Direto do túnel do tempo (213)

10646807_734017969992660_4986699840288350584_n

RIO DE JANEIRO – Em tempos onde sobravam inventividade e criatividade no automobilismo nacional, a Fórmula 2 Brasil – nascida dos escombros da Fórmula VW 1600 (a antiga Supervê) – nos ofereceu muitos exemplos. Tivemos carros com motor turbo – o Polar-Fiat Silpo de Élcio Pellegrini, monopostos de fabricação quase artesanal como o Cianciaruso de José Luís Bastos e este Polar inteiramente mexido na sua seção dianteira, conduzido por Chico Feoli.

Quem conhece os monopostos comercializados por Ronald Rossi e Ricardo Achcar sabe que os Polar vinham originalmente com um bico envolvente, estilo limpa-trilhos, embora Nelson Piquet, lá por 1976, também experimentasse um visual diferenciado no lendário #12 preparado por Gilberto “Giba” Magalhães e pintado nas cores da confecção Gledson. O carro de Feoli propunha uma ruptura radical com o conceito antigo, quase antediluviano, do Polar, lembrando inclusive o Ralt que dominava a F3 naqueles tempos, na Inglaterra.

Aliás, este Polar do Feoli também tinha uma outra novidade na mecânica, pois foi um dos primeiros a andar com motor Passat refrigerado a água. Outro piloto que seguia esse caminho era Adu Celso, com um Polar preparado por Gualtiero Tognocchi. O #12 da foto tinha preparação de Jorge Martinewski e Zé Laênio. No fim do ano, seria substituído por um Muffatão, com o qual Chico (que inclusive corria com o belíssimo modelo de capacete Star Wars da Simpson) venceu a última etapa do campeonato e depois foi desclassificado porque a bomba d’água do carro era de Fiat e não do modelo fabricado pela VW. Uma história para outro post…

O registro, publicado pelo enciclopédico Paulo Tohmé no grupo F2 Codasur do Facebook, traz o Polar de Feoli parado nos boxes do saudoso Autódromo de Jacarepaguá, no que creio ter sido por ocasião da primeira prova da F2 Brasil lá realizada, em junho de 1981 e vencida por Vital Machado. Eu estava lá e além da F2, correram o Regional de F-Fiat e Fiat 147, a Hot Car e também o Turismo 5000, com os espectaculares Dojões.

Há 33 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Caramba, só dou bola fora. Vc que me ensina tudo.
    Aliás, estive com o Álvaro e teremos fotos e mais fotos das temporadas 82/83/84.
    Abs.

  • Acho que o Feoli foi 1º a comprar um Mufatão, pois o Polar, apesar de ser um bom carro já estava obsoleto.
    Olha a largura do chassi na região da suspensão dianteira…

    • Se não foi o primeiro, foi um dos primeiros. Dizem que o Pradinho tinha um pronto pra estrear, mas que era um Berta feito mesmo em Alta Gracia.

  • – Esse bico aí me lembra mesmo, o March F1 (STP) do Ronnie Peterson nos início dos anos 70, que tinha em suspenso, uma asa em formato de bandeja.
    – E o Nelson Piquet, fez mais de uma dezena de bicos diferentes para o seu Polar, mas ao ser Campeão da categoria em 1976, tinha voltado ao bico original criado por Achcar.

  • Gostaria de informar que tanto a frente, laterais ( asa) e demais peças que compunham a carenagem foram todas refeitas em vista a colocação do motor Passat. O monocoque e suspensão foram os originais do Polar e berço do motor e santo antônio foram novos. Inspirado nos Ralt , que dominavam os campeonatos de F-3 na europa, fiz um desenho e sugeri ao Chico Feoli um novo lay-out a carroçaria do velho Polar. Embora essa foto mostre o bico com aerofólio elevado, na realidade ele era uma das três opções que previmos. Essa, outra com aerofólios bi partidos( tradicional e a mais usada) e foi testado também com o nariz sem nenhuma asa. O trabalho de confecção de moldes e toda a fibra foi feita pelo mestre Cachapuz de Novo Hamburgo e eu acompanhei os trabalhos. Aloisio Adib