FIA WEC, treinos coletivos dia #1 – Rebellion domina

RIO DE JANEIRO – Após o European Le Mans Series, entrou em ação para dois dias de ensaios a turma do FIA World Endurance Championship (WEC), no circuito de Paul Ricard. Com 20 carros presentes e dezenove andando na maioria das sessões – houve menos participantes no treino noturno – a Rebellion aproveitou-se da ausência de Audi e Toyota, que vão testar em outros circuitos, para registrar o melhor tempo do primeiro dia.

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Com o carro #12 do time helvético, Nicolas Prost e Neel Jani foram os mais velozes nas três sessões. Logo de manhã, rodaram em 1’44″862, baixando para 1’44″419 à tarde – tempo que acabou como o melhor do dia, meio segundo acima do HPD ARX-03c da Strakka Racing. O protótipo da Rebellion, inclusive, apareceu em Paul Ricard com uma nova asa traseira, idêntica a do Toyota TS030 Hybrid ano passado e que a Audi usou no carro #2 nas 12h de Sebring, há algumas semanas.

“Eu não posso dizer com certeza quanta diferença isso fez, porque Neel fez a volta mais rápida de todo o teste”, explicou Nico Prost. “Mas nós vimos os ganhos que esperavam ver na coleta de dados, o que é ótimo. Com as mudanças, o carro se portou um pouco melhor, mas ainda temos um ligeiro problema de equilíbrio”, comentou o piloto francês, filho do tetracampeão mundial de Fórmula 1 Alain Prost.

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Na LMP2, a melhor marca foi do carro #26, com o brand da marca russa G-Drive, do grupo Gazprom, guiado por Mike Conway, John Martin e Roman Rusinov, em 1’48″064. Este carro andou o tempo todo com pneus Michelin – e no segundo treino, bem no início de um stint de voltas rápidas, Rusinov bateu na Courbe des Signes. O carro ficou danificado e não regressou mais à pista – ficando de fora inclusive dos ensaios noturnos.

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O carro #25, da Delta-ADR, equipe parceira da G-Drive e da Nissan para 2013, foi ‘calçado’ com Dunlop e teve entre os pilotos o brasileiro Antonio Pizzonia, confirmado ao volante do bólido para as 6 Horas de Silverstone, dia 14 de abril. O Jungle Boy dividiu os trabalhos com o tailandês Tor Graves e o venezuelano Rodolfo Gonzalez, chamado para colaborar com o time. Foi Pizzonia quem estabeleceu o melhor tempo do carro e o segundo da LMP2, em 1’48″577, à tarde.

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No treino noturno, o Morgan LMP2 Nissan de Alex Brundle/Olivier Pla, inscrito pela escuderia francesa OAK Racing, foi o mais veloz na casa de 1’50″457, apenas 0″015 abaixo do #25 da Delta-ADR e mais de um segundo melhor que o #49 da Pecom Racing, partilhado por Luis Perez Companc/Pierre Kaffer/Nicolas Minassian.

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O paddock de Paul Ricard assistiu hoje também à primeira aparição do mais novo protótipo da classe LMP2. O Lotus T128 da equipe Kodewa, de Romulus e Colin Kölles foi uma das grandes atrações dos treinos coletivos do WEC, mas praticamente não andou.

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O velho Lola B12/80 usado no ano passado reapareceu para que a equipe pudesse dar tempo de pista aos menos experientes pilotos do lote – o estadunidense Kevin Weeda e o alemão Thomas Josef Holzer, além dos novos contratados, o austríaco Dominik Kraihamer e o tcheco Jan Charouz, que acertou hoje seu ingresso na Kodewa para toda a temporada.

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Com apenas dois carros inscritos, a LMGTE-PRO teve a estreia oficial do novo Porsche 911 (991) GT3 RSR. Após um início tímido na sessão matinal, o único carro da marca de Stuttgart mostrou a que veio na parte da tarde: o #91 revezado por Jörg Bergmeister/Patrick Pilet/Timo Bernhard ficou a milésimos da Ferrari #71 da AF Corse e no treino noturno, superou o carro do construtor italiano.

