Sinal de alerta

4427020140415085247

RIO DE JANEIRO – A crise recorrente envolvendo Rússia e Ucrânia pela posse da Crimeia pode trazer sérias consequências para o investimento de um grupo russo no automobilismo. Informa o piloto e diretor esportivo da SMP Racing Sergey Zlobin que as contas bancárias do time estão bloqueadas.

A SMP Racing é do banqueiro Boris Rotemberg, cuja fortuna, avaliada em US$ 1,7 bilhão pela Forbes o deixa entre as principais pessoas físicas mais ricas do mundo. Além do investimento no esporte a motor, uma paixão do argentário – que é inclusive amigo pessoal do presidente russo Vladimir Putin, Rotemberg tornou-se o acionista majoritário do Dynamo Moscou, tradicional clube de futebol de seu país. A SMP Racing surgiu há dois anos e vem conquistando espaço nas provas de Endurance – tanto que dois carros com as cores vermelha, azul e branca estão inscritos e prontos para a disputa das 6 Horas de Silverstone na abertura do WEC, no próximo domingo. Isso sem contar quatro Ferrari F458 Italia, três na LMGTC e uma na LMGTE, para a temporada do European Le Mans Series.

Por conta do bloqueio das contas internacionais dos russos, imposto pela União Europeia e pelo governo de Barack Obama como uma forma nada sutil de pressão pelo fim da ação militar da Rússia em território ucraniano – e que pode acabar numa guerra civil, um promissor programa de motorsport pode ir por água abaixo, sem mais nem menos.

A área de ação de Rotemberg no esporte contempla inclusive a Fórmula Indy. A SMP Racing estampa suas cores num dos carros do time de Sam Schmidt, conduzido por Mikhail Aleshin. Também são eles quem pagam as contas de Sergey Sirotkin como piloto reserva e de testes da Sauber, além da participação do jovem piloto na World Series by Renault.

Mas há ainda que se pagar fornecedores, funcionários e o aluguel das garagens nas quais estão os carros do WEC e ELMS. A AF Corse é um exemplo de credora da SMP Racing e se falhar o pagamento, os protótipos Oreca 03 Nissan LMP2 poderão não ser mais vistos nas pistas em breve.

Dentro do prisma atual, é bem difícil que o esporte seja usado como massa de manobra para que uma situação grave como esta seja solucionada. É algo que vai além da esfera automobilística. Envolve ego e poder. Mas pode custar caro, muito caro.

Os aficionados esperam por uma resolução rápida e pacífica desta crise. Caso contrário, a debandada da SMP Racing será terrível para o desenvolvimento do automobilismo russo, para os empregados do time e também para os pilotos – quer sejam daquele país ou os estrangeiros que foram contratados para 2014.

Comentários

  • Quem dera tivéssemos aqui no Brasil um grupo empresarial ou um empresário que fosse tão disposto a investir em automobilismo, e em diversas categorias de GT, monopostos e protótipos. E, sem querer defender uma parte e/ou criticar a outra, é estranho vermos a postura da União Européia e de Washington, uma vez que a separação da região em questão foi vontade dos moradores locais, que decidiram , aparentemente, democraticamente, sobre o assunto.

  • É algo que vai além da esfera automobilística que envolve algo que vai além de ego e poder, e sim a sobrevivência de um país diante de um governo imperialista que tenta subjugar seus vizinhos.

    Ou seja, questões geopolíticas, que são muito mais importantes que investimentos bancários ou competições automobilísticas.

  • Para piorar a situação, a equipe Millennium estará fora da primeira etapa do WEC em Silverstone por desentendimentos financeiros.