O caçador

05-25-RHR-Wins-At-The-Stripe-V2-Std
A chegada espetacular de mais uma 500 Milhas que entra para a história

RIO DE JANEIRO – Mais uma 500 Milhas de Indianápolis que entra para a história. Por diversos motivos. Especialmente pelos primeiros e alucinantes três quartos de disputa. Cento e cinquenta das 200 voltas previstas realizadas direto em bandeira verde, algo inédito e histórico. Nas redes sociais, algo me chamou a atenção: a média horária da primeira metade da disputa era superior a 213 mph – trocando em miúdos, mais de 340 km/h!

Aí começou a reação em cadeia: Charlie Kimball pôs mais um travo de azedume num fim de semana que a Ganassi vai querer esquecer. Não só pelos problemas no carro de Tony Kanaan, que posteriormente desistiu, como também por outro acidente, desta vez de Scott Dixon. Quando Ryan Briscoe e Sage Karam (este num carro partilhado com a Dreyer & Reinbold) são os únicos do time que terminam, alguma coisa estava fora da ordem.

Os demais incidentes, o primeiro envolvendo o pole Ed Carpenter e o 2º do grid James Hinchcliffe, além de Townsend Bell, este último deflagrando uma bandeira vermelha, impediram que a corrida deste domingo superasse a de 2013 como a mais rápida da história. E foi por muito pouco. As 186.563 mph de média, correspondentes a pouco mais de 300 km/h, não foram capazes de superar o recorde de Tony Kanaan.

05-25-RHR-Drinks-The-Milk-Std
Tradição: Hunter-Reay sobe ao Winner Circle e bebe o leite oferecido aos campeões das 500 Milhas

E quis o destino que esse recorde não fosse suplantado nem por um brasileiro e tampouco pelo primeiro estadunidense desde Sam Hornish a vencer a prova. Num final épico, digno de Indianápolis, Ryan Hunter-Reay caçou Hélio Castroneves, que buscava igualar o recorde de triunfos de Rick Mears, AJ Foyt e Al Unser. Numa ultrapassagem sensacional – aliás, RHR cometeu várias ao longo da prova, pois largou em 19º, o piloto do #28 da Andretti Autosport se colocou em posição privilegiada para vencer por apenas 0″060, a segunda menor diferença de todos os tempos.

Entre resignado e inconsolável, Castroneves rendeu-se. “Ele tinha uma marcha mais curta que a minha. E fez uma ultrapassagem incrível, por fora. Achei que não conseguisse”, comentou.

“Realizei um sonho”, disse Hunter-Reay. “Essa pista é a história, literalmente, do automobilismo estadunidense. É onde os pilotos se consagram. Espero que os fãs tenham ficado felizes com essa corrida”, finalizou o piloto campeão da Fórmula Indy em 2012.

Foi um duelo Andretti vs Penske pela vitória, literalmente, pois dos seis primeiros colocados, quatro pilotos eram do time de Michael Andretti e dois, Helinho e Juan Pablo Montoya, da equipe de Roger Penske. Aliás, méritos para o colombiano em seu retorno a Indianápolis. Conseguiu um excelente 5º lugar e liderou por 16 voltas. O segredo foi a autonomia de combustível, que o permitiu turnos de bandeira verde mais extensos que os adversários.

05-25-Busch-Waves-To-Fans-Std
De parabéns: Kurt Busch chega em 6º e promete voltar para tentar o Double Duty em 2015

E Kurt Busch mostrou o que sabe e o que vale. Sua presença atraiu mídia para a Indy 500 e o piloto da Nascar fez um corridão. É bem verdade que seu início foi discreto, com o #26 chegando a andar em vigésimo. Mas o ritmo de prova do Buschão foi excelente. Nunca foi dobrado pelos líderes e, com os abandonos e acidentes à sua frente, dos quais inclusive se livrou com maestria, chegou em 6º lugar e conquistou, com muitas sobras, o título de Rookie of the year das 500 Milhas.

Registre-se aliás que nenhum dos novatos se envolveu em grandes problemas ao longo das 200 voltas. Por sinal, os sete receberam a quadriculada e além do Buschão, o já citado Sage Karam fez também uma corrida bastante interessante, terminando em nono lugar.

Comentários

  • Realmente uma das melhores edições da prova. Torci muito para a corrida terminar sem bandeira amarela ou, no máximo, com uma só, seria sensacional.

    Helio lutou muito, é verdade, mas desde os primeiros pits. Hunter Reay dava pistas de ter o melhor carro e a ultrapassagem por fora no finalzinho foi realmente fantástica!

    O titulo em 2012 não empolgou tanto o publico americano, mas, agora com essa vitoria, acho que os ianques finalmente vão perceber a grande categoria que tem e, principalmente, o excelente piloto que os representa. Um cara que quase parou de correr por várias vezes na época da Cart e hoje é campeão e vencedor da Indy 500.

    No mais, uma pena por Ed Carpenter e Tony e que corrida do Bushão!

  • O final foi realmente sensacional…digno da grandeza da prova…torci demais pelo Hélio, mas não deu…afinal, corridas são assim mesmo.
    Me estranhou o dia da Ganassi, totalmente fora de combate. Destaco também a corrida excelente do Buschão, e mostra que, se perder espaço na Nascar, tem onde correr. Montoya também mostra a cada corrida que cada vez mais recupera a forma nos monopostos…uma vitória não deve demorar. Villeneuve estava na prova? Nem ouvi falar de seu nome…e o Buddy Lazier, campeão da prova há quase 20 anos atrás, também não desenferrujou.
    Esta corrida, acima de tudo, mostrou que a Indy pode, e deve, buscar mais segurança sempre…mas jamais pode abandonar os ovais

  • Uma corrida incrível. Torci muito pelo Hélio mas infelizmente não deu. Ano que vem tem mais e ele é sempre favorito na Indy 500.

    Fiquei impressinado com o Buschao, excelente trabalho dele e do Karam, que snme veio lá da ultima fila e conseguiu chegar entre os 10.

    Ansioso já pela Indy500 2015!

  • É foi bem dito a Indy,não pode ¨abandonar os ovais¨,mas precisa cuidar melhor das pistas de rua e principalmente de alguns circuitos,em quê se a gente dá uma olhada melhor eles não diferem tantos dos nossos não.De resto foi uma prova muito boa,quem assiste fica ligado,parece quê a gente vira até estrategista,muito diferente do GP de Mônaco e da F1 quê cada dia dá mais sono.

    • Por incrível que possa parecer, a melhor pista de rua que a categoria correu, em termos de velocidade, pontos de ultrapassagem e ondulação do asfalto, foi o Anhembi, sacado do calendário neste ano…e quem afirmou isso foram os próprios pilotos.
      Eu, por exemplo, sou contra a realização de corridas em pistas como Baltimore (aquela com uma linha férrea no meio, horrível…) e Houston, que aposentou o Franchitti e que tinha ondulações maiores do que as habituais nos traçados de rua. Long Beach e Toronto são clássicas, e gostaria ainda que voltasse também Vancouver.

      • Baltimore felizmente foi limada do calendário e concordo com você, Fernando. Não havia a menor condição de existir corrida naquilo que chamavam de pista.