Patriotada

Formula One World Championship

RIO DE JANEIRO – Dia 5 de julho de 1981. Naquela data, há 32 anos, Alain Prost conquistou sua primeira vitória no Mundial de Fórmula 1, com o Renault RE 30 Turbo. Mas é bom lembrar que não era para ser assim como a foto do pódio, onde o piloto, exultante, estourava o champagne.

Largando da 4ª posição do grid, atrás de René Arnoux, John Watson e de Prost, Piquet conseguiu um arranque excepcional com sua Brabham BT49 Cosworth. “Dei uma das maiores largadas da minha vida em Dijon”, disse o piloto à época. John Watson perdeu a segunda posição para Prost na terceira passagem. A corrida seguiu até a volta 58, com Nelson longe de todo mundo, Prost em segundo, Watson em terceiro, Reutemann em quarto, Arnoux em quinto e Rebaque em sexto, uma volta atrás.

Naquela altura da corrida, uma tromba d’água se abateu sobre o circuito de Dijon-Prenois. A direção de prova podia ter optado por seguir a disputa, ordenando a troca dos pneus slicks pelos biscoito, mas a bandeira vermelha foi exibida e a corrida foi interrompida.

Haveria uma segunda largada para 22 voltas restantes e Prost, longe de Piquet ao fim das primeiras 58 voltas, foi muito beneficiado pela interrupção. O brasileiro nem tinha pneus de classificação da Goodyear para sua Brabham. A Michelin ofereceu pneus novos para a Renault de Prost. Com o carro manco, o francês tinha problemas de turbo e câmbio. A interrupção de meia hora foi providencial e os mecânicos consertaram tudo. Prost tinha um carro em ponto de bala para vencer.

“Me senti derrotado”, disse Piquet.

Para completar, além da diferença absurda de desempenho do carro do piloto da Renault após a relargada, Piquet não teve como diminuir a diferença e chegar ao menos em segundo. Foi acintosamente bloqueado por Didier Pironi, nono na primeira parte e retardatário. “Os franceses fizeram tudo para que um piloto da casa vencesse. E conseguiram”, desabafou o brasileiro da Brabham.

Por isso, numa das fotos do pódio, Piquet está com uma tromba daquelas. E Prost, feliz da vida. Watson também não tinha do que se queixar – e duas semanas mais tarde, venceria com o McLaren MP4, o ambicioso projeto de John Barnard construído em fibra de carbono.

O que importa, ao fim de tudo isso, é que o caneco foi de Piquet. Mesmo com toda a patriotada de Balestre e sua turma, que já naquela época costumava beneficiar Alain Prost.

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