30 anos do bi, parte IX – GP da Inglaterra de 1983

RIO DE JANEIRO – Após um mês inteiro de intervalo a partir do GP do Canadá em Montreal, a Fórmula 1 se reuniu para a disputa da 9ª etapa do Mundial de 1983 em Silverstone, na Inglaterra. Para aquela que seria uma das corridas mais velozes do campeonato, várias equipes apresentavam novidades.

005-ING

A Brabham mostrou o BT52 na versão B, com diversas modficações implementadas por Gordon Murray na aerodinâmica, na suspensão e, para facilitar o reabastecimento rápido, um novo bocal de engate da mangueira de gasolina. O motor BMW também ganhou alguns cavalos a mais e a Brabham, então em 4º lugar no Mundial de Construtores, lutava para correr atrás do prejuízo.

006-ING

Gérard Ducarouge foi contratado pela Lotus, e em tempo recorde projetou e construiu o modelo 94T para substituir o ineficaz 93T. A equipe deu a Nigel Mansell, depois de oito corridas, a primeira chance de correr com o carro equipado com o motor Renault Turbo.

004-ING

Na Ferrari, Mauro Forghieri e Harvey Postlethwaite lançaram mão do 126 C3, um carro completamente novo no que tangia à aerodinâmica, suspensão e distribuição de peso do conjunto.

johansson-83

E por fim, a última novidade: a estréia da Honda com seu motor V-6 turbo equipando o chassi 201 da Spirit, um pequeno construtor inglês que disputava a Fórmula 2 européia. O carro estreara na Corrida dos Campeões, evento extra-oficial, com uma quebra. O piloto escolhido foi o sueco Stefan Johansson.

Treinos

Com 29 carros inscritos, os treinos foram muito disputados entre as equipes de ponta e mais uma vez os motores turbocomprimidos mostraram seu poder de fogo: os doze primeiros do grid tinham esta tecnologia em seus carros. A Ferrari, que já introduzira mudanças aerodinâmicas em seu carro desde o GP dos EUA em Detroit, tinha no meio da temporada o melhor carro da Fórmula 1. E não foi surpresa ver René Arnoux marcar mais uma pole position, com o tempo de 1’09″462 (média superior a 244 km/h), dividindo a primeira fila com o companheiro de equipe Patrick Tambay.

Alain Prost fez o 3º tempo e Elio de Angelis, num excelente desempenho, cravou a quarta melhor marca com o novo Lotus Renault, superando as Brabham de Riccardo Patrese e Nelson Piquet. O melhor carro com motor aspirado foi de novo a Williams de Keke Rosberg, com o 13º lugar – a mais de quatro segundos da pole position e na mesma fila que o Spirit Honda de Stefan Johansson.

Raul Boesel classificou-se em 22º e, num fato raro, à frente de Jean-Pierre Jarier. O novato Kenny Acheson, da RAM, não se classificou, junto com o italiano Corrado Fabi e o venezuelano Johnny Cecotto.

Corrida

Com sol forte e tempo bom – coisa raríssima no verão inglês – os 26 carros partiram para uma das mais sensacionais corridas da temporada de 1983. Arnoux deu mole na largada e Tambay assumiu a ponta, passando na primeira volta adiante do companheiro de equipe na Ferrari. Prost era o 3º colocado, trazendo no encalço Patrese, Cheever, de Angelis, Piquet, de Cesaris, Winkelhock, Warwick, Johansson… e Nigel Mansell, que de 18º pulou pra 12º em uma volta.

Na segunda volta, o motor da Lotus de Elio de Angelis estourou e com os problemas da Renault de Eddie Cheever, Piquet pulou de sétimo pra quinto, trazendo de Cesaris no encalço. Mansell, em corrida surpreendente, já era o nono. Pouco depois, a bomba de gasolina do Spirit Honda também se entregou e Stefan Johansson abandonou prematuramente a corrida.

Com nove voltas, foi a vez da Brabham de Patrese “abrir o bico” e Piquet, poupando o carro no início, chegou à quarta posição. Na 10ª passagem, o trio francês formado por Tambay, Arnoux e Prost ainda liderava, trazendo Nelson em quarto, de Cesaris em quinto e Winkelhock em sexto. Ao que se seguiam Warwick, Mansell, Niki Lauda e Mauro Baldi. Raul Boesel vinha em 17º.

Arnoux começou a enfrentar problemas de desgaste dos pneus Goodyear, que não aguentavam a altíssima velocidade imprimida pelos líderes. E na 14ª volta, o baixinho da Ferrari perdeu a vice-liderança para o baixinho da Renault. Cinco passagens depois, Piquet dispensou Arnoux e foi pra terceiro.

???????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Na 20ª volta, Prost não teve dúvidas: passou Tambay e foi para a liderança da corrida. Nesse meio tempo, Mansell fazia a torcida vibrar ao ganhar a 6ª posição de Winkelhock e Piquet, ao ultrapassar também a Ferrari de Tambay, chegava ao segundo posto.

