30 anos do bi, parte VII – GP dos EUA Leste de 1983

1983-Detroit-6

RIO DE JANEIRO – No dia 5 de junho de 1983, a Capital Mundial do Automóvel voltava a receber uma corrida do Mundial de Fórmula 1. O GP dos EUA Leste, em Detroit, era mais uma chance para equipes como Williams, McLaren e Tyrrell reverterem o favoritismo dos carros turbocomprimidos em resultados positivos. Numa altura onde o campeonato já tinha seis etapas disputadas e Prost liderava entre os pilotos com quatro pontos de vantagem para Nelson Piquet, qualquer ponto somado dali em diante passava a ser decisivo.

A lista de inscritos tinha 27 carros, o que representava que somente um dos competidores ficaria de fora. É que a escuderia RAM não levou seu carro para os Estados Unidos, em razão da ruptura de contrato entre John McDonald e o chileno Eliseo Salazar, que abandonou definitivamente a Fórmula 1. Em termos de novidade técnica, nada de novo.

Treinos

83 Detroit GP Nelson Piquet 2

Embora fosse imputada alguma chance aos carros com o velho motor Ford Cosworth V8, nos treinos eles não tiveram possibilidade de se sobressair: os quatro primeiros colocados foram modelos com motores turbo e René Arnoux, com Ferrari, fez a pole position virando em 1’44″744, pouco mais de 0s1 abaixo de Nelson Piquet, que colocou a Brabham em segundo – um ano depois de, no mesmo circuito, não conseguir classificação para o grid pela primeira vez na carreira.

Elio de Angelis, com a Lotus Renault rendendo bem em conjunto com o pneu Pirelli, fez o 4º tempo e foi a surpresa da classificação, atrás da outra Ferrari, com Patrick Tambay. Novidade também entre os aspirados: o melhor deles foi Marc Surer, 5º com a Arrows, com Alboreto fechando os seis mais rápidos.

Prost, líder do campeonato, foi um apagado 13º colocado, a mais de três segundos da pole de Arnoux. Raul Boesel conseguiu o 23º lugar em mais um treino repleto de problemas com o Ligier. E Corrado Fabi, da Osella, foi o único piloto que teve que assistir o GP dos EUA pela televisão.

Corrida

A primeira largada foi anulada: o motor da Arrows do suíço Marc Surer apagou na hora da luz vermelha e o procedimento foi repetido, excluindo-se uma volta das 61 previstas. Mas os problemas não pararam por aí, porque a Ferrari de Patrick Tambay não se moveu ao acender da luz verde, prejudicando quem estava na fila ímpar atrás do francês.

largada-detroit832.JPG

Alheio a isto, Nelson Piquet conseguiu um belo arranque com a Brabham e ultrapassou René Arnoux antes da primeira curva. Elio de Angelis assumiu o terceiro lugar e Andrea de Cesaris pulou de oitavo para quarto. Michele Alboreto fechou a primeira volta em quinto, com Derek Warwick em sexto.

O bom início de prova da Lotus durou muito pouco: na 6ª volta, a transmissão do carro de Elio de Angelis quebrou e ele desistiu. Pouco depois, Arnoux partiu para cima de Piquet e, numa bela ultrapassagem, assumiu a liderança. O campeão mundial Keke Rosberg, 12º no grid, avançou para cima de Andrea de Cesaris e lhe roubou a terceira posição.

O finlandês não se deu por satisfeito: foi ao encalço da Brabham de Piquet e pegou a vice-liderança na 19ª volta. Andrea de Cesaris, nesta altura, também tinha perdido posições para Alboreto e Warwick. Prost vinha num medíocre 14º lugar e Boesel, fazendo o melhor que podia com um carro péssimo, era o 19º.

Warwick teve problemas na 25ª passagem, saindo da zona de pontos e dando lugar a Jacques Laffite. A Alfa Turbo de Andrea de Cesaris também quebrou, o que ajudou o irlandês John Watson. Rosberg fez sua parada para troca de pneus e reabastecimento na 30ª volta e Piquet voltou ao segundo lugar.

De repente, logo depois, a surpresa: com pane elétrica, René Arnoux encostava à margem da pista, abandonando a corrida. Piquet assumiu de novo a ponta, com Alboreto em segundo, Rosberg em terceiro, Watson em quarto, Laffite em quinto e o belga Thierry Boutsen, em boa corrida, na sexta posição. Prost era o oitavo, beneficiado pelos muitos abandonos, assim como Raul Boesel, que vinha em 12º.

