaria a se destacar no treino do GP de Portugal e De Cesaris fez um 7º posto em Jerez de la Frontera. E foi só. Vários problemas de motor e alguns acidentes atrapalharam a performance dos dois pilotos e a segunda metade da temporada foi muito abaixo do que as primeiras corridas podiam parecer supor.

Amanhã, o blog traz a terceira parte da trajetória da Scuderia Italia na série.

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