Hemorragia cerebral ou arterial: a causa-mortis de Allan Simonsen

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RIO DE JANEIRO – Muito se especulou sobre o procedimento médico e o atendimento ao dinamarquês Allan Simonsen, que morreu sábado após um acidente na 81ª edição das 24 Horas de Le Mans. As (poucas) imagens deram margem a ilações e suposições acerca do que teria acontecido – porém ficou claro que o piloto de 34 anos despistou-se ao perder o controle do seu Aston Martin Vantage V8 quando “pisou” a faixa azul à margem do asfalto. Faixa que estava molhada pelas chuvas, provocando o acidente fatal.

Estudos evidenciam que o nosso cérebro é comparado a um queijo mole dentro de uma caixa de madeira, ou então à gema dentro da casca de ovo. Logicamente não há, ainda, um laudo definitivo sobre a causa-mortis de Simonsen. Sabe-se que o piloto saiu consciente do seu Aston Martin e o caso do nórdico remete a um incidente ocorrido em 1975.

Naquele ano, o estadunidense Mark Donohue sofreu um acidente com seu Penske-March PC2 nos treinos do GP da Áustria, em Zeltweg, estatelando seu carro além do guard rail e caindo num barranco. O piloto foi retirado dos destroços aparentemente bem, mas no procedimento médico, começou a vomitar, um claro sinal de lesão cerebral. O helicóptero que o transportaria para além dos Alpes não tinha pressurização suficiente para manter Donohue em situação estável e ao chegar em Graz, ele entrou em estado de coma, morrendo à noite.

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Voltando a 2013, o acidente de Simonsen foi calculado a uma velocidade estimada de 177 km/h. Na curva Tertre Rouge, a velocidade do carro alcança cerca de 207 km/h. É portanto uma curva veloz, onde os carros saem de “cano cheio” para começar o primeiro trecho da reta Mulsanne. Não obstante, parece que nas proximidades do guard rail onde Simonsen bateu, havia uma árvore. E todo o impacto da colisão pode muito bem ter sido absorvido justamente por ela e não pela barreira metálica ali instalada. Eis uma das razões para a estrutura do Vantage ter sido afetada na capota.

Simonsen foi retirado do carro com ausência de lesões penetrantes, diferentemente de Ayrton Senna em Imola 1994 e, aparentemente, nenhuma evidência de traumatismo. A conclusão a que chega o Hyperparathyroidism Blog é que o piloto morreu em decorrência da desaceleração repentina a que seu corpo foi submetido, provocando hemorragia craniana ou o rompimento da artéria aorta em suas ligações na parte superior da caixa torácica.

Comentários

  • Mais uma vez, informação precisa e verificada até com o link em primeira mão privilegia seus Leitores, está mais do que na hora de ter anunciantes neste dedicado e competente Blog.

    • Pelo video postado aqui no blog no dia 23, creio que o primeiro impacto foi entre o lado esquerdo e a traseira do carro.

      O material publicado por esse blog “Hyperparathyroidism” é muito bom. Tinha que virar estudo mais aprofundado e ser publicado oficialmente em alguma revista científica. Não existem muitos estudos sobre acidentes automobilísticos de competição. Eu encontrei uns 15 em toda a história da literatura estrangeira.

  • Como já havia comentado anteriormente, e ao contrário de algumas opiniões, considerei violentíssima a batida, principalmente por ter afetado a lateral do Aston justamente do lado do piloto. Não que eu esteja duvidando da informação divulgada no Hyperparathyroidism, mas fico imaginando como seria dada a notícia em caso de uma eventual morte instantânea do piloto, já que o acidente ocorrera no início do evento.

  • Não sou cirurgião do traumas, sou pediatra. Mas o que me parece eh que ocorreu um hematoma epidural, onde o indivíduo tem um intervalo de lucidez antes do rebaixamento da consciência e, caso não se intervenha, a morte. Lembrando que nem sempre há tempo hábil ou condições técnicas para o procedimento. Mas seria umas opção para explicar a morte dele depois de ter saído aparentemente bem do acidente