Audi 100% em Spa

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RIO DE JANEIRO – Foi mais fácil do que se imaginava: a Audi dominou por completo o pódio das 6 Horas de Spa-Francorchamps, 2ª etapa do Campeonato Mundial de Endurance (WEC) disputada neste sábado com um sol como há muito tempo não se via na região das Ardenas durante uma corrida de nível internacional. A marca de Ingolstadt monopolizou o pódio, no último desafio antes da disputa das 24 Horas de Le Mans, que acontecerão em junho nos dias 22 e 23.

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A Toyota estreou o protótipo TS030 Hybrid na versão 2013, com seu super capacitor montado na seção traseira do bólido e uma nova aerodinâmica, já testando também o kit de asa traseira para Le Mans. O carro #7, filho único da montadora na nova especificação, até que andou bem – principalmente com Nicolas Lapierre, que esteve na liderança, beneficiado pela autonomia do motor a gasolina do protótipo japonês, na média três voltas melhor que os R18 e-tron quattro a diesel da Audi.

Entretanto, já com Kazuki Nakajima a bordo, o TS030 começou a sofrer de problemas de superaquecimento do sistema de freios na parte traseira. A princípio pensou-se que o carro tinha problemas eletrônicos, mas o pepino foi mesmo nos freios. Após 3h38min de corrida e 99 voltas completadas, a Toyota desistiu de manter seu carro novo na disputa, seguindo com o modelo antigo – que nada podia fazer para derrotar os Audi, para chegar em 4º lugar.

Apesar de um furo lento que fez mudar a estratégia de pit stop em relação aos outros dois e-trons do time de Reinhold Jöst, o carro #1 de Marcel Fässler/Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer foi quem recebeu a quadriculada da vitória após 168 voltas percorridas pelo circuito encravado nas Ardenas. A vantagem para o #2 de Tom Kristensen/Allan McNish/Loïc Duval, segundo colocado, foi de 1’05″815.

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Em terceiro concluiu o R18 e-tron quattro Longtail, testando o pacote aerodinâmico que será instalado para a disputa das 24 Horas de Le Mans. No carro #3, esteve o brasileiro Lucas Di Grassi, que foi muito bem nos seus turnos de pilotagem, chegando a liderar a corrida em alguns momentos esparsos. Ele e seus parceiros Oliver Jarvis e Marc Gené – que, aliás, não teve boa atuação durante seu turno – concluíram a 1’54″992 dos vencedores.

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Sem chance nenhuma de chegar perto dos LMP1 híbridos, a Rebellion Racing venceu com folga absoluta a disputa entre os modelos particulares a gasolina: o #12 de Nicolas Prost/Nick Heidfeld/Neel Jani chegou em 5º na geral e o #13 de Andrea Belicchi/Congfu Cheng/Mathias Beche ficou só 22 segundos atrás desta vez. Mais familiarizados com o carro, Beche e Cheng tiveram menos dificuldades que em Silverstone. Já o HPD da Strakka Racing foi visivelmente prejudicado pela lentidão de Nick Leventis, com um ritmo de corrida muito pior que Danny Watts e Jonny Kane: acabaram em 7º lugar, sete voltas atrás do Audi ganhador.

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Na LMP2, três marcas diferentes de chassis subiram ao pódio desta vez. A Pecom Racing, única equipe com pneus Michelin montados em seu protótipo Oreca 03 Nissan, venceu uma batalha que durou até os últimos momentos contra o Morgan #24 da OAK Racing e o Zytek Z11SN #38 do Team Jota, que deu pinta de que bisaria o triunfo do ano passado. Só que um splash and dash tirou a chance de vitória de Lucas Luhr/Oliver Turvey/Simon Dolan e o triunfo ficou desta vez com Nicolas Minassian/Luis Perez-Companc/Pierre Kaffer, enquanto David Heinemeier-Hänsson/Alex Brundle/Olivier Pla chegaram na 2ª posição.

http://www.youtube.com/watch?v=rgsARt5u2nU

Antonio Pizzonia, que largou no Oreca #25 da Delta-ADR, disposto a manter a liderança do campeonato, teve uma corrida atribulada e curta: primeiro, numa tentativa de superar a retardatária Ferrari LMGTE-AM da 8Star Motorsports, levou uma fechada do italiano Matteo Malucelli, perdeu o controle do carro e rodou. Voltas mais tarde, quando tentava a recuperação e após o primeiro reabastecimento, o amazonense deu o azar de perder o controle do carro em plena curva Eau Rouge. O resultado foi uma baita pancada, que acabou com a corrida do time britânico e destruiu bastante o protótipo. Apesar da violência do impacto, Pizzonia saiu andando dos destroços. “Alguma coisa quebrou no carro e por isso houve o acidente”, justificou o piloto.

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Na LMGTE-PRO, a Aston Martin fez a pole, dominou no início, mas a AF Corse levou a melhor numa corrida repleta de punições para os carros da categoria. Nem a Ferrari F458 Italia dos vencedores Gianmaria Bruni/Giancarlo Fisichella escapou de levar um stop & go por infrações cometidas durante a disputa – o mesmo acontecendo ao Aston Martin #98 do brasileiro Bruno Senna.

