40 anos do bi, parte IX – GP da França de 1974

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Poster promocional do GP da França

RIO DE JANEIRO – Nona etapa do Mundial de Fórmula 1 em 1974, o GP da França visitava uma nova sede após o revezamento entre Clermont-Ferrand e Paul Ricard ocorrido entre os anos de 1970 e 1973. Com a defecção do circuito localizado em Charade pelo alto risco de acidentes em seus 8,055 km de extensão entremeados por mais de 50 curvas, a corrida passou ao circuito de Dijon-Prénois.

Com apenas 3,289 km de extensão, a pista proporcionaria uma das provas mais curtas em extensão de todo o campeonato – 263,120 km seriam percorridos no dia 7 de julho. Emerson Fittipaldi chegava a esta corrida com a liderança do Mundial de Pilotos, um ponto apenas à frente do austríaco Niki Lauda, com Clay Regazzoni e Jody Scheckter próximos em terceiro e quarto – respectivamente.

A lista de inscritos para o GP da França tinha 31 carros, mas o número de vagas em razão da extensão do circuito foi limitado a 22, o que deixaria nove pilotos de fora. José Carlos Pace voltou à categoria após seu afastamento do Team Surtees por interferência de Bernie Ecclestone, que lhe inscreveu uma Brabham BT44 branca, sob a tutela da John Goldie Racing With Hexagon. O lugar do brasileiro ficou com José Dolhem, meio-irmão de uma jovem promessa do automobilismo francês, chamada Didier Pironi, então despontando nos karts. Jean-Pierre Jabouille ocupou o cockpit do segundo Iso-Marlboro e Jacques Laffite aparecia como o piloto do Token #42 – porém, a inscrição do carro do time de Tony Vlassopoulo e Ken Grob foi rejeitada pelos organizadores.

Nos treinos, com praticamente 33% dos inscritos caindo fora, o austríaco Niki Lauda conquistou mais uma pole – que foi histórica. Ele tornou-se o primeiro a fazer uma volta de qualificação em qualquer pista de Fórmula 1 abaixo de um minuto – 58″79, média de 201,402 km/h, apenas 0″29 melhor que o sueco Ronnie Peterson, que por sua vez foi apenas três centésimos mais veloz que o surpreendente Tom Pryce, da Shadow. Clay Regazzoni classificou-se em quarto, com a McLaren ocupando a terceira fila graças a Emerson Fittipaldi e Mike Hailwood. Doze dos 22 pilotos autorizados a largar ficaram no mesmo segundo do pole position e François Migault, o último, acabou a 2″07 apenas do tempo de Lauda.

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Com a ajuda de Bernie Ecclestone, Moco voltou com um Brabham BT44 da equipe John Goldie Hexagon; mas o brasileiro não obteve a classificação para o GP da França

Entre os oito que ficaram de fora, estava José Carlos Pace. Com o tempo de 1’01″35, o brasileiro foi apenas o 24º colocado e segundo reserva, atrás de Vern Schuppan. O grupo dos eliminados teve ainda Jean-Pierre Jabouille, Rikki Von Opel (que seria demitido da Brabham), Hans-Joachim Stuck, José Dolhem, Gérard Larrousse e Leo Kinnunen.

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A largada foi caótica para depois da primeira fila: enquanto Lauda e Peterson não tinham qualquer problema em seus carros, o Shadow de Tom Pryce engasopou assim que a bandeira de partida baixou, com superaquecimento. Carlos Reutemann, que vinha em oitavo no grid, se enroscou com o Shadow #16 e o galês novato foi atirado de encontro ao Hesketh de James Hunt: um déja vu do que acontecera semanas antes, na Holanda. Os dois desistiram e Reutemann seguiria até abandonar na 25ª volta, com problemas de dirigibilidade, em consequência do acidente.

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Lauda liderou em Dijon as primeiras 16 voltas, mas não resistiu à pressão enorme de Ronnie Peterson

Emerson, que passou a primeira volta apenas em oitavo, superou logo a Tyrrell de Patrick Depailler. Quinze passagens depois, ele já era o quarto, tendo ultrapassado também o belga Jacky Ickx, o britânico Mike Hailwood e o sul-africano Jody Scheckter. Na volta 16, Lauda começou a sentir a enorme pressão do sueco voador e logo a seguir a Lotus #1 despontava na ponta em Dijon.

