Saudosas pequenas – Embassy Hill, parte II

RIO DE JANEIRO – Com a manutenção do patrocínio dos cigarros Embassy, Graham Hill manteve a base técnica para a permanência de sua escuderia na Fórmula 1. Enquanto planejava a aposentadoria definitiva, o veterano britânico ainda tinha que buscar um construtor novo para seus carros, dado o desinteresse dele em continuar como cliente da Shadow.

A solução veio através da Lola, cujo último projeto da categoria máxima na época fora um dos carros da Honda nos anos 60. Andrew Smallman, e não Eric Broadley, como seria de se supor, desenhou o modelo T370, bastante similar aos Fórmula 5000 do construtor de Huntingdon naqueles tempos.

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A tomada de ar do Lola T370 sobressaía mais do que em qualquer outro carro em 1974

Não é por nada não, mas o Lola T370 é, sem sombra de dúvidas, um dos carros mais feios da história do automobilismo. Com uma tomada de ar desproporcional ao bólido, o carro da equipe Embassy Hill realmente chamava a atenção – mas não pelos seus desempenhos, que não eram entusiasmantes.

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Guy Edwards foi um dos pilotos que guiaram o Lola T370

No começo do ano, Hill, que faria 45 anos em 1974, teria como parceiro Guy Edwards, estreante na categoria e com uma curiosidade: fora das pistas, estudava psicologia e exerceu a profissão antes de se tornar um bem sucedido captador de patrocínios para diversos times do automobilismo europeu. Foi ele quem levou para a Jaguar a marca Silk Cut, estampada no XJR-8 de Raul Boesel em 1987.

Voltemos à Embassy Hill, então. O GP da Argentina marcou a estreia do carro, que corria com pneus Firestone. Hill, 17º no grid, abandonou devido a superaquecimento. Edwards fez uma estreia digna e chegou em décimo-primeiro, resultado que Graham alcançaria no GP do Brasil, em Interlagos.

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O velho Graham Hill em sua última temporada completa na Fórmula 1

Em Kyalami, por medida de economia, viajou só um carro para o GP da África do Sul, onde Hill foi 12º colocado. Na Espanha, ele abandonou com problemas de motor e Edwards não competiu. A partir da Bélgica, em Nivelles, o T370 passou por uma fase de boa confiabilidade, sem ainda ser muito competitivo – mas já sem a bizarra tomada de ar das corridas iniciais. A experiência do velho Graham ainda pesava e Edwards aprendia bastante. Em Mônaco, os dois ficaram respectivamente em sétimo e oitavo e em Anderstorp, Hill fez o primeiro ponto da história do time, com Edwards terminando aquela corrida em sétimo.

A temporada parecia engrenar para a Embassy Hill e Edwards vinha cada vez melhor a bordo do carro #27. Porém, o piloto sofreu um acidente às vésperas do GP da Inglaterra, em Brands Hatch. Outro britânico, Peter Gethin, foi chamado e alinhou o T370 em 21º até desistir em razão de problemas físicos.

Subitamente, Edwards não se qualificou para o GP da Alemanha e após isto, pediu para ser dispensado do posto de segundo piloto do time. Graham Hill não se vexou e chamou Rolf Stommelen, que já guiara para a Brabham e Surtees, sem contar o insólito March-Eiffelland, para substitui-lo até o fim do campeonato.

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Um único pontinho foi tudo o que a Embassy-Hill conseguiu

Com um piloto mais experiente a bordo, até que a Embassy Hill experimentou alguma melhora nas etapas derradeiras. Stommelen classificou-se na 7ª fila na Áustria e Itália e foi um bom 11º no grid do GP do Canadá. Mas os bons desempenhos não se traduziram em resultados concretos e o solitário pontinho do velho Graham foi tudo o que a equipe conseguiu em 1974.

Amanhã, a triste e derradeira página da história da Embassy Hill na Fórmula 1.

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