As 10 maiores cadeiras elétricas da Fórmula 1, na votação dos leitores

RIO DE JANEIRO – Chegou a hora de revelar quais foram os carros que os leitores do blog indicaram como as maiores cadeiras elétricas da Fórmula 1 em todos os tempos. Foram indicados quase 80 modelos diferentes, e até o Auto Union C Type dos tempos de Bernd Rosemeyer foi lembrado. Então, do décimo ao primeiro, em ordem crescente de importância, vamos aos mais votados.

10º lugar, com 5 votos
AGS JH22 (1987)

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Não é difícil enumerar os motivos pelos quais o AGS JH22, carro da pequena equipe francesa fundada por Henri Julien, está no top 10 das maiores cadeiras elétricas da F1. O chassi era do Renault RE40 de 1983 e o fundo plano era feito em madeira compensada. Um equipamento precário com um piloto do nível de Pascal Fabre não podia mesmo dar certo. Só quando Roberto Moreno começou a colaborar com sugestões que levaram inclusive o carro a chegar num histórico 6º lugar no GP da Austrália de 1987 é que a trapizonga conseguiu alguma coisa perto do razoável na categoria.

9º lugar, com 6 votos
Eurobrun ERL89 (1989/1990)

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Esse foi sem dúvida um dos piores carros que a Fórmula 1 viu nos anos 80. Com desempenho tétrico na temporada de 1989, quando estreou primeiro nas mãos de Gregor Foitek e depois nas de Oscar “Poppy” Larrauri, jamais foi visto numa prova naquela temporada, a não ser na pré-qualificação, da qual nunca passava. O carro ganhou uma sobrevida para 1990 e ainda fez algumas corridas, graças ao talento inesgotável de Roberto Moreno (sempre ele!). Claudio Langes, companheiro do brasileiro, jamais se qualificou para um GP. A Eurobrun fechou as portas antes do campeonato acabar.

8º lugar, com 6 votos
Forti Corse FG01 (1995/1996)

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Carro da temporada de estreia da equipe de Guido Forti, que tinha nos primeiros tempos o brasileiro Carlo Gancia como sócio, o FG01 foi um projeto totalmente equivocado do argentino Sergio Rinland. Além de mais pesado que todos os outros que competiam em 1995, era lento e sem nenhuma pressão aerodinâmica. Só quando foi feita uma “dieta” para tirar o excesso de peso – que chegava a 70 kg! – o Forti Corse FG01 começou a andar um pouco melhor. E superou os Pacific porque a revisão dos motores Cosworth era paga a tempo, graças aos patrocinadores de Pedro Paulo Diniz. O FG01 ainda começou a temporada de 1996 pela equipe, mas o carro era tão ruim que os pilotos Andrea Montermini e Luca Badoer ficaram fora de várias corridas. A equipe faliu no meio do ano, quando já estava sob o controle do misterioso grupo Shannon.

7º lugar, com 6 votos
Lola T97/30 (1997)

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A Lola destruiu totalmente sua reputação de construtora de carros de corrida com este autêntico equívoco do automobilismo. Na verdade, o sinal de alerta já fora emitido em 1993 após a infeliz parceria com a Scuderia Italia e em 1995, o fabricante de Huntingdon chegou a pôr para andar em testes outro “cheque sem fundo”, o T95/30, sem sucesso algum. A equipe tinha o patrocínio da MasterCard e um ambicioso programa de captação de recursos – que jamais saiu do papel. Afinal, quem investiria no desenvolvimento de um carro que foi QUINZE SEGUNDOS mais lento que a pole position do GP da Austrália de 1997? Humilhado, Eric Broadley fechou a equipe antes do GP do Brasil. Ricardo Rosset e Vincenzo Sospiri que, coitado, nunca mais teve a chance de tentar disputar uma prova de F1, ficaram a ver navios.

6º lugar, com 6 votos
Copersucar-Fittipaldi F6 (1979)

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Este carro, quando apresentado no fim de 1978, chamou a atenção pela aerodinâmica arrojada e deu a impressão que, finalmente, a Copersucar-Fittipaldi alçaria voo de cruzeiro na Fórmula 1. Em sua apresentação, a imprensa internacional compareceu em peso, excitada pela novidade vinda da América do Sul. Só que tudo saiu errado. A aposta em Ralph Bellamy, que não era propriamente o designer da Lotus 79 mas sim um dos muitos que trabalharam para Colin Chapman na concepção do primeiro carro-asa da categoria, revelou-se equivocada logo no primeiro teste, em que o carro apresentou de saída sérios problemas de torção do chassi. Não adiantou o inglês apelar para os seus conhecimentos e experiência, socando a mesa e gritando em reuniões com os irmãos Fittipaldi. O carro foi um desastre e nem o talento de Emerson, bicampeão mundial, seria capaz de salvá-lo. Quando Ricardo Divila e o pessoal do Studio Fly acabaram convocados para dar um jeito no F6, que virou F6A, já era tarde. Os irmãos Fittipaldi perderam o patrocínio da Copersucar no fim de 1979 e há quem diga que o fracasso do F6 teria sido o início do fim do time brasileiro na F1.

