Absolut

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Um dos únicos momentos emocionantes da corrida foi essa fritada de pneus de Rosberg na briga com Hamilton no início. De resto…

RIO DE JANEIRO – Na terra da vodka e da Perestroika, a Fórmula 1 tem uma nova campeã mundial de Construtores. Pela primeira vez em sua rica história como montadora, a Mercedes-Benz levou o título entre as equipes, num ano onde os alemães – inegavelmente – foram muito superiores ao resto. Neste novo regulamento com motores 1,6 litro e turbocompressor, a estrela de três pontas dilapidou o touro vermelho da Áustria, pondo a Red Bull e as demais escuderias da categoria no bolso.

Cabe um parêntese: em 1955, há quase seis décadas, a Mercedes dominou a categoria e Juan Manuel Fangio consagrou-se campeão entre os pilotos. Mas não havia uma pontuação somente para os construtores, o que só viria a acontecer três anos depois, quando a britânica Vanwall levou a taça. Fecha parêntese.

Tirando três corridas de um total de 16 já disputadas, a Mercedes foi absoluta – ou melhor, com o perdão do trocadilho, “absolut”. Lewis Hamilton foi quem colaborou com o maior número de triunfos – nove, mais que o dobro do total de Nico Rosberg. Aliás, o britânico emplacou a quarta vitória consecutiva e respira na liderança do campeonato. A matemática aponta 100 pontos para “Comandante Amilton” nas últimas quatro provas. Nesse mesmo período, Nico somou 54. Façamos as contas e veremos que Rosberg deixou o companheiro de equipe e rival marcar 46 pontos a mais – para abrir 17 de vantagem, restando os GPs dos EUA, Brasil e Abu Dhabi.

O GP da Rússia, disputado pela primeira vez em toda a história, após as dezenas de tentativas de Bernie Ecclestone de aproximar a antiga força da Cortina de Ferro do mundo cosmopolita, com direito a uma tresloucada ideia de circuito de rua na Praça Vermelha, acabou mesmo em Sochi, num autódromo que mais lembrava um circuito de rua. Eu, particularmente, não curti a pista. E muito menos gostei da corrida. Foram 53 voltas absolutamente desprovidas de emoção em grande parte do seu total. Só as primeiras passagens foram interessantes. De resto… a chatice de sempre.

A corrida valeu por mais uma vitória, a 31ª, de Hamilton – que assim igualou o total de Nigel Mansell. Com mais uma vitória pelo menos, nas próximas três etapas do ano, Lewis passa o Leão e iguala Fernando Alonso. Se ganhar duas ou mais, somente Sebastian Vettel (que tem 39 vitórias) terá ganho mais corridas do que o líder do campeonato. E também valeu pela excelente recuperação de Nico Rosberg, que antecipou sua parada, fez um pit stop logo no comecinho e chegou em segundo.

Outro destaque do GP da Rússia foi Valtteri Bottas, numa prova amplamente dominada pelos carros com motores Mercedes – cinco deles nos cinco primeiros lugares. O finlandês chegou ao quinto pódio do ano e mostrou que tem condições de superar Sebastian Vettel e Fernando Alonso na classificação do campeonato. Os dois, que mudam de equipe ao fim deste ano, tiveram um domingo para esquecer. O espanhol chegou em 6º e seu futuro substituto na Ferrari foi apenas o oitavo – e de novo atrás de Daniel Ricciardo.

Sobre Felipe Massa, o que dizer? Após o 18º tempo no grid, a equipe Williams decidiu por uma drástica mudança de estratégia para tentar fazer o brasileiro andar o mínimo possível com os pneus de composto duro oferecidos pela Pirelli, pouco aderentes na nova pista de Sochi. Massa fez apenas uma volta, entrou nos boxes e pôs pneus mais macios, que certamente seriam rápidos – como foram. Mas o brasileiro não é dos maiores poupadores de borracha da Fórmula 1 e a estratégia foi pro saco. Durou só 25 voltas com o primeiro jogo. E após sair dos boxes, não conseguiu fazer mais nada: empacou atrás da Force India de Sergio Perez e chegou num magro 11º lugar, fora portanto da zona dos pontos.

Ao fim da corrida, deselegância da emissora oficial que transmite as provas da categoria, interrompendo a execução do hino alemão em homenagem à vencedora – e campeã – Mercedes, para ouvir as lamúrias do piloto brasileiro. Para quem não transmite mais os treinos oficiais na íntegra, mais uma mostra de falta de respeito aos seus telespectadores não faz diferença nenhuma.

