Ray Manzarek (1939-2013)

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RIO DE JANEIRO – O rock está de luto. Morreu aos 74 anos Raymond Daniel Manzarek, o Ray Manzarek, tecladista/organista dos Doors, de complicações de um câncer na vesícula biliar em Rosenheim, na Alemanha. Ele deixa viúva, Dorothy, com quem foi casado por 46 anos e um filho, Pablo.

Cofundador dos Doors junto com Jim Morrison, com quem estudou cinema na UCLA entre 1962 e 1965, Ray transformou o som de seus teclados em marca registrada da banda, tanto quanto a bateria “bossa nova” de John Densmore, a guitarra de Robbie Krieger e a poesia do vocalista.

O grupo não tinha baixista e tal instrumento era usado apenas nas sessões de estúdio. Ao vivo, Manzarek pilotava um piano Fender Rhodes Bass Keyboard, um órgão Vox e um Gibson G-101 Kalamazoo. As linhas de baixo e teclados eram simultaneamente executadas pelo tecladista nos shows. E quase sempre a exótica mistura dava certo. Óbvio que nem todos eram fãs dos Doors e nem do som da banda e muitos depreciavam o som tirado por Manzarek, taxando-o de órgão de churrascaria.

Os Doors sobreviveram como quarteto entre 1966 e 1971 e, após a prematura e até hoje inexplicável morte de Jim Morrison em 3 de julho de 1971, em Paris, o grupo seguiu como trio, gravando dois álbuns póstumos: Other Voices Full Circle, nos quais Manzarek atuou também como vocalista principal.

Com o fim da banda, Manzarek formou o Nite City, com quem gravou dois álbuns e fez carreira solo como músico, inclusive gravando uma adaptação rock da ópera Carmina Burana, de Carl Orff, de quem era fã devotado. Escreveu uma biografia do grupo e, quando Oliver Stone lançou seu filme contando (na versão do diretor, logicamente) a história dos Doors focada em Jim Morrison, foi um dos maiores críticos do projeto.

“O filme mexe com energias muito pesadas”, disse.

Na última década, Ray, Robbie e John chegaram a se reunir para algumas apresentações celebrando a memória dos Doors, com direito a um bem-sacado especial do VH1, com a participação de vários cantores. Daí surgiu o projeto Doors Século 21, onde John Densmore caiu fora e Stewart Copeland, o cracaço do Police, tocou com Ray, Robbie e Ian Astbury, do The Cult, assumindo os vocais.

As últimas gravações de Manzarek datam do ano retrasado. Ele colaborou no álbum do guitarrista Roy Rogers, Translucent Blues.

Como diria uma lendária canção dos Doors, lançada no primeiro álbum do grupo… “this is the end…”

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