Sem notícias, sem melhoras

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RIO DE JANEIRO – Vamos chegar a três meses desde o infausto acidente de esqui de Michael Schumacher nos últimos dias de dezembro do ano passado e o estado do heptacampeão mundial de Fórmula 1 não teve nenhum sinal de melhora. Muito menos qualquer tipo de notícia acerca de seu estado de saúde. Para todos os efeitos, o alemão de 45 anos continua em coma induzido no hospital no qual está internado, em Grenoble, na França, desde o ocorrido em Méribel, na região dos Alpes daquele país.

Uma coisa incomoda não só a mim como a todo mundo que acompanha o drama. Esse silêncio que aumenta os rumores de que há algo muito ruim por vir. A assessora de imprensa de Schumacher, Sabine Kehm, faz a parte dela, filtrando informações e, talvez, omitindo fatos do público em geral. É o papel que ela, fiel escudeira do alemão, tem que desempenhar nesses momentos duros, até porque a família certamente ficou incomodada com muitas besteiras escritas na imprensa, com o disse-me-disse e a boataria que tomou conta do noticiário.

Mas, por outro lado, ficamos órfãos de notícias que nos digam o que realmente está acontecendo com Michael Schumacher. E esse silêncio, que já dura pelo menos duas semanas desde o último comunicado, não é um bom sinal.

Li n’O Globo, salvo engano, que ele teria perdido cerca de 25% do peso do seu corpo desde a internação. É bem possível que isso tenha acontecido. Três meses sem reação, sem movimentos, sem atividade física de nenhuma espécie provocam realmente a queda de massa corpórea e, por consequência, do peso do paciente. Supondo que Schumacher estivesse com 77 kg, mantendo o peso de antes da aposentadoria, já que sempre foi preocupado com a forma física, o peso do alemão estaria na faixa de 57 kg.

É uma informação preocupante. E mais preocupante ainda é a recente declaração do médico oficial da Fórmula 1 entre 2005 e 2012, o dr. Gary Hartstein. Em seu blog, numa postagem intitulada Odds and Ends, o médico acha que o terreno está sendo preparado para o que os fãs de Schumacher jamais gostariam de ouvir.

“Eu sempre soube que Michael era adorado. Passei anos em circuitos tomados pela cor vermelha de bonés, bandeiras e camisetas da Ferrari. Ainda estou sensibilizado pela persistência do amor de seus fãs para ele. E, enquanto ficava preocupado sobre o que vai acontecer quando, e se, as notícias muito ruins forem anunciadas, percebi que a falta de atualizações no quadro clínico também pode ser uma chance para começarmos a nos despedir dele. E acho que este é o “benefício” inesperado da estratégia de mídia escolhida pela família de Michael. De alguma forma, acho que os fãs vão ficar bem, porque eles estão tendo tempo para processar tudo isso.”

Diante de tudo isso, só nos resta esperar. E torcer. Sempre achei que por sua condição privilegiada de esportista, Schumacher sairia bem desta. Mas pelo visto o quadro é profundamente desalentador. As lesões, as cirurgias e as consequências de tudo isto podem nos trazer um homem diferente daquele que nos acostumamos a conhecer dentro e fora das pistas.

Ou então teremos que ficar, para sempre, com as imagens que hoje são história e poderão ser memória.

Comentários

  • Desde os primeiros dias após o acidente, pela gravidade dos ferimentos, acho difícil que Schumacher sobreviva sem sequelas, como perda de movimentos, fala ou coisas do tipo…mas o estado de coma até os dias de hoje pode realmente indicar algo ainda pior…cabe a nós nos prepararmos para assimilar, caso ocorra a “falta” do heptacampeão.