5º lugar, com 6 votos
HRT F112 (2012)

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E eis que os leitores elegeram uma cadeira elétrica contemporânea entre as 10 mais. Aliás, registre-se que todos os três HRT foram votados, o que prova a ruindade do time. O mais votado foi o último modelo do time de José Ramon Carabante. O F112 com motor Cosworth CA2012 era próximo do sofrível. O projeto de Paul White começou falhando a qualificação para ambos os pilotos – Pedro de la Rosa e Narain Kartikheyan – logo na abertura do Mundial de 2012 na Austrália e, dali para diante, em 16 das corridas seguintes pelo menos um dos F112 (isso quando não eram os dois) largou da última fila do grid. O melhor resultado foi um 15º lugar em Mônaco. Sem nenhum atenuante, a HRT era uma carroça. E a equipe saiu de cena após 56 corridas. Não deixou saudades.

4º lugar, com 8 votos
Simtek S941 (1994)

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Este é o carro para sempre lembrado pela morte do austríaco Roland Ratzemberger no GP de San Marino de 1994 e pelo acidente de Andrea Montermini no treino do GP da Espanha. A Simtek foi uma equipe que surgiu sem nenhuma tradição nas categorias de base, por influência de Max Mosley, utilizando-se de projetos de um jovem engenheiro chamado Nick Wirth para a BMW (que depois viraria, pasmem, o Andrea Moda) e, posteriormente, para a natimorta Bravo, da Espanha. O acidente brutal de Ratzemberger, inclusive, revelou uma enorme falha estrutural do chassi do S941, que teve um rombo aberto após a pancada seca do austríaco no muro da curva Villeneuve. A equipe até tentou angariar alguma simpatia pelo patrocínio da MTV, mas não alcançou seu intento. Sem dinheiro, mesmo após um acordo de tecnologia com a Benetton para 1995, a Simtek saiu de cena.

3º lugar, com 10 votos
Coloni-Subaru C3B (1990)

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Giancarlo Minardi, ao ver o motor do construtor japonês funcionando num teste experimental num de seus antigos chassis – no de 1988, creio – ao perceber o tamanho da “encrenca”, caiu fora e não assinou um contrato que estava em sua mesa na sede de seu time em Faenza. A Fuji Heavy Industries, dona da Subaru, foi bater na porta de outro italiano: Enzo Coloni. Este não só assinou o contrato como deixou os japoneses com uma parte na sociedade. Dois grandes equívocos nortearam esta associação: o primeiro, o simples fato do motor Subaru ter projeto do italiano Carlo Chiti, já conhecido pelo fracasso dos Motori Moderni Turbo. O segundo e principal: o motor tinha 12 cilindros (opostos), era pesado e comprido. Pobre Bertrand Gachot e pobre Coloni. A associação foi desfeita no meio do campeonato de 1990, após infelizes tentativas de pré-qualificação do carro – que era o modelo de 1989 adaptado – e projetado pelo engenheiro Christian Vanderpleyn.

2º lugar, com 12 votos
Life L190 (1990)

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As histórias que marcam a passagem da Life na Fórmula 1 sem dúvida dão uma medida do quanto foi terrível este projeto, talvez o pior carro já visto numa categoria de ponta do automobilismo mundial. Era o chassi do natimorto projeto First, ao qual foi adaptado o motor de 12 cilindros com bancada em W, projetado por Franco Rocchi, ex-engenheiro da Ferrari. A equipe, um sonho de Ernesto Vita, era frágil e o carro era um desastre completo. Com exceção da pré-qualificação do GP de Mônaco, nenhum piloto que sentou no L190 teve condições de completar mais de cinco voltas em sequência, tantos eram os problemas, tantas eram as quebras. E pensar que Bruno Giacomelli, então com 38 anos e ausente da categoria desde 1983, foi chamado para “andar” no Life diante de um fixo de US$ 30 mil por corrida. Lógico que a Life não teve outro destino senão a obscuridade e os compêndios como uma das várias equipes que jamais competiu na F1.

1º lugar, com 14 votos
Andrea Moda S921 (1992)

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Eis o “campeão”, o carro que é a maior cadeira elétrica da história. Só não alcançou o mesmo feito do Life porque Roberto Moreno (olha ele aí de novo!) fez milagre e classificou o carro para o GP de Mônaco de 1992. O Andrea Moda S921 percorreu onze voltas naquela corrida e só. De resto, a temporada foi um sem-fim de desclassificações, pelos mais variados motivos que iam de manete de câmbio na mão dos pilotos até motores quebrados, passando por montagem errada de pneus, acertos péssimos e um carro que, definitivamente, era ruim. O projeto de Nick Wirth (sempre este homem fatal!) na verdade era para a BMW, mas os bávaros desistiram temporariamente do sonho de regressar à categoria. Na verdade, Andrea Sassetti, o misterioso empresário do ramo de calçados que comprara a Coloni, achou que poderia usar os chassis do C4 para começar o campeonato de 1992 e Bernie Ecclestone, à sua maneira, interveio e impediu que os carros fossem usados porque a propriedade intelectual dos mesmos pertencia a Enzo Coloni. O S921 começou a ser montado no México (após a corrida, é bom lembrar) e as histórias que norteiam a equipe no GP do Brasil em 1992 misturam o patético ao hilário. A FIA baniu a Andrea Moda das pistas porque, segundo a entidade, a equipe e Andrea Sassetti traziam “má reputação” ao esporte.

Comentários

  • Lembrando que a Lola era um chassi Reynard da Indy de 1994 adaptado para um F-1 de 1997!!

    E sobre a Andrea Moda, nada pior do que o carro do McCarthy, num sol de rachar em Silverstone, sair para os treinos com pneus biscoito!!

      • Acho inverossímil o Broadley pegar um Reynard, carro de uma concorrente, e transformá-lo em Fórmula 1.

      • Na verdade, o Lola de 1997 era um frankstein que levava peças de vários outros chassis – era uma inacreditável mistura de partes do Lola da Indy/CART de 1996 e do Lola de F1 de 1995 (que nunca correu oficialmente), com a traseira o Lola-Scuderia Italia de 1993 e os motores Ford da Forti-Corse de 1996!

        Além disso, tinha uma pesadíssima, ineficiente e enorme caixa de transmissão transversal (algo completamente esdrúxulo para um carro de motor traseiro longitudinal como um F1), que dava esse aspecto de “cama de casal king size” à carroceria do “bólido”.

        http://bandeiraverde.com.br/2012/03/17/top-cinq-a-malha-fina-dos-107/

      • Era Lola mesmo, xará, desculpa a viagem! Hehehehehehehe… Era o T96/00 que o Raul Boesel usou em 1995!!! =D

  • Pô, US$ 30 mil era um dinheiro beeeem razoável para o Giacomelli ir nas corridas e passear com o carro. Bom salário se tratando da Life…

  • Quanta cadeira elétrica!
    ps: essa matéria, tiramos a conclusão que, o verdadeiro mago da F1 chama-se ROBERTO MORENO!! O “super sub” fazia cada milagre !

  • E só fazendo uma conta rápida de matemática tico tico, o nosso amigo Roberto Pupo Moreno teve a “”honra”” de defender 50% dessas equipe e suas cadeiras elétricas maravilhosas…
    Coitado do Baixo, este era mais q um lutador, um operário da F1. Merece um capítulo só dele na história do automobilismo mundial

    • Também acho que mereceria até um Globo Repórter…..rsrsr – não vamos esquecer que ele foi piloto de testes da Lotus, Ferrari e se não me engano andou também pela Mclaren, e ainda tem a Indy com Penscke, Newman-Hass e muitas outras pequenas e médias….se eu não esqueci nada….pra mim um dos mais importantes pilotos da historia do automobilismo internacional.

  • Melhor post dentre vários blogs que acompanho… Tenho pena do Moreno, mostrou serviço na Benetton, não tinha como andar nesses carros!!! Vale lembrar que ele correu tbm na AGS.

    Nem lembrava da Life L190.

    Parabéns!!!

  • Caraca, o Moreno foi muito injustiçado! Exceção feita ao curto período em que correu pela Benetton (1990-91), só pegou tranqueira!
    Merecia sorte melhor na categoria.

    Rodrigo, acho que a futura equipe do Gene Haas vai entrar neste balaio, rs. Quem viver, verá!

  • Um dos melhores posts sobre automobilismo que já vi ! apesar disso tudo a formula 1 era muito melhor naquela época ! mesmo com todas estas loucuras ai citadas fora as que não foram citadas.

  • Mattar eu sei que é a F1 , mas andando em outras categorias eu me lembrei da CART um chassi Lola de 97 da antiga Cart que fez a Vida do Andre Ribeiro e do Adrian Fernandez um inferno naquela temporada ; O Penskie de 98 que acabou com a carreira do Andre Ribeiro e aposentou o Al unser Jr . Os Chassis Eagle da All America Races que nao durou 3 temporadas .

  • Lola 1995 …. participei da coletiva de imprensa do Rosset … apesar do carro fraco, de fato existia uma esperança financeira com o apoio da Mastercard. Porém após entrar nos boxes no GP Brasil e ver pela primeira vez de perto um motor instalado dentro de um F1, assim que deixei Interlagos soube da notícia …. Uma pena, porque LOLA é um nome forte quando observado na história da F1.

  • Boa lista. Hoje podemos falar muito sobre essas equipes mas de uma certa maneira tenho saudades delas. Não sei mas acho que a presença delas dava um ar de simpatia e humanidade a categoria, hoje tão corporativizada e à prova de erros.

    Rodrigo, você poderia fazer uma lista de outro tipo de carro, os vulgos ‘caixões sobre rodas’, aqueles que se falavam que eram projetos não muito seguros e podem ter, de uma certa maneira, vitimado alguns pilotos infelismente. Ferrari 126C por ex. É meio mórbido mas interessante.

    Abraço

  • No caso do Fittipaldi, tem uma entrevista do Wilsinho com o Reginaldo Leme que ele detalha bem a história desse tiro n’agua. Depois do primeiro teste em Interlagos, o Emerson saiu do carro e disse que “parecia uma banana assada”. Fora os tubos de dinheiro que eles gastaram por que o Bellamy convenceu eles a fazer uma estrutura em Honeycomb, que ainda não era uma técnica muito desenvolvida – e nem um pouco barata – além de querer desenvolver um tipo de amortecedor exclusivo, feito pela Bilstein, fazendo o Wilsinho ir até a Suécia para usinar uma peça exclusiva pra esse tal amortecedor, que não fez diferença nenhuma no carro.
    Ali foi de fato o começo do fim.

    Parabéns pelo post.

  • Rodrigo uma curiosidade. Alguém citou o Amon – Cosworth 1974, Apollon – Cosworth 1977, Kaushen – Cosworth 1979 e o Merzario – Cosworth de 1979? Esse também mereciam uma menção honrosa…

  • Só discordo do termo “cadeira elétrica” – não que alguns não fossem. O F6 era, com certeza. Tenho que cadeira elétrica é o carro inguiável. Alguns citados eram somente mais lentos, fosse pelo peso, seja fosse deficiência aerodinâmica, fosse pelo conjunto da obra (as vezes + o piloto). Pelo que ouvi dizer, exemplo de cadeira elétrica era a McLaren MP4/5 acertada para o Senna nas mãos do Prost. O francês JAMAIS guiaria o carro com acerto do Ayrton… Molas, barras e cambagem diferentes para cada roda, específicas para cada parte de determinado circuito, quase um bólido de oval…

  • Sem dúvida essa Forti Corsi era um LIXO, andava lento de doer, acho que se colocasse um GP2 e um carro da Forti Corsi , certamente o GP2 DARIA uma surra na Forte Corsi…
    Quantos carros feios, lentos, sem projetos vencedores…
    Infelizmente rios de Dinheiro jogado fora na F1.

  • Rodrigo ,não em qual equipe dessas , o Roberto Moreno em uma qualificação (Interlagos) ,a alavanca de cambio saiu na mão dele em plena volta lançada !!!

  • Achei um pouco injusto a Simtek ser lembrada e a Pacific não. Afinal, a Simtek se classificou para todas as corridas em 94 (única exceção foi o Ratzenberger no GP do Brasil, quando teve problemas no motor na sexta e no sábado choveu), e no final da temporada estava até superando a Lotus e a Larrousse, enquanto a Pacific só conseguiu se classificar para 5 GPs (Brasil, San Marino, Mônaco, Espanha e Canadá) e não conseguiu completar nenhuma prova naquele ano…

  • Não esqueçamos o carro do Peixoto, personagem de Ney Latorraca em ‘TV Pirata:, dirigindo o pior carro de F1 de todos os tempos!