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Nos lados da AF Corse, a novidade foi Kamui Kobayashi, que também realizou hoje seus primeiros ensaios oficiais como piloto do time de Amato Ferrari no WEC. Koba já havia andado com a Ferrari F458 em Vallelunga, mas desta vez a dinâmica foi totalmente diferente. E de cara o nipônico se impressionou com a diferença entre seu carro e os protótipos.

“A primeira coisa que tenho a dizer é a grande surpresa que tive com os LMP1 – é uma grande diferença em relação à velocidade de nosso carro”, sorri. “Nos fins de semana haverá ainda mais carros nas pistas, então vamos lutar muito para gerenciar corridas com a nossa classe e menos com outras classes. Essa é a maior surpresa.”

“Treinei antes com este carro em Alcaniz e Vallelunga, mas eu gostaria de poder guiar mais algum tempo no seco. Choveu um pouco de manhã, mas depois tivemos bom tempo, o que foi uma oportunidade para ganharmos um pouco mais de consistência”, comentou.

Kobayashi não dá a mínima para as propaladas diferenças entre conduzir um monoposto e um modelo Grã-Turismo, derivado de um modelo de série.

“A condução é a mesma”, ele dá de ombros. “Você tem que se adaptar às circunstâncias. Inclusive na Fórmula 1, onde você tem que começar com tanque cheio, em torno de 140 a 150 kg de combustível e esta Ferrari carrega apenas 100 kg. Eu realmente acho que com o F-1 que você tem que se adaptar mais. Com este carro, se você quiser alterar as configurações é muito rápido. Na verdade, este carro parece mais fácil”, afiançou.

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Na LMGTE-AM, o melhor tempo foi de outra Ferrari F458, alinhada pela AF Corse e conduzida pelo irlandês Matt Griffin em sua melhor volta. Ele cravou 1’59″422 e efetivamente foi mais rápido que os dois concorrentes da divisão PRO. Esta classe viu a estreia da equipe 8Star Motorsports, do venezuelano Enzo Potolicchio, que conduziu os testes junto ao português Rui Águas e aos recém-chegados Jason Bright (que vai correr as 24h de Le Mans) e Philipp Peter (recrutado para as 6h de Silverstone). O carro laranja (foto abaixo) foi bem, ficando com o 4º tempo.

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O Corvette C6-R #50 da Larbre Competition, onde correrá o brasileiro Fernando Rees ao lado dos franceses Julien Canal e Patrick Bornhauser, completou um total de 96 voltas nas três sessões. Acabaram com o penúltimo tempo do dia, registrado na sessão noturna, em 2’01″139, mais rápido apenas que um dos Porsche 911 (997) GT3 RSR da Proton Competition, que andou com dois carros nesta sexta-feira – um deles, do European Le Mans Series.

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Com a HVM-Status GP ausente, pelo visto, os testes têm sequência amanhã com mais treinos ao longo do dia.

Comentários

  • Considerações:

    – A Rebellion deve levar, mais uma vez, o título entre as equipes terráqueas da LMP1.

    – Esse Pizzonia é bom mesmo. Onde o cara senta vem tempo. Merece uma temporada completa em um campeonato de ponta, como o WEC.

    – A briga na GTE deve ser interessante entre o pessoal da PRO e AM, pelo menos nas primeiras etapas do campeonato, onde os carros das equipes oficiais de fábrica ainda estarão no início do desenvolvimento.

    – Top Speed em 298 km/h para a Rebellion. Esses carros já foram muito mais rápidos. Com uma reta como a que estão usando nesses testes, sem a chicane no meio, é bem provável que um esportivo de rua alcance uma velocidade maior de reta.

    • Alan, na primeira etapa da ELMS em Paul Ricard no ano retrasado, uma das provas preliminares foi com os clássicos carros do Grupo C do final dos anos 80.
      Naquela ocasião um dos Sauber/Mercedes já foi o carro mais rápido em reta do final de semana.

      • Questão de regulamento. Quanto vocês acham que debitava de potência o motor e quanto aquele Grupo C tinha de efeito-solo?