Ponto de ônibus (39)

unida-antigo-327-ex-cometa-jumbo-1970-ciferal-scaniaRIO DE JANEIRO – Renovação de frota de ônibus, principalmente em empresas que operam em linhas intermunicipais ou interestaduais não é novidade. Quando a empresa em questão é a Cometa, sempre se soube que os carros são trocados depois de um período de uso e outros são passados adiante ou vendidos. Quando viajei para São Paulo no fim do ano passado, vi vários da frota da referida empresa encostados para venda – muitos, inclusive, em bom estado.

O modelo da foto acima é um deles: trata-se de um Ciferal Turbo Jumbo produzido em 1970 com chassi e mecânica Scania BR-115, vendido pela Cometa para a Empresa Unida Mansur e Filhos Ltda., fundada em 1949 e que até hoje opera em linhas interligando Juiz de Fora, Belo Horizonte e Rio de Janeiro a diversas cidades do interior de Minas Gerais, especialmente da região da Zona da Mata. A empresa hoje conta com uma frota de 120 ônibus do tipo convencional ou executivo.

O antigo carro #527 foi fotografado em Juiz de Fora, nos anos 70. A foto que ilustra este post foi retirada do blog Ponto de Ônibus.

Comentários

  • Olá, Rodrigo.

    O chassi do Ciferal em questão não é o BR-115, mas sim o modelo SCANIA BR-110. A Scania trouxe 3 chassis da Suécia para o Brasil em 1968, para testes e desenvolvimento do produto BR-115 que seria aqui lançado posteriormente. A Cometa testou um exemplar; outro exemplar, foi testado pela Empresa de Ônibus Nossa Senhora da Penha, e um terceiro chassi ficou para testes da montadora. Os três veículos foram encarroçados pela Ciferal, no modelo Líder (o nome Turbo Jumbo é um batismo da Cometa ao modelo) e na Cometa o carro teve o nome JUMBO C, com prefixo 2014. Operou na linha São Paulo – Rio e foi operado por um único motorista, já falecido, o Inspetor Ailton Amaragy Telles. Posteriormente foi vendido para a Unida. O carro da Penha, prefixo 1301, foi comprado pela Rainha Turismo, também de Curitiba, e foi transformado em chassi de motorização dianteira (adaptado), equivalente ao B-111 da Scania à época. Este chassi Scania BR-110 tinha suspensão a ar, porém o motor era fraco. Era um motor aspirado, de 203 cv, equivalente ao B-76 fabricado no Brasil, sem turbo. A posição do motor também foi diferente com relação aos outros chassis de motor traseiro fabricados pela Scania no Brasil. Enquanto os chassis brasileiros tinham motorização longitudinal, isto é, com o motor instalado paralelamente aos pneus dos eixos, o motor do BR-110 era transversal, isto é, posicionado paralelo aos eixos. Consequentemente a posição do radiador também era diferente; o radiador ficava à lateral esquerda do carro, algo similar aos atuais chassis da Scania, enquanto que nos modelos com motor longitudinal (BR-115, BR-116, K-112 e K-113), o radiador posicionava-se ao lado do motor, com a ventoinha apontada para a traseira do veículo. Abraços!