30 anos do bi, parte VI – GP da Bélgica de 1983

????????????

RIO DE JANEIRO – Foram treze anos de espera, mas em 1983 a lendária pista de Spa-Francorchamps enfim voltava a fazer parte do Mundial de Fórmula 1. Com os antigos 14,1 km reduzidos para 6,949 km após uma extensa reforma, a pista encravada na Floresta das Ardenas continuava repleta de desafios e seria um ótimo teste para os 28 pilotos inscritos.

A propósito, o GP da Bélgica registrava uma estreia: com patrocínio de empresas locais, o piloto Thierry Boutsen, que fizera boas temporadas no Europeu de Fórmula 2 nos anos anteriores com a Spirit, ganhava definitivamente a vaga na Arrows, deixando a pé o brasileiro Chico Serra.

Treinos

Alain Prost 1983 (19)

Os treinos classificatórios em Spa-Francorchamps, a rigor, não apresentaram nenhuma surpresa na primeira fila. A Renault de Alain Prost continuava em grande fase – e o piloto também. O francês fez a pole position, mas com apenas nove milésimos de segundo sobre Patrick Tambay, outro piloto também em ascensão com a Ferrari Turbo.

A surpresa foi o ótimo 3º lugar de Andrea de Cesaris, com a Alfa Romeo, se colocando a apenas dois décimos de Prost e ao lado de Nelson Piquet na segunda fila. Keke Rosberg e Marc Surer foram os dois mais rápidos da turma dos “aspirados”, classificando ambos na quinta fila. Thierry Boutsen classificou-se com o 18º tempo e Raul Boesel, com a Ligier, ficou na última posição. Mais uma vez, Eliseo Salazar e Pier Carlo Ghinzani não se classificaram.

Corrida

Após o apagar da luz verde, os pilotos e espectadores ficaram boquiabertos: Andrea de Cesaris largou de forma excepcional e assumiu a ponta na curva La Source. Mas a primeira largada não valeu em razão de problemas mecânicos na Arrows de Marc Surer, que foi obrigado a largar dos boxes.

Quando ninguém esperava que de Cesaris pudesse repetir a façanha, o italiano da Alfa Romeo repetiu a manobra de ultrapassagem sobre Prost e Tambay e de novo chegou à primeira curva liderando. Atrás da Alfa, três franceses: Prost, Tambay e Arnoux, com Piquet em quinto e Manfred Winkelhock, da ATS, em sexto. Riccardo Patrese, coitado, teve o motor quebrado logo na primeira volta.

Winkelhock foi o primeiro a sair da zona de pontos, em razão de uma falha mecânica que provocou uma parada prematura na 12ª volta, onde o alemão aproveitou para trocar pneus e reabastecer. Isto fez com que Keke Rosberg subisse para a sexta posição, enquanto Boesel era o vigésimo colocado.

renearnoux1983ug9

Arnoux fez seu pit stop na 17ª volta e Piquet inverteu posição com o piloto da Ferrari. Duas voltas mais tarde, foi a vez da parada – desastrosa, por sinal – de Andrea de Cesaris, que despencou para a sexta posição, enquanto Arnoux tinha problemas momentâneos de desempenho.

Lá atrás, Manfred Winkelhock era protagonista de um espetacular incidente: a roda traseira esquerda de seu ATS soltou-se da ponta de eixo. O alemão rodopiou e o pneu subiu, subiu, subiu… e sumiu no mato!

Os primeiros colocados realizavam seus reabastecimentos: Rosberg na 19ª volta, Tambay na 21ª, Prost na 22ª e Piquet na 24ª passagem. Isto deixou Prost em primeiro, com de Cesaris em segundo, Piquet em terceiro, Tambay em quarto, Cheever em quinto e Rosberg em sexto.