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A ótima corrida de Emerson Fittipaldi terminou num vazamento de óleo que provocou a quebra do motor da McLaren #5 no GP da França

Quando já buscava a aproximação sobre o 3º colocado Clay Regazzoni, a corrida de Emerson Fittipaldi sofreu um duro golpe: vazou óleo do motor Ford Cosworth DFV do carro #5 e houve a explosão do propulsor, que tirou o brasileiro da corrida e ofertou a quarta colocação a Scheckter.

O veterano Denny Hulme salvou o dia da McLaren ao ultrapassar o carro patrocinado pela Yardley, conduzido por Mike Hailwood. Foi o terceiro GP do ano em que Hulme chegou em 6º lugar, após a vitória conquistada na Argentina. “Mike The Bike”, que dera um show na prova anterior em Zandvoort, aquela da noitada, ficou fora dos pontos, assim como Patrick Depailler e outros locais, feito Jean-Pierre Beltoise e Jean-Pierre Jarier.

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Peterson venceu o GP da França com relativa facilidade

Inabalável a bordo da velha Lotus 72E, Ronnie Peterson completou as 80 voltas com mais de 20 segundos de vantagem para Niki Lauda, conquistando assim sua segunda vitória em 1974 e o bicampeonato do GP da França. Para Emerson, o abandono representou a perda da liderança do campeonato, pois com o 2º posto na corrida, o austríaco da Ferrari tornou-se o comandante da classificação com 36 pontos, quatro à frente de Regazzoni. Emerson baixou para terceiro com 31.

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Festa de Rega, Ronnie e de Lauda, o novo líder do campeonato

A hora da verdade havia chegado e a McLaren precisava reagir. Mas isso é assunto para o próximo post.

O resultado final:

1º Ronnie Peterson (Lotus), 80 voltas em 1h21min55seg02, média de 192,722 km/h
2º Niki Lauda (Ferrari), a 20seg35
3º Clay Regazzoni (Ferrari), a 27seg84
4º Jody Scheckter (Tyrrell), a 28seg11
5º Jacky Ickx (Lotus), a 37seg54
6º Denny Hulme (McLaren), a 38seg11
7º Mike Hailwood (McLaren), a uma volta
8º Patrick Depailler (Tyrrell), a uma volta
9º Arturo Merzario (Iso-Marlboro), a uma volta
10º Jean-Pierre Beltoise (BRM), a uma volta
11º Vittorio Brambilla (March), a uma volta
12º Jean-Pierre Jarier (Shadow), a uma volta
13º Graham Hill (Embassy-Lola), a duas voltas
14º François Migault (BRM), a duas voltas
15º Guy Edwards (Embassy-Lola), a três voltas
16º John Watson (Brabham), a quatro voltas

Não completaram:

17º Emerson Fittipaldi (McLaren), 27 voltas (vazamento de óleo)
18º Carlos Reutemann (Brabham), 24 voltas (dirigibilidade)
19º Jochen Mass (Surtees), 4 voltas (embreagem)
20º Henri Pescarolo (BRM), 1 volta (embreagem)
21º Tom Pryce (Shadow), não completou a primeira volta (acidente)
22º James Hunt (Hesketh), não completou a primeira volta (acidente)

Volta mais rápida: Jody Scheckter, na 10ª, em 1’00″00 – média de 197,340 km/h

Comentários

  • Foi a primeira aparição da tomada de ar “arredondada” do M23, correto?

    Classificação:

    Lauda: 36
    Regazzoni: 32
    Emerson: 31
    Scheckter: 24
    Peterson: 20
    Hulme, Hailwood: 12
    Depailler: 11
    Beltoise: 10
    Reutemann: 9
    Ickx, Jarier: 6
    Stuck: 5
    Hunt: 4
    Pace: 3
    Merzario, Watson, Hill: 1