Fórmula 3 Brasil, 20 anos depois

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RIO DE JANEIRO – Com teto de R$ 450 mil por carro para toda a temporada de 2013, renasce o sonho de se ter uma Fórmula 3 brasileira, 20 anos após o famoso imbroglio da última etapa do Campeonato Sul-Americano de 1993.

Na ocasião, Hélio Castroneves venceu a corrida com um Ralt Mugen Honda da equipe de Amir Nasr, resultado que o deixaria com o título de campeão daquela temporada, porque o principal rival do piloto, o argentino Fernando Croceri, vinha em 5º lugar. Em circunstâncias até hoje jamais esclarecidas, mas que ocasionaram uma bulha sem tamanho, três argentinos (Fabián Malta, Nestor Gabriel Furlán e Guillermo Kissling) que vinham à frente do referido antagonista do brasileiro, tiraram o pé e permitiram que Croceri, ao chegar em segundo, comemorasse o título sul-americano da categoria. Detalhe: Croceri, Furlán e Malta tinham o patrocínio da YPF em seus carros. Outro detalhe: o motor Mugen do Ralt de Croceri não rendia bem desde o início da corrida, o que explicava o piloto em 5º lugar no início da última volta.

A atitude – condenada inclusive por vários argentinos – precipitou um racha na F-3 sul-americana e todos perderam. Os nossos vizinhos tiveram que se virar com um campeonato que mal tinha 12 carros por prova e as equipes brasileiras fizeram o certame doméstico, onde foram usados pela primeira vez chassis mais modernos que os Ralt de 1991 que eram maioria nas nossas pistas. Cristiano da Matta ganhou o título brasileiro, derrotando, entre outros, Hélio Castroneves, Ruben Fontes, Marcelo Tedesco, Bruno Junqueira e Ricardo Zonta.

Agora, a história é outra. Os argentinos quase não têm mais interesse nas competições de monoposto, embora Bruno Etman tenha vencido a temporada 2013 na divisão Light. A Fórmula 3 também não apresenta mais a força de outrora. A categoria se arrastou durante todo o ano com um número pífio de competidores e somente na etapa inaugural em Interlagos houve 13 inscritos. Várias corridas tiveram apenas seis carros na pista, compondo um panorama desalentador para uma categoria que já teve quase 30 pilotos por prova, no seu auge.

Nesta semana, em apresentação ocorrida no Parque Beto Carrero em Penha (SC), os organizadores da Fórmula 3 – Vicar, leia-se – expuseram o pacote para a disputa do campeonato, onde a categoria principal segue com os chassis Dallara F308/309 e motores Berta 2.3 litros de 260 HP de potência, calçados com pneus Pirelli importaods, ao custo de R$ 450 mil/ano. Na divisão Light, sobrevivem os Dallara F301, também com motor Berta e pneus Pirelli – de origem nacional. O preço cai ainda mais: R$ 195 mil/ano.

De acordo com o calendário, a Fórmula 3 Brasileira terá oito rodadas duplas e 16 corridas, em sete circuitos diferentes, começando em abril de 2014 em Tarumã. Torço para que a inciativa dê certo, que haja uma forma da categoria se sustentar e manter sua tradição de grande formadora de talentos para o automobilismo brasileiro e internacional.

Eis as datas:

05 e 06/04 – Tarumã
12 e 13/04 – Santa Cruz do Sul
03 e 04/05 – Goiânia
24 e 25/05 – São Paulo
26 e 27/07 – Curitiba
06 e 07/09 – Velopark
18 e 19/10 – Curitiba
22 e 23/11 – Brasília

Comentários

  • Agora tem o seguinte:
    Tá na hora de renovar o equipamento: em 2014 os carros da categoria principal terão entre 5 e 6 anos e os da light 13! Devem estar num bagaço só, mesmo que a manutenção seja top chega uma hora em que não dá mais. . .daqui a pouco podem colocar a tal da placa preta!
    Zé Maria

  • Alguns pontos:
    1) Quem vai controlar o “teto máximo” (sic) ?
    2) Uma das causas do fim da F-Futuro, depois rebatizada F-Fiat, foi a proibição de treinos livres. Não há nenhuma referência a isto no comunicado distribuído à imprensa por ocasião do lançamento da “F-3 de cara nova”.
    3) De acordo com o Ricardo Fávaro, os preço apresentados são os mesmos que foram cobrados nesta temporada.
    4) Quanto à renovação do quadro de chassis não creio que isto ajudaria, muito pelo contrário, um investimento destes não é atraente para ninguém.

    • Acho q não existe teto máximo, mas sim um valor mínimo pra temporada, q foi considerado adequado pra ter mais grid no campeonato, mas acho q se alguém chegar com 600, 700 pilas a equipe pode usar pra incrementar melhorias no carro, e acho q até testes…. A confirmar!

  • Em tempo, o que você menciona como “Em circunstâncias até hoje jamais esclarecidas,..” foi uma tremenda safadeza dos argentinos. Eu estava naquela corrida e presenciei vários argentinos que foram se desculpar junto ao Amir Nasr pela atitude lamentável dos concorrentes envolvidos nessa farsa. Entre os que conversaram com o Amir está o Fernando Tornello, o mais conhecido e respeitado jornalista de automobilismo da Argentina.

  • Sem querer polemizar, tanto com o Wagner Gonzalez como com o Rodrigo, afinal ambos são jornalistas especializados e eu apenas um seguidor deste e de outros blogs de velocidade, julgo ser necessária uma atualização dos equipamentos sim, ao menos na light, afinal competir com equipamentos já datados de 14 anos acrescentaria o quê aos jovens que depois pretendam partir para a Europa. . .
    Em sendo os custos proibitivos como citado pelo Wagner, que seja criada então uma categoria realmente de base com equipamento atualizado,tipo Fórmula 4 ou similar, para daí sim a molecada já se entender de cara com um equipamento top e não ficar guiando apenas por guiar, um F3 jurássico e que inclusive nem conta com uma motorização similar às categorias européias. . .
    Volto a dizer, essa é apenas a opinião de um aficcionado, ambos os escribas citados acima são especializados no tema.
    Abraço.
    Zé Maria

  • Deve-se utilizar apenas uma categoria na renomada F-3 Brasil em 2014, talvez com 12 carros e até importar e incorporar carros da F-4 Inglesa como pré-requisito para pilotos recém saídos do Kart e cumprindo uma faixa etária com objetivo de competir. Tipo pilotos de 16 a 18 anos correm na F-4, com mais idade irão para F-3 na qual será obrigatório antes de competir na F-3 tenha que disputar pelo menos uma temporada de F-4. Outro dado importante é premiar com uma vaga ao campeão e também o vice nas equipes das F-3 Europeia/Inglesa/Alemã ou GP3. Assim teremos uma categoria de base. Também será legal voltar a ter um campeonato nacional com novos chassis da F-Junior e impulsionar através de parcerias com duas ou três montadoras.