Saudosas pequenas – Theodore, parte III (final)

RIO DE JANEIRO – Em 1983, a Theodore Racing absorveu a parte técnica da Ensign, após um acordo com Morris “Mo” Nunn. Por isso, o N183, novo carro do time de Teddy Yip, guardava grandes semelhanças com o Ensign N181 – afinal de contas, seu desenhista era Nigel Bennett, que vinha trabalhando para Nunn.

O primeiro carro de fundo plano do time de Hong Kong seria guiado pelo colombiano Roberto Guerrero, graças ao valioso apoio do Cafe de Colombia e por outro sul-americano, lenda do motociclismo que chegava à Fórmula 1: o venezuelano Johnny Cecotto.

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No Brasil, em Jacarepaguá, os dois se classificaram com tranquilidade no meio do pelotão. Cecotto terminou sua prova de estreia em 14º e Guerrero, fora do número mínimo de voltas exigido em relação ao vencedor, não foi classificado. Em Long Beach, surpresa: Cecotto conseguiu, logo em sua segunda corrida, um 6º lugar.

Até Mônaco, quando ambos ficaram de fora do grid, os dois pilotos vinham se classificando frequentemente, com Guerrero, mais experiente, normalmente à frente de Cecotto. Em Detroit, por exemplo, o colombiano classificou o Theodore na 6ª fila do grid. O venezuelano alinhou em último. E foi assim até o GP da Inglaterra, em Silverstone, quando Cecotto não se classificou.

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O venezuelano voltaria a falhar a qualificação em mais duas provas – Áustria e Holanda – mas quando largava e chegava ao fim, dava trabalho a Guerrero. Só que a equipe, assim como a poderosa Williams e outros times medianos como Tyrrell, Arrows e Ligier, corriam com os motores Ford Cosworth DFY V8, cada vez mais defasados em relação aos propulsores turbocomprimidos da maioria das equipes.

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Em Brands Hatch, a situação caminhava para o fim: Cecotto não foi escalado para a corrida e Roberto Guerrero alinhou o único carro do time no GP da Europa, terminando em 12º lugar, a uma volta do vencedor Nelson Piquet. Teddy Yip decidiu não viajar para a África do Sul e assim a trajetória da Theodore Racing na Fórmula 1 foi encerrada após 33 GPs disputados e somente dois pontinhos no Mundial de Construtores.

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Enquanto Yip continuou envolvido com a promoção do GP de Macau até o fim da vida, alguns Theodore foram adaptados para carro de Fórmula Indy. A Bignotti-Cotter Racing teve dois carros no início do campeonato de 1983, para Tom Sneva e Kevin Cogan, trocando após isto para os modelos March 83C. Em 1984, o britânico Jim Crawford foi 4º colocado em Long Beach. Depois disto, o piloto não se qualificaria nas 500 Milhas de Indianápolis e foi 21º em Meadowlands – uma trajetória tão efêmera quanto a passagem da Theodore Racing pela Fórmula 1.

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O brasileiro Chico Serra foi o responsável pela última aparição de um chassi Theodore nas pistas. Ele fez sua única corrida de Fórmula Indy no GP de Portland em 1985, classificando em 26º num grid de vinte e oito carros, para terminar na vigésima-quinta colocação.

Teddy Yip morreria em 11 de julho de 2003, aos 96 anos de idade e a notícia do seu passamento foi extensamente noticiada nas televisões, rádios e mídias impressas do Sudoeste asiático.

Durante o carnaval, como o blogueiro não é de ferro, a série Saudosas Pequenas será interrompida por alguns dias. Voltará na quarta ou quinta-feira, com uma “nova” velha escuderia e suas histórias na F-1.

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