Aliás, pelo menos dessa vez as Organizações jogaram com franqueza e já confirmaram que o GP dos EUA não será transmitido ao vivo e na íntegra na TV aberta, cabendo a exibição apenas ao canal fechado. E dessa vez, cabeça nenhuma há de rolar. Não é mesmo?

Comentários

  • Só uma pergunta, já que vc insiste em tocar nesse assunto: como FUNCIONÁRIO de uma empresa, vc tem DIREITO de revelar uma decisão interna, seja ela jornalística ou não, antes que essa empresa faça um comunicado oficial dessa decisão, quando for um caso de se fazer um comunicado, é claro.? Eu particularmente acho que decisão INTERNA é pra ser mantida INTERNAMENTE…..

    • Mas o próprio locutor do Sportv (Sergio Maurício senão me engano) anúnciou durante a transmissão da classificação do GP russo que o canal irá transmitir com exclusividade o GP dos EUA (desde os treinos livres, a classificação e a própria corrida) ao vivo e que eles mandariam até uma equipe de TV pra Austin para auxiliar na transmissão!

      • Marcos, a diferença dessa vez é que o Sérgio Maurício poderia anunciar a transmissão da corrida, pois houve permissão da emissora. Tanto havia esta permissão que eles puderam anunciar também que a equipe do Sportv está in loco para transmissão do GP em Austin.

        No caso do Rodrigo Mattar, ele quis dar um furo de reportagem, porém não tinha a permissão de anunciar o evento. Acabou demitido.

  • Mas vamos ser honestos…que graça tem assistir a cerimonia do podium pela tv hoje em dia? Os pilotos mal vibram – ou, como Hamilton, mal abrem a boa para dar um sorriso de verdade, sempre com aquela cara de tacho. Não tem mais a ‘guerra’ de champagne, as bandeiras não mais são bandeiras, mas meramente animações em uma televisão. A entrevista no alto do podium não consegue captar a razão pela qual foi instituída (que é pegar os pilotos no calor da emoção) simplesmente porque esses caras são muito bem treinados sobre o que e quando falar… Não tem graça, é pasteurizado, coxinha…assim como tudo que cerca a F1 nos dias de hoje.

    • Amigo, ontem a comemoração teria de ser comedida de qualquer forma pois fazia somente sete dias da tragédia do Bianchi no Japão.
      Agora acho que ontem o Pódio tinha de ser transmitido na íntegra pelo momento histórico da categoria ( 1º título da Mercedes como construtora!

  • É o seguinte: A corrida foi uma m*****, muito chata mesmo e a pista é bem sem graça. A F1 nunca foi referência em competitividade, sempre existiram abismos de diferença entre dois ou tres times para o restante do grid, vide a Willians de 1992 e 1993 “de outro planeta”, entre tantos outros exemplos. Só que agora a coisa tá simplesmente insuportável. Somando isso à inclusão de praças “nada a ver” como esta. E pode piorar, porque li uma certa vez no blog do Fávio Gomes que Baku (ou Bacu, sei lá…), no Azerbaijão, está sendo cotada para sediar uma etapa. Inclua nesta lista o evidente declínio técnico da transmissão. Não sei como conseguem colocar mais de 60 mil em Interlagos todos os anos cobrando o que cobram nos ingressos(eu não pago…iria 10 vezes no WEC…) para uma corrida onde praticamente se sabe como vai terminar, ainda que Interlagos pregue surpresas de vez em quando. Mas enfim, é uma questão de gosto.

  • Rodrigo, acho que cabe a imparcialidade aqui, não vejo nunca nenhuma crítica sua ao FOX Sports quando o canal deixa de transmitir provas da Camping World Truck Series, quando começa a transmitir corridas na volta 50 ou mais, sem nada dizer aos assinantes, quem quiser que assista na íntegra de madrugada. Também nada vejo de crítica sua sobre a Tudor ser transmitida de madrugada durante semana, com melhores momentos da prova final que deu o título a dupla Luso Brasileira Fiffipaldi- Barbosa. Até entendo que não pode opinar sobre seu empregador, mas descer a lenha sempre que tem uma brechinha no concorrente não é imparcialidade, como convém ao jornalismo profissional.

    • Perfeito Mefístófeles!
      Os caras do FoxSports não só transmitem a corrida que já começou como NÃO AVISAM durante as chamