Sorte de campeão?

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Em grande fase, Nico Rosberg cravou sua quarta pole position no ano

RIO DE JANEIRO – Parece que os ventos sopram a favor de Nico Rosberg na temporada 2014 de Fórmula 1. A esta altura do campeonato, derrotar Lewis Hamilton na corrida caseira do rival e colega de Mercedes-Benz é tudo que o alemão podia querer. E num treino imprevisível como este do GP da Inglaterra, em Silverstone, o líder do campeonato mostrou força diante do britânico. Graças a uma volta demolidora – 1’35″766, quase dois segundos mais rápido que qualquer outro piloto em pista no Q3, o alemão conquistou a 8ª pole position da carreira – quarta dele neste ano.

Não só Nico conquistou a posição de honra, como viu também Hamilton sucumbir diante de seus próprios erros, cada vez mais frequentes quando o campeão de 2008 mostra que é suscetível a pressões. O que restou a ele foi apenas a 6ª posição no grid, tão distante quanto já fora o nono posto na Áustria. É claro que tudo pode acontecer na corrida – inclusive se a chuva der as caras, a disputa fica imprevisível. Mas quem quer ser novamente campeão não pode ser dar ao luxo de errar tanto.

E por falar em campeão, não é que Sebastian Vettel, que vem numa temporada abaixo das expectativas, muito por culpa de problemas técnicos que o afligem com frequência irritante, pôs as manguinhas de fora? Não fosse o temporal de Rosberg e veríamos o carro #1 da escuderia rubrotaurina na pole position. O alemão nada pôde fazer contra a volta do compatriota, mas não tem motivo nenhum para ficar triste, já que larga em segundo.

Tião foi o único que ousou furar o domínio absoluto dos motores Mercedes-Benz num asfalto meio úmido, meio seco, meio molhado. Foram seis carros com os propulsores da estrela de três pontas entre os sete primeiros, com as McLaren de Button e Magnussen em terceiro e quinto e as Force India de Hülkenberg e Pérez em quarto e sétimo. Os outros carros eram, assim como o de Vettel, impulsionados pelos Renault: Ricciardo em oitavo e a dupla da Toro Rosso na quinta fila.

E a Williams? E a Ferrari?

Pois é… as duas equipes foram os grandes malogros do treino classificatório. Mais uma vez, os erros de estratégia derrubaram os quatro pilotos de duas das equipes mais tradicionais da Fórmula 1. Nenhum deles passou do Q1, o que é um absurdo. Os críticos vão mais uma vez martelar o Felipe Massa porque ele ficou atrás de Valtteri Bottas, mas dessa vez nem o brasileiro e nem o nórdico têm culpa. Parece piada, mas nem Williams e nem Ferrari conseguem aprender com os erros do passado e, pior, mostram que continuam se apequenando cada vez mais diante das adversárias.

Com a Caterham patética, mesmo após a mudança de comando (fora dos 107%, Marcus Ericsson e Kamui Kobayashi devem receber permissão especial da FIA para competir domingo), a nanica Marussia brilhou e pôs os dois carros no Q2. Faltou sorte para que uma zebra passeasse rumo ao Q3 e Jules Bianchi, simplesmente espetacular no Q1, ficou com a 12ª posição – o melhor grid da equipe que já pontuou neste ano com o próprio piloto no GP de Mônaco. Max Chilton também esteve bem: ficou em 13º, mas terá que largar cinco posições atrás por troca de câmbio. No mais, outro destaque positivo do sábado é a notícia de que a Lotus, 11ª colocada no grid com Romain Grosjean, deve trocar os motores Renault pelos Mercedes-Benz.

Um outro aspecto que precisa ser falado da Fórmula 1: essa decisão da FIA em anular os tempos dos pilotos que ultrapassassem o limite da pista em duas curvas beira o absurdo. A “coxinhização” do esporte não é culpa da categoria máxima e sim da entidade máxima do automóvel, com suas medidas impositivas. Essa história de “track limits” já é combatida no WEC e, daqui a pouco, até o Mundial de Rali vai ter restrições. No dia em que isso acontecer, é melhor todos nós irmos para casa.

Vamos ao grid:

1. fila
Nico Rosberg (Mercedes W05) – 1’35″766 – Q3
Sebastian Vettel (Red Bull RB10-Renault) – 1’37″386 – Q3
2. fila
Jenson Button (McLaren MP4/29-Mercedes) – 1’38″200 – Q3
Nico Hulkenberg (Force India VJM07-Mercedes) – 1’38″329 – Q3
3. fila
Kevin Magnussen (McLaren MP4/29-Mercedes) – 1’38″417 – Q3
Lewis Hamilton (Mercedes W05) – 1’39″232 – Q3
4. fila
Sergio Perez (Force India VJM07-Mercedes) – 1’40″457 – Q3
Daniel Ricciardo (Red Bull RB10-Renault) – 1’40″606 – Q3
5. fila
Daniil Kvyat (Toro Rosso STR9-Renault) – 1’40″707 – Q3
Jean-Eric Vergne (Toro Rosso STR9-Renault) – 1’40″855 – Q3
6. fila
Romain Grosjean (Lotus E22-Renault) – 1’38″496 – Q2
Jules Bianchi (Marussia MR03-Ferrari) – 1’38″709 – Q2
7. fila
Esteban Gutierrez (Sauber C33-Ferrari) – 1’40″912 – Q2
Pastor Maldonado (Lotus E22-Renault) – 1’44″018 – Q2
8. fila
Adrian Sutil (Sauber C33-Ferrari) – no time – Q2
Valtteri Bottas (Williams FW36-Mercedes) – 1’45″318 – Q1
9. fila
Felipe Massa (Williams FW36-Mercedes) – 1’45″695 – Q1
Max Chilton (Marussia MR03-Ferrari) – 1’39″800 – Q2 **
10. fila
Fernando Alonso (Ferrari F14-T) – 1’45″935 – Q1
Kimi Raikkonen (Ferrari F14-T) – 1’46″684 – Q1
11. fila
Marcus Ericsson (Caterham CT05-Renault) – 1’49″421 – Q1
Kamui Kobayashi (Caterham CT05-Renault) – 1’49″625 – Q1

(**) penalizado com a perda de cinco posições

 

Comentários

  • Rodrigo,

    Realmente é estranho essa decisão da FIA em anular os tempos dos pilotos que ultrapassam os limites da pista. Que coloquem brita ou terra nesses locais para que os mesmo percam tempo e sejam punidos por seus erros na pista e não no tapetão.

    Abraço!