A ótima corrida de Andrea de Cesaris foi para o espaço na 26ª volta: o motor V8 turbo do carro do italiano se entregou e ele foi obrigado a desistir. Piquet e os demais subiram uma posição, mas a Brabham do brasileiro já apresentava, desde sua parada de reabastecimento, problemas de câmbio.

Assim, não foi surpresa nenhuma quando Tambay superou Nelson na 34ª volta e Eddie Cheever levou o último posto do pódio logo depois. Prost venceu com absoluta folga e reassumiu a liderança do campeonato, com quatro pontos de avanço para Nelson Piquet, que chegou em quarto em Spa.

Raul Boesel foi o 13º colocado, enquanto o companheiro de equipe dele, Jean-Pierre Jarier, colecionou mais um abandono. Catorze pilotos completaram a corrida.

O resultado final do GP da Bélgica de 1983:

1. Alain Prost (Renault RE40 Turbo) – 40 voltas em 1h27min11s502, média de 191,275 km/h
2. Patrick Tambay (Ferrari 126C2B Turbo) – a 22s982
3. Eddie Cheever (Renault RE40 Turbo) – a 39s869
4. Nelson Piquet (Brabham BT52 BMW Turbo) – a 42s295
5. Keke Rosberg (Williams FW08C Cosworth) – a 50s290
6. Jacques Laffite (Williams FW08C Cosworth) – a 1min33s107
7. Derek Warwick (Toleman TG183B Hart Turbo) – a 1min58s539
8. Bruno Giacomelli (Toleman TG183B Hart Turbo) – a 2min38s273
9. Elio de Angelis (Lotus 93T Renault Turbo) – a 1 volta
10. Johnny Cecotto (Theodore N183 Cosworth) – a 1 volta
11. Marc Surer (Arrows A6 Cosworth) – a 1 volta
12. Danny Sullivan (Tyrrell 011 Cosworth) – a 1 volta
13. Raul Boesel (Ligier JS21 Cosworth) – a 1 volta
14. Michele Alboreto (Tyrrell 011 Cosworth) – a 2 voltas
15. Niki Lauda (McLaren MP4/1C Cosworth) – AB/33 voltas/motor
16. Nigel Mansell (Lotus 92 Cosworth) – AB/30 voltas/caixa de câmbio
17. Andrea de Cesaris (Alfa Romeo 183T Turbo) – AB/25 voltas/motor
18. Roberto Guerrero (Theodore N183 Cosworth) – AB/23 voltas/motor
19. René Arnoux (Ferrari 126C2B Turbo) – AB/22 voltas/motor
20. Corrado Fabi (Osella FA1D Cosworth) – AB/19 voltas/suspensão
21. Manfred Winkelhock (ATS D6 BMW Turbo) – AB/18 voltas/perda de roda
22. John Watson (McLaren MP4/1C Cosworth) – AB/8 voltas/acidente
23. Jean-Pierre Jarier (Ligier JS21 Cosworth) – AB/8 voltas/acidente
24. Thierry Boutsen (Arrows A6 Cosworth) – AB/4 voltas/suspensão
25. Mauro Baldi (Alfa Romeo 183T Turbo) – AB/3 voltas/acelerador
26. Riccardo Patrese (Brabham BT52 BMW Turbo) – AB/não completou a 1ª volta/motor

Classificação do campeonato após 6 etapas: 1. Alain Prost – 28 pontos; 2. Nelson Piquet – 24; 3. Patrick Tambay – 23; 4. Keke Rosberg – 16; 5. Niki Lauda – 11; 6. John Watson – 10; 7. Jacques Laffite, Eddie Cheever e René Arnoux – 8; 10. Marc Surer – 4; 11. Danny Sullivan – 2; 12. Mauro Baldi e Johnny Cecotto – 1 ponto.

Construtores: 1. Renault – 36 pontos; 2. Ferrari – 31; 3. Brabham e Williams – 24; 5. McLaren – 21; 6. Arrows – 4; 7. Tyrrell – 2; 8. Alfa Romeo e Theodore – 1 ponto.

Comentários