Saudosas pequenas – Minardi, parte XI
RIO DE JANEIRO – Chegou o ano de 2003 e a Minardi entrava em mais um campeonato com uma nova dupla de pilotos. Paul Stoddart trouxe de volta para a categoria o holandês Jos Verstappen, que correra por Benetton, Simtek, Arrows, Tyrrell e Stewart, para formar dupla com o britânico Justin Wilson, estreante na categoria.
Este último chegava à Fórmula 1 com uma característica no mínimo incomum para um piloto de corridas. Com 1,92 metro de estatura, o porte de Wilson era totalmente fora do padrão e por isso várias equipes recusaram tê-lo até como piloto de testes. Mas seu currículo era bom e incluía o título de campeão da Fórmula 3000 em 2001, pela Arden. Stoddart já estava de olho nele no fim daquele mesmo ano, quando Tarso Marques saiu da escuderia – só que a estatura elevada de Wilson assustou o australiano, que em 2003 não hesitou em lhe confiar um carro.
O PS03 foi mais um projeto da dupla Gabriele Tredozi/Loic Bigois, novamente construído dentro das tremendas restrições orçamentárias do time, que correria a temporada com o motor Ford Cosworth CR-3 V10. Sem um equipamento competitivo, não havia outra alternativa à equipe que não terminar dignamente o maior número possível de corridas naquele ano.
Em Melbourne, na abertura da temporada, quando a Fórmula 1 apresentou uma nova regra de qualificação, com uma volta rápida apenas para todos os pilotos inscritos, Verstappen e Wilson não marcaram tempo de qualificação, mas mesmo assim foram autorizados a largar. O holandês chegou ao fim da disputa em 11º. Wilson abandonou com problemas no radiador.
Na Malásia, os dois conseguiram largar à frente de Ralph Firman, da Jordan, e de novo Verstappen conseguiu chegar ao fim, em 13º, enquanto Wilson novamente abandonava. Em Interlagos, num “aquático” GP do Brasil, os dois foram vítimas do aguaceiro do circuito paulistano. Wilson rodou com 15 voltas completadas e Verstappen, sempre competitivo em condições adversas, chegou a andar em sétimo. Mas rodou e bateu na 30ª volta e foi obrigado a desistir.
Em Imola, Wilson conseguiu de novo largar à frente de Firman, mas seu carro teve um problema durante o reabastecimento e ele abandonou pela quarta corrida consecutiva. Verstappen também foi obrigado a desistir, por uma falha mecânica. No GP da Espanha, finalmente o britânico conseguiu receber a quadriculada: foi o 11º colocado, enquanto Verstappen chegou logo depois.
Na Áustria, Wilson foi 13º e Verstappen abandonou, enquanto em Mônaco os dois foram vítimas de uma falha de pressão de combustível em seus PS03. No Canadá, Verstappen conseguiu o melhor grid do ano – 15º tempo, a menos de dois segundos e meio da pole position, o que não era nada mal, e ainda terminou a prova em 9º lugar – o melhor resultado da Minardi em 2003.
Após um apagado GP da Europa, a equipe estrondou no noticiário do automobilismo por ocasião do GP da França, em Magny-Cours. É que, para a formação do grid, havia uma pré-qualificação que determinava a ordem dos carros na pista. Nessa pré-qualificação, os carros vinham na ordem invertida da pontuação do campeonato e, como Wilson e Verstappen nada marcavam até ali, foram os últimos a andar.
A pista francesa estava molhada e vinha secando ao longo desse treino. Nessas condições, os dois fizeram os melhores tempos – 1’20″817 para Verstappen e 1’20″968 para Justin Wilson, numa dobradinha onde Paul Stoddart riu um bocado de todo mundo no paddock. A graça acabou no treino oficial. Com a pista já seca, Verstappen foi o penúltimo colocado e Wilson o último, mesmo tendo tido o privilégio de serem os últimos a quallificar – mas porque foram os melhores no pré-classificatório. Na corrida, o de sempre: 14º lugar para Wilson e décimo-sexto para Verstappen.
Em Silverstone, Justin Wilson fez sua última corrida pela Minardi, pois a Jaguar o contratou para as corridas finais daquele campeonato em substituição a Antonio Pizzonia. Em seu lugar, Paul Stoddart pôs o dinamarquês Nicolas Kiesa, então com 25 anos, que não faria muita coisa com o carro #18 até o fim do ano.
Na Hungria, a Minardi comemorou o 300º GP disputado na Fórmula 1 com um 12º posto de Verstappen e a décima-terceira posição de Kiesa, que teve o mérito de terminar todas as cinco corridas que disputou, inclusive com um décimo-primeiro posto em Indianápolis como melhor resultado. Dentro das possibilidades do time, a equipe de Paul Stoddart cumpriu o ano com dignidade, contudo sem marcar um único ponto.
Verstappen deixou mais uma vez a Fórmula 1, de forma definitiva e Kiesa não continuou mais na equipe. Stoddart trocou tudo de novo para 2004, dando chance ao seu piloto-reserva ao fim do ano anterior, o italiano Gianmaria Bruni, de 22 anos. O outro contratado era o húngaro Zsolt Baumgartner, 23 anos, o primeiro representante do país integrante da antiga Cortina de Ferro na categoria máxima. Ele já fizera duas aparições a bordo de um carro da Jordan, em 2003.
Os jovens pilotos de Stoddart teriam a dura missão de guiar o pior carro do grid, o PS04, outro projeto de Gabriele Tredozi e Loic Bigois, equipado com o mesmo motor do ano anterior. Se já faltava potência e resultados em 2003, imaginem em 2004…
A equipe conseguiu um respiro orçamentário com a vinda do belga Bas Leinders como terceiro piloto, a fim de ajudar no acerto do carro nos treinos livres de sexta-feira. Naturalmente os pilotos ocupavam os últimos lugares do grid e os melhores resultados na primeira metade do campeonato foram de Baumgartner, em quem não se apostava muito. O húngaro foi 9º colocado em Mônaco e décimo no Canadá.
Em Indianápolis, na nona etapa do campeonato, quatro carros bateram logo na primeira volta e houve uma quebradeira incrível num domingo calorento no mítico circuito estadunidense. Só oito carros terminaram e Baumgartner salvou o dia da Minardi: chegou justamente na 8ª colocação, três voltas atrás de Michael Schumacher, e faturou seu pontinho que o fez figurar nos compêndios da Fórmula 1.
Duas corridas depois, em Silverstone, Paul Stoddart resolveu fazer uma homenagem incomum ao seu diretor desportivo, John Walton, que morrera em decorrência de um câncer: tirou os logotipos da Wilux, que patrocinava os carros do time e pôs adesivos em homenagem a Walton. Como efeito da decisão, a Wilux deu adeusinho à Minardi e deixou a equipe de Faenza sem seu principal patrocinador até o fim do campeonato.
Nas demais corridas, nem Bruni e muito menos Baumgartner pouco puderam fazer em decorrência da pouca – ou nenhuma, como queiram – competitividade do PS04 e o ano acabou com o solitário pontinho do húngaro em Indianápolis, deixando o time logicamente em décimo e último lugar no Mundial de Construtores.
Amanhã, encerramos a série Saudosas Pequenas com o 12º post da história da Minardi.
terceira foto dá impressão da Minardi tá rente ao solo.
Pois é, Rodrigo
Tudo que é bom,sempre acaba…
Mas vc tem alguma ideia de fazer uma serie igual a essa,só que com as equipes médias?