Arnoux foi o primeiro do pelotão da frente a reabastecer, parando na volta 33 e retornando à pista em sétimo. Prost entrou nos boxes quatro passagens depois, ao mesmo tempo que Patrick Tambay fazia sua parada. Nisto, Nigel Mansell já alcançava um incrível terceiro lugar e Piquet assumia momentaneamente a liderança da corrida.

Mas Nelson precisaria também de colocar pneus novos e mais gasolina, o que ocorreu na 42ª volta, quando Prost regressou à dianteira. Mansell ficou por uma volta em segundo e também foi aos boxes para seu pit stop, voltando em quinto. Winkelhock, em ótimo sexto lugar, perdeu a posição quando um superaquecimento tirou sua ATS BMW de combate. Raul Boesel também já deixara a disputa em razão de um vazamento de óleo em sua Ligier Cosworth.

Antes do final, Mansell ganhou a quarta posição de Arnoux e Niki Lauda, numa corrida discreta e consistente, ainda conseguiu figurar na zona de pontuação com o McLaren de motor Cosworth V-8. Piquet sustentou o segundo lugar diante da pressão de Patrick Tambay, mas não conseguiu alcançar Prost, que venceu mais uma corrida e se isolou em seis pontos na liderança do campeonato.

A segunda posição deu a vice-liderança isolada a Piquet, com 33 pontos, contra 31 de Tambay, 25 de Rosberg e 19 de René Arnoux. Nada estava decidido e a segunda metade do campeonato estava só começando…

O resultado final do GP da Inglaterra de 1983:

1. Alain Prost (Renault RE40 Turbo) – 67 voltas em 1h24min39s780, média de 224,069 km/h
2. Nelson Piquet (Brabham BT52B BMW Turbo) – a 19s161
3. Patrick Tambay (Ferrari 126 C3 Turbo) – a 26s246
4. Nigel Mansell (Lotus 94T Renault Turbo) – a 38s952
5. René Arnoux (Ferrari 126 C3 Turbo) – a 58s874
6. Niki Lauda (McLaren MP4/1C Cosworth) – a 1 volta
7. Mauro Baldi (Alfa Romeo 183T Turbo) – a 1 volta
8. Andrea de Cesaris (Alfa Romeo 183T Turbo) – a 1 volta
9. John Watson (McLaren MP4/1C Cosworth) – a 1 volta
10. Jean-Pierre Jarier (Ligier JS21 Cosworth) – a 2 voltas
11. Keke Rosberg (Williams FW08C Cosworth) – a 2 voltas
12. Jacques Laffite (Williams FW08C Cosworth) – a 2 voltas
13. Michele Alboreto (Tyrrell 011 Cosworth) – a 2 voltas
14. Danny Sullivan (Tyrrell 011 Cosworth) – a 2 voltas
15. Thierry Boutsen (Arrows A6 Cosworth) – a 2 voltas
16. Roberto Guerrero (Theodore N183 Cosworth) – a 3 voltas
17. Marc Surer (Arrows A6 Cosworth) – a 3 voltas
18. Manfred Winkelhock (ATS D6 BMW Turbo) – AB/49 voltas/superaquecimento
19. Raul Boesel (Ligier JS21 Cosworth) – AB/48 voltas/vazamento de óleo
20. Pier Carlo Ghinzani (Osella FA1E Alfa Romeo) – AB/46 voltas/pressão de combustível
21. Derek Warwick (Toleman TG183B Hart Turbo) – AB/27 voltas/caixa de câmbio
22. Riccardo Patrese (Brabham BT52B BMW Turbo) – AB/9 voltas/turbo
23. Stefan Johansson (Spirit 201 Honda Turbo) – AB/5 voltas/bomba de combustível
24. Eddie Cheever (Renault RE40 Turbo) – AB/3 voltas/motor
25. Bruno Giacomelli (Toleman TG183B Hart Turbo) – AB/3 voltas/turbo
26. Elio de Angelis (Lotus 94T Renault Turbo) – AB/1 volta/distribuidor

Classificação do Mundial de Pilotos: 1. Alain Prost – 39 pontos; 2. Nelson Piquet – 33; 3. Patrick Tambay – 31; 4. Keke Rosberg – 25; 5. René Arnoux – 19; 6. John Watson – 16; 7. Eddie Cheever – 14; 8. Niki Lauda – 11; 9. Jacques Laffite – 10; 10. Michele Alboreto – 9; 11. Nigel Mansell e Marc Surer – 4; 13. Danny Sullivan – 2; 14. Mauro Baldi e Johnny Cecotto – 1 ponto.

Mundial de Construtores: 1. Renault – 53 pontos; 2. Ferrari – 50; 3. Williams – 35; 4. Brabham – 33; 5. McLaren – 27; 6. Tyrrell – 11; 7. Arrows e Lotus – 4; 9. Theodore e Alfa Romeo – 1 ponto.

Comentários