Astros, artistas e esportistas em Le Mans

RIO DE JANEIRO – As 24 Horas de Le Mans exercem tamanho fascínio que, por vezes, tivemos a oportunidade de ver na lista de inscritos nomes da música, do cinema e de outros esportes dentro da corrida longa mais tradicional do planeta.

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Quem deu o pontapé inicial, logicamente, foi o astro de cinema Steve McQueen, que não só protagonizou como deu a ideia do filme “24 Horas de Le Mans”, dirigido por Lee H. Katzin e que aproveitou a realização da corrida de 1970, com cenas extras produzidas na própria pista – o que motivou a contratação de um excedente monstro de pessoas que faliu a produtora Solar, responsável pela película – e a ajuda de dezenas de pilotos. Um deles, o britânico David Piper, sacrificou-se de tal forma que parte de uma perna foi amputada depois de uma batida durante as filmagens.

Paul Newman, que era um apaixonado pelo automobilismo e não só fez filme – “Winning”, ambientado nas 500 Milhas de Indianápolis – como foi dono da Newman-Haas, equipe de Fórmula Indy, guiava – e muito bem. Ele disputou várias das maiores provas longas já realizadas – 12 Horas de Sebring, 24 Horas de Daytona e também as 24 Horas de Le Mans, em 1979.

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Correndo com um Porsche 935/77A da equipe de Dick Barbour, Paul Newman e seus companheiros de equipe, o alemão Rolf Stommelen e o próprio Dick Barbour, deram um show numa pista molhada pela chuva inclemente ao longo da disputa. Mas acabaram em 2º, sete voltas atrás do carro vencedor, dos estadunidenses Don e Bill Whittington e do alemão Klaus Ludwig.

Nessa mesma época, quem disputou sua primeira 24 Horas foi Nick Mason. Não associou o nome à pessoa? E se eu disser que ele é o baterista do lendário grupo de rock Pink Floyd, melhora?

Então… Nick estreou em Sarthe no ano de 1979, com um Lola T297 protótipo da Dorsey Race Associates. Chegou em 18º lugar, resultado bastante honroso. Neste mesmo carro e nesta mesma equipe, correu também em 1980. Foi 22º colocado na geral.

Mason regressou à prova em 1983, convidado por Chris Craft para dividir com ele e o chileno Eliseo Salazar o protótipo Dome RC82 com motor Ford Cosworth DFL preparado por Alan Smith. O trio abandonou na 7ª hora com problemas de embreagem.

Em 1984, uma situação embaraçosa tirou o baterista do Pink Floyd e seus parceiros René Metge e Richard Lloyd da disputa: foram desclassificados por receber ajuda externa para o carro deles, um Porsche 956 (acima) regressar à pista. E foi a última vez em que Nick Mason apareceu para guiar em Le Mans.

Quem também teve laços com o Pink Floyd e participou das 24 Horas foi Steve O’Rourkemanager do grupo e que entre 1979 e 2003 teve ligações fortes com o automobilismo, inclusive criando uma escuderia, a EMKA Racing.

Sua estreia foi em 1979 (também), a bordo de uma Ferrari 512BB que dividiu com Nick Faure e Bernard de Dryver, na equipe de “Beurlys”, o sogro de Jacky Ickx. Conquistou um belíssimo 12º lugar. Em 80, passou por um tremendo susto ao volante do carro que dividiu com Richard Down e Simon Phillips: um pneu da Ferrari 512BB estourou a 320 km/h no retão Mulsanne e O’Rourke escapou com perícia e sorte de um acidente fatal. Feito o reparo após a explosão do pneu, ele e seus colegas chegaram ao fim em 23º.

Em 81, montou a EMKA Racing e o primeiro carro do seu próprio time em Sarthe foi uma BMW M1, que dividiu com Eddie Jordan (ele mesmo) e David Hobbs. O’Rourke e comparsas abandonaram com o motor quebrado após 22 horas de prova. Dois anos mais tarde, associou-se à Aston Martin e tornou-se o representante oficial da marca britânica no Grupo C, chegando em 17º lugar na edição das 24 Horas de 1983 e em 11º na corrida de 1985, junto com Nick Faure e Tiff Needell. Mas a Aston Martin logo abortou o projeto e O’Rourke deixou de correr em Le Mans por um tempo.

A EMKA Racing ressurgiu em 1991 com múltiplas atividades nas pistas e O’Rourke reavivou o sonho de voltar a correr em Le Mans. Em 1998, já com 58 anos de idade, o britânico dividiu um McLaren F1 BMW GTR com Bill Auberlen e Tim Sudgen. O desempenho do trio foi excelente e O’Rourke chegou em 4º lugar na geral. Dois anos antes, ele e seus parceiros Soames Langton e Guy Holmes foram alijados da disputa por problemas mecânicos em seu Porsche 911 GT2.

O’Rourke foi obrigado a deixar as pistas por problemas de saúde em 2000. Manteve sua equipe no FIA GT, que inclusive venceu corridas, até 2003, quando veio a falecer, aos 63 anos de idade.

Anos depois de Mason, Newman e O’Rourke, quem deixou-se levar pela mística de Le Mans foi o francês Luc AlphandLucho foi uma fera no Esqui Alpino: bronze no Mundial de 1996 e Campeão da Copa do Mundo no ano seguinte, no evento que congregava as modalidades downhill slalom gigante. Ganhou 12 etapas de Mundiais na carreira e resolveu trocar, surpreendentemente, as pistas geladas e os esquis pelos carros de corrida.

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Montou a Luc Alphand Aventures e, em paralelo, tornou-se um bom piloto de rally. Alphand tem no currículo, inclusive, uma vitória no Rali Dakar de 2006. Em Le Mans, participou nove vezes e conquistou um 7º lugar como melhor resultado, também em 2006. Infelizmente, um acidente de trial acabou com a carreira de Alphand como piloto de competição. Sua equipe também foi uma ausência bastante sentida na lista de inscritos das 24 Horas deste ano.

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A lista de celebridades foi recheada em 2009 com mais dois nomes. O ator estadunidense Patrick Dempsey, que interpreta a personagem Dr. Derek Shepherd emGrey’s Anatomy, inscreveu-se com uma Ferrari F430 LMGT2 ao lado de Don Kitch Jr. e Joe Foster. Sob a égide do Team Seattle, Dempsey e seus parceiros competiram para arrecadar fundos para o Mécenat Chirurgie Cardiaque. Deu certo: chegaram em 30º lugar na geral e conseguiram US$ 253.500 mil para o projeto. Quatro anos depois, ele regressa com um Porsche ao lado de Joe Foster e Patrick Long.

Quem também correu não só em 2009 e em 2010 foi Lord Paul Drayson, Ministro da Ciência do governo britânico, fanático por carros, automobilismo e novas tecnologias. Ele montou uma escuderia e disputou a prova primeiro com um Aston Martin Vantage V8 e depois com um protótipo Lola B09/60 Judd. Agora, voltou-se para outro desafio: as corridas de carros elétricos.

Comentários

  • Mas que time de doidos, vish!!… Essa corrida é um caso de amor indescritível pra quem ama a brincadeira. Vamos ver que surpresas teremos nesta edição.
    E o filme, assisti quatrolhentas vezes em todos os formatos possíveis…