Durante mais de 10 voltas, a Brabham se preparou para o pit stop com reabastecimento e troca de pneus – mas muita gente percebeu o estratagema de Gordon Murray e Nelson Piquet, que calcularam com exatidão a quantidade de gasolina que precisavam carregar no BT52 para poder completar a corrida inteira sem parar.

Mas o tiro e o blefe saíram pela culatra: a nove voltas do final, furou um pneu da Brabham e Piquet precisou se arrastar até os boxes para a troca. O brasileiro voltou à pista em quarto, resultado insuficiente para arrancar das mãos de Alain Prost a liderança do Mundial de Pilotos.

tyrrell-1983-alboreto-detroit

Michele Alboreto, bafejado pela sorte, herdou a liderança e pela 2ª vez na carreira, venceu – e de novo nos Estados Unidos, pois ganhara o GP de Las Vegas em 1982. Rosberg foi o segundo com John Watson fechando o pódio. Jacques Laffite conseguiu a quinta posição e Nigel Mansell – acredite quem quiser – fez o primeiro ponto da Lotus em 83, com o modelo 92 de motor Ford Cosworth. Prost foi o oitavo, apenas. Raul Boesel ainda chegou na décima posição.

O resultado final do GP dos EUA Leste de 1983:

1. Michele Alboreto (Tyrrell 011 Cosworth) – 60 voltas em 1h50min53s669, média de 130,600 km/h
2. Keke Rosberg (Williams FW08C Cosworth) – a 7s702
3. John Watson (McLaren MP4/1C Cosworth) – a 9s283
4. Nelson Piquet (Brabham BT52 BMW Turbo) – a 1min12s185
5. Jacques Laffite (Williams FW08C Cosworth) – a 1min32s603
6. Nigel Mansell (Lotus 92 Cosworth) – a 1 volta
7. Thierry Boutsen (Arrows A6 Cosworth) – a 1 volta
8. Alain Prost (Renault RE40 Turbo) – a 1 volta
9. Bruno Giacomelli (Toleman TG183B Hart Turbo) – a 1 volta
10. Raul Boesel (Ligier JS21 Cosworth) – a 2 voltas
11. Marc Surer (Arrows A6 Cosworth) – a 2 voltas
12. Mauro Baldi (Alfa Romeo 183T Turbo) – a 4 voltas
13. Niki Lauda (McLaren MP4/1C Cosworth) – AB/49 voltas/suspensão
14. Roberto Guerrero (Theodore N183 Cosworth) – a 22 voltas (*)
15. Johnny Cecotto (Theodore N183 Cosworth) – AB/34 voltas/caixa de câmbio
16. Andrea de Cesaris (Alfa Romeo 183T Turbo) – AB/33 voltas/turbo
17. René Arnoux (Ferrari 126C2B Turbo) – AB/31 voltas/pane elétrica
18. Danny Sullivan (Tyrrell 011 Cosworth) – AB/30 voltas/pane elétrica
19. Jean-Pierre Jarier (Ligier JS21 Cosworth) – AB/29 voltas/rolamento de roda
20. Manfred Winkelhock (ATS D6 BMW Turbo) – AB/26 voltas/acidente
21. Derek Warwick (Toleman TG183B Hart Turbo) – AB/25 voltas/fuga de água
22. Riccardo Patrese (Brabham BT52 BMW Turbo) – AB/24 voltas/freios
23. Elio de Angelis (Lotus 93T Renault Turbo) – AB/5 voltas/transmissão
24. Eddie Cheever (Renault RE40 Turbo) – AB/4 voltas/distribuidor
25. Pier Carlo Ghinzani (Osella FA1E Alfa Romeo) – AB/4 voltas/superaquecimento
26. Patrick Tambay (Ferrari 126C2B Turbo) – AB/não largou

Classificação do Mundial após 7 etapas: 1. Alain Prost – 28 pontos; 2. Nelson Piquet – 27; 3. Patrick Tambay – 23; 4. Keke Rosberg – 22; 5. John Watson – 15; 6. Niki Lauda e Jacques Laffite – 10; 8. Michele Alboreto – 9; 9. Eddie Cheever e René Arnoux – 8; 11. Marc Surer – 4; 12. Danny Sullivan – 2; 13. Nigel Mansell, Mauro Baldi e Johnny Cecotto – 1 ponto.

Mundial de Construtores: 1. Renault – 36; 2. Williams – 32; 3. Ferrari – 31; 4. Brabham – 27; 5. McLaren – 25; 6. Tyrrell – 11; 7. Arrows – 4; 8. Lotus, Alfa Romeo e Theodore – 1 ponto.

Comentários