Discos eternos – The dark side of the moon (1973)

Dark_Side_of_the_Moon_Desktop_by_ezsteveRIO DE JANEIRO – Existem músicas e discos que, mais o tempo passa, melhor ficam e não envelhecem. Um desses álbuns cuja concepção completou 40 anos encaixa-se perfeitamente nessa descrição. E não podia ser outro que não The Dark Side of the Moon.

O oitavo disco do grupo britânico Pink Floyd é também o trabalho que marca a ruptura, a virada da banda para um novo caminho em termos de proposta musical. As ideias nasceram na turnê do disco Meddle, de 1970, e todo mundo contribuiu na criação de músicas novas, que marcassem a nova identidade do PF, dissociando o grupo dos tempos em que Syd Barrett dava as cartas.

Entre maio de 1972 e janeiro de 1973, Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason gravaram o disco no lendário estúdio londrino Abbey Road, o mesmo dos Beatles. Com a ajuda do engenheiro de som Alan Parsons, que mais tarde se inspiraria neste álbum e no Pink Floyd para ele mesmo fundar seu próprio grupo de rock progressivo, The Alan Parsons Project, os rapazes ‘cometeram’ canções que entraram para a história.

Quem nunca ouviu “Time” num quarto escuro, na calada da madrugada, esperando o efeito sonoro que marca a abertura da faixa? Quem nunca se emocionou com o lindo vocal de Clare Torry em “The Great Gig In The Sky”? Quem nunca cantou “Money” diversas vezes de ponta a ponta? E quem nunca deixou de curtir a ‘viagem’ de “Breathe” ou a de “Us And Them”? São só alguns claros exemplos do quanto The Dark Side of the Moon, passadas quatro décadas, ainda tem muito valor.

A capa, maravilhosa, foi cortesia do estúdio de design Hypgnosis. Com o característico fundo escuro, foi desenhado um prisma atingido por um feixe de luz, transformado em arco-íris, tornou-se uma das mais conhecidas da história do rock.

Uma lenda recorrente sobre o disco do Pink Floyd remete ao filme O Mágico de Oz, estrelado por Judy Garland e produzido no longínquo ano de 1939. Quem pôs em simultâneo o filme e o álbum tocando juntos descobriu algumas semelhanças. Ei-las:

Quando Dorothy cai de cima do cercado em que está se equilibrando, inicia-se a música “On the run” indicando o momento de suspense. Na seqüência a avó de Dorothy aparece conversando, e neste momento é possível ouvir uma voz feminina de fundo na mesma música.

Quando Dorothy está na fazenda e ela olha para o alto, no audio surge barulho de avião.

Quando a bruxa está chegando de bicicleta para raptar o cachorro de Dororthy, começam a tocar os sinos da música “Time”, análogo aos toques de campainhas de bicicletas.

Em seguida a bruxa estaciona a bicicleta no cercado da casa de Dorothy e, enquanto está parada do no portão, o avô de Dorothy bate com o portão por trás da bruxa. Quando o álbum e o filme estão exatamente sincronizados, nesta batida do portão é tocada a primeira nota da música “Time”.

Quando é cantada a frase “Home, home again”, em “Breathe (Reprise)”, o cachorro de Dorothy entra pela janela do seu quarto, após fugir da bruxa.

A música “The great gig in the sky” é tocada no momento de suspense do filme, onde um tornado aproxima-se à casa. É possível perceber os três tempos da música em sincronia com as cenas de suspense, as cenas de sonho/desmaio e com as cenas de calmaria.

O som da caixa registradora no princípio de “Money” aparece exatamente quando Dorothy pisa pela primeira vez a estrada dos tijolos amarelos; que é também o momento em que o filme passa de preto e branco para cores. Outra referência é a aparição da fada dourada.

No momento em que a bruxa do Oeste aparece, é tocada a palavra “black”

A cena em que Dorothy encontra o espantalho (personagem que alegava não ter cérebro) é acompanhada pela música “Brain Damage”, e quando a letra da música começa a tocar: “the lunatic is in my head…”, o espantalho inicia a dançar freneticamente como um lunático.

O bater de coração no fim do álbum ocorre quando Dorothy tenta ouvir o coração do homem de lata.

No momento em que a bruxa do oeste lança uma bola de fogo contra Dorothy e seus companheiros, a música grita “run!”.

No momento que Dorothy encontra Oz, entra a música “Us and Them”, soando Us como Oz bem quando aparece a primeira imagem de Oz.

Várias frases das letras contidas nas músicas coincidem com os mesmos atos sendo executados pelos atores no mesmo momento.

A duração da maioria das músicas coincide precisamente com a duração das cenas no filme.

Os integrantes do grupo juraram de pés juntos que era coincidência. Pensando bem, pode ser mesmo: em 72/73 não havia ainda os vídeocassetes. Como eles conseguiriam reproduzir com tamanha fidelidade suas músicas, casando ainda com as cenas de O mágico de Oz? Só por isso, é algo tão histórico quanto folclórico.

The Dark Side of the Moon conseguiu uma façanha digna de registro: foi número #1 da Billboard por três vezes, em décadas diferentes. A primeira, claro, nos anos 70. Depois, em 1994 e por fim em 2003, trinta anos após seu lançamento. Até 1998, o disco tinha atingido, só nos EUA, a casa de 15 milhões de cópias vendidas. E durante 15 anos, figurou nas paradas de sucesso: 741 semanas no total.

Coisa para poucos, para únicos, para o Pink Floyd.

Ficha técnica de The Dark Side of the Moon
Selo: Harvest/Capitol/PolyGram/Universal Music
Gravado nos estúdios Abbey Road, em Londres, entre maio de 1972 e janeiro de 1973
Produção de Pink Floyd
Tempo: 42’59”

Músicas:

1. Speak To Me (Nick Mason)
2. Breathe (Roger Waters/David Gilmour/Richard Wright)
3. On The Run (David Gilmour/Roger Waters)
4. Time [Breathe (Reprise)] (Roger Waters/David Gilmour/Richard Wright/Nick Mason
5. The Great Gig in the Sky (Richard Wright/Claire Torry)
6. Money (Roger Waters)
7. Us and Them (Roger Waters/Richard Wright)
8. Any Colour You Like (David Gilmour/Richard Wright/Nick Mason
9. Brain Damage (Roger Waters)
10. Eclipse (Roger Waters)

Comentários

  • hoje temos tecnologia para fazer tudo,Ex. um filme do Hulk atual não chega aos pés do Hulk verdadeiro,o atual só tem tecno,naquele tempo era tudo digamos feito a mão,mesma coisa é esse disco,na atualidade,quem vai fazer algo semelhante?