Saudosas pequenas – Embassy Hill, parte I

RIO DE JANEIRO – Em (bons) tempos idos, a Fórmula 1 permitiu que equipes pequenas tivessem a oportunidade de ser clientes, comprando carros de outros construtores até poder ter a chance de produzir os seus próprios bólidos. A escuderia de que vamos falar na série Saudosas Pequenas é uma delas: a Embassy Hill.

Após competir com modelos BRM, Lotus e Brabham entre 1958 e 1972 e conquistar dois títulos mundiais de pilotos em 62 e 68, afora 14 vitórias, 13 pole positions, 10 voltas rápidas em corrida e 36 pódios, o velho Graham, já com 44 anos, resolveu montar sua própria escuderia para disputar o Mundial de Fórmula 1 em 1973. Mesmo com a idade já avançada, o britânico seria patrão e piloto ao mesmo tempo.

O carro escolhido para o primeiro ano da Embassy Hill foi o Shadow DN1. Projeto de Tony Southgate e Dave Wass, marcava a estreia do construtor estadunidense na Fórmula 1. O carro do time oficial tinha Jackie Oliver e George Follmer como pilotos e a Shadow só estreou no GP da África do Sul em Kyalami, saltando Argentina e Brasil. Só no fim de abril é que o terceiro chassi do DN1 ficou pronto para Hill competir.

7312hilldn1cosbel01
Piloto-proprietário aos 44 anos: Graham Hill guia o Shadow DN1 de sua escuderia

Inscrito com o número #25 na corrida realizada no Parc Montjuich, em Barcelona, Graham largou em 22º e abandonou com problemas nos freios. O DN1 deu uma pequena mostra de que tinha potencial, pois logo na segunda corrida do carro, George Follmer chegou em terceiro.

Em Zolder, no GP da Bélgica, a numeração dos carros passou a ser fixa pela primeira vez na história e o número #12 coube à Embassy Hill. Graham partiu de novo entre os últimos e conseguiu a nona posição – seu melhor resultado em 1973.

shadow_DN1
O “Mister Mônaco” acelera na pista em que venceu cinco vezes

Cinco vezes vencedor nas ruas de Monte-Carlo, o Mister Mônaco não foi além da 24ª posição entre vinte e cinco carros no Principado, na terceira corrida dele com o Shadow DN1. Acabou desistindo com uma quebra de suspensão. A ignição traiu o velho Graham na Suécia e ele foi 10º colocado na França.

Graham_Hill_Embassy_Racing_1973_Shadow_DN1_Foto_John_Millar
Hill em Silverstone, preparando-se para o GP da Inglaterra de 1973

No GP “caseiro” em Silverstone, Hill esperava fazer um bom papel. Partiu de novo entre os últimos (27º entre 29 carros) e, com sorte, escapou inteiro da senhora pancada que Jody Scheckter causou e acabou com a carreira do italiano Andrea De Adamich. Sempre zeloso com a questão da segurança dos colegas de profissão, Hill pessoalmente ajudou no resgate de Andrea, que jazia ferido num cockpit banhado de gasolina. Uma faísca, e uma explosão mataria todos à volta do piloto. Felizmente, face à inexperiência dos bombeiros, De Adamich foi retirado dos destroços sem que nada mais sério acontecesse.

Em Zandvoort, Hill daria outra demonstração de zelo ao ajudar no resgate de Emerson Fittipaldi, que sofrera um violento acidente nos treinos com sua Lotus 72D e, com lesões nos pés e tornozelos, também não conseguia sair do cockpit pelos próprios meios. A exemplo do ocorrido com De Adamich, o combustível também vazou, mas uma chave de corte ajudou a tirar o brasileiro das ferragens. Na corrida, marcada pela tragédia com o britânico Roger Williamson, o velho Graham chegou ao fim da disputa mas não recebeu classificação.

r_graham_hill_1973
Foi um ano de poucos resultados positivos para o campeão mundial de 1962 e 1968

Na sequência do campeonato, o britânico foi 13º em Nürburgring, abandonou na Áustria e foi décimo-quarto no GP da Itália. Hill terminaria ainda o confuso GP do Canadá em décimo-sétimo e a corrida final daquele terrível ano de 1973, marcado também pela morte de François Cévert nos treinos do GP dos EUA, em 13º lugar, à frente exatamente de George Follmer e Jackie Oliver, com os DN1 do time UOP Shadow.

Amanhã, a sequência das histórias da Embassy Hill na série.

Comentários

  • Parabéns Rodrigo, fantástico esse seu trabalho sobre as pequenas equipes da F.1. Para quem gosta de automobilismo, deve gostar e torcer por aqueles que também fazem ou fizeram parte do glamouroso circo da Categoria Máxima. Sem eles, nada teria graça neste meio que começa a ficar sem graça.

  • Rodrigo

    Aqui uma pergunta,mas que nada tem a ver com a Embassy Hill,mas com outra equipe já retrada aqui,a Life: porque o Giacomelli tinha aquele adesivo da Leyton House/March na parte da cima da viseira do seu capacete?:

  • Existe miniatura da Corgi Toys, escala 1/36, edições numeradas de 10.000 modelos de cada versão do Shadow DN1 e do Embassy Hill, ambos constantes em minhas prateleiras