Discos eternos – Santana III (1971)

allcdcovers_santana_santana_iii_199RIO DE JANEIRO – Ainda sob as influências de sua monumental aparição em Woodstock, uma muito bem-sucedida incursão no Montreux Jazz Festival e diversas e sensacionais apresentações mundo afora, que incluíram shows no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e também no Festival Internacional da Canção (FIC), Carlos Santana lançou em 1971 seu terceiro disco com a primeira formação da Santana Band, ainda com Gregg Rolie (teclados/percussão/vocal), Dave Brown (baixo), Mike Shrieve (bateria), Jose Chepito Areas (percussão) e Mike Carabello (percussão), aos quais se juntou um segundo guitarrista e compositor: o talentoso Neal Schön, de 17 anos.

Em suas nove faixas, Santana III carrega a altíssima carga latina que caracterizou os primeiros trabalhos de Santana e se tornou uma marca registrada do guitarrista – mas acrescidas das ótimas performances de Neal Schon em canções mais elaboradas como “Everybody’s Everything” e “No one to depend on”, um dos muitos clássicos assinados por Gregg Rolie em parceria com Mike Carabello e Coke Escovedo.

O disco abre com “Batuka”, uma aula de música instrumental percussiva, balançante e com um alucinante solo de guitarra. Outro tema instrumental de grande destaque é “Toussaint l’Overture”, que até hoje é tocada por Santana em seus shows. O tempero chicano vem em “Guajira” (nome de uma dança cubana), com letra em espanhol e em mais uma homenagem a Tito Puente, lenda do suingue latino e percussivo, com uma cover de “Para los rumberos”.

Santana assina sozinho apenas uma faixa, a ótima “Everything’s coming our way” e entre as demais faixas, destaque para a sensacional “Jungle Strut”, de Eugene ‘Jug’ Ammons, que acabaria virando tema de abertura do inesquecível programa Bike Show, do meu querido amigo João Mendes.

Um disco tão bom feito este só poderia atingir número #1 nas paradas de sucesso, o que de fato aconteceu. Aliás, foi o primeiro álbum de Santana a chegar no topo e o Guinness Book of Records mostra que o guitarrista esperou 28 anos para ver um novo álbum como número #1 da Billboard: a façanha foi alcançada com Supernatural, o maravilhoso disco de Santana com outros artistas, lançado em 1999.

Anos depois do lançamento original, a Sony Music relançou Santana III numa edição chamada Legacy Edition com as faixas originais mais o registro de sua histórica apresentação no Fillmore West. Em 98, viria uma reedição do álbum com três faixas-bônus, também retiradas do show do Fillmore: “Batuka”, “Jungle Strut” e “Gumbo”, que entrou na Legacy Edition como um registro em estúdio.

Nos anos 70/80, os trabalhos de Santana seriam mais ‘estanques’ e ele emplacaria apenas um hit aqui, outro acolá. Após a gravação deste disco, a Santana Band sofreu suas primeiras baixas: Gregg Rolie e Neal Schön foram embora para fundar o Journey. Mas o indelével talento do guitarrista e líder permanece vivo, para o nosso deleite.

Ficha técnica de Santana III
Selo: CBS/Sony Music
Gravado entre janeiro e 4 de julho de 1971 nos Estúdios Columbia, em San Francisco (EUA)
Produzido por Santana Band
Tempo: 41’26″

Músicas:

1. Batuka (Chepito Areas-Dave Brown-Mike Carabello-Gregg Rolie-Mike Shrieve)
2. No one to depend on (Coke Escovedo-Gregg Rolie-Mike Carabello)
3. Taboo (Chepito Areas-Gregg Rolie)
4. Toussaint l’Overture (Carlos Santana-Chepito Areas-Dave Brown-Gregg Rolie-Mike Carabello-Mike Shrieve)
5. Everybody’s everything (Carlos Santana-Tyrone Moss-Milton Brown)
6. Guajira (Chepito Areas-Dave Brown-Rico Reyes)
7. Jungle Strut (Jug Ammons)
8. Everything’s coming our way (Carlos Santana)
9. Para los rumberos (Tito Puente)

Comentários

  • Discordo, Santana III pra mim é o pior dos três primeiros álbuns. Dá até impressão de álbum feito às pressas para aproveitar o sucesso. O segundo pra mim é o melhor.

  • Foi o primeiro disco que eu ouvi do Santana em 1972. O Abraxas é um excelente album muito bem elaborado, mas realmente o III é demais.