Aliás, registre-se que o sobrinho de Ayrton fez uma ótima corrida a bordo do carro do time britânico. Mesmo com pneus velhos num dos stints, o ritmo de carro e piloto permaneceu o mesmo, muito competitivo. Fred Makowiecki teve que pagar um stop & go perto do fim, mas o resultado foi excelente. Ele, Senna e Rob Bell completaram a apenas nove segundos de Bruni/Fisichella, porém com menos de um segundo de diferença para Kamui Kobayashi/Toni Vilander, que concluíram em 3º lugar na divisão principal de Grã-Turismo.

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Na LMGTE-AM, mesmo com as dificuldades enfrentadas no correr da disputa, a Ferrari #81 da 8Star Motorsports guiada por Enzo Potolicchio/Rui Águas/Matteo Malucelli completou 147 voltas e levou a melhor contra o Aston Martin #95 de Kristian Poulsen/Allan Simonsen/Christoffer Nygaard – que, por muito pouco, não foi tirado da pista por outro adversário mais veloz.

O único Corvette C6-R da categoria, guiado por Patrick Bornhauser, Julien Canal e pelo brasileiro Fernando Rees, conseguiu mais um pódio na temporada. Acabaram em 3º na categoria e 23º na geral, com 145 voltas percorridas durante as 6 horas de disputa. A lamentar que Fernando, mesmo tendo colaborado com os dois pódios da Larbre Competition no WEC neste ano de 2013, tenha sido preterido por Ricky Taylor por influência direta da marca estadunidense para a corrida de Sarthe. Business is business, enfim…

O resultado completo das 6 Horas de Spa-Francorchamps está aqui

Comentários

  • Um impressionante 1,2 3 para a Audi. A Toyota inovou demais na parte mecânica, mas esqueceu-se da aerodinâmica. Quando se olha o Toyota com maior detalhe a primeira sensação que se tem é de estarmos vendo um carro de há 10 anos atrás. Não que em alguns pontos a Toyota não esteja inovando, como é o caso da asa traseira, até sendo “copiada” pela Audi, mas no geral a aerodinâmica do Toyota precisa de ser revista, principalmente na parte frontal do carro.
    A impressão que tive no acidente de Pizzonia foi a de o amazonense perdeu o controle por que o carro teve a suspensão traseira quebrada. Sai fumaça daquela zona antes de Pizzonia perder o controle. Uma pena até porque era o favorito a vitória na LMP2. Os Oreca Nissan parecem não ter concorrente a altura neste WEC.
    Com todo o colapso da Toyota na corrida, fica cada vez mais claro que Buemi podia muito bem ser o companheiro de equipe de Vettel na RB. Sua pilotagem ontem foi fundamental para que a Toyota pudesse minimizar os danos com o 4º do Toyota TS 030 nº 8.
    Eu tenho a opinião de que os Aston Martin são os mais fracos na GTE pro e GTE AM, mas em Silverstone eles conseguiram vencer, por erro dos adversários, a corrida, mas parece que SPA começa a colocar ordem na casa. Falta a Manthey acertar melhor esse novo modelo Porsche. Quando isso acontecer a Aston deve perder também para os Porsche.
    Uma excelente corrida. Ver esses carros passando na Eau Rouge é impressionante. Na tv já é impressionante, fico pensando como seria ver in loco.

  • Boa corrida! Depois dessa prova, ficou nitido que o chacoalho que a Audi levou da Toyota nas últimas provas do ano passado acordaram os alemães, que evoluíram muito para essa temporada. Tbm é nítido que o Toyota versão 2013 ainda carece de desenvolvimento, mas demonstra potencial.

    Na LMP2, muito equilíbrio, como sempre, e, para mim, não parece haver grande diferernça: pelo menos em Spa, olhando para a classificação e a corrida, Oreca, Morgan e Zytek pareceram em nível semelhante. Não dá para opinar sobre o carro da Lotus, já que foi um carro apresentado tardiamente, e que vem em processo de desenvolvimento. Mas confesso que a opção pelo motor Judd, renomeado, não anima muito…

    Entre os GTs, grandes disputas, como sempre. Se o regulamento da atual temporada parece beneficiar os Aston, principalmente em classificação, em corrida as coisas estão muito equilibradas. Me impressiona, positivamente, a boa adaptação de Bruno Senna e Kamui Kobayashi.

    Na GT-Am, tbm me incomoda a questão sobre o Fernando Rees, mas como disse, e bem, o blogueiro, Business…

  • acho que audi deu um pulo de gato para este ano. o carro 7 da toyota, e bom lembrar que correu com as especificações para le mans, então o fato de ter disputado somente com outros audi e não o 3 mostra que os japoneses não estão tão defasados assim.
    gostaria que mais pessoas comentassem, mas acho que existe uma falha no kazuki. wurz e lapierre são velozes, mas sabem abrir caminho no trafego. não falta velocidade ao nakajima, e sim habilidade para abrir caminho. nesse ponto acho que estariam melhores com o kamui.
    quanto a lotus, se ja estão felizes em terminar corridas com os dois carros conforme declaram a imprensa apos, e sinal de que o desenvolvimento ali e mais longo. bom ver 3 marcas diferentes disputando o podio na p2, ruim que era um so motor, sem desmerecer a nissan.
    nas classes gte acho que so a porsche esta devendo um pouco ainda, mas prefiro esperar no bop para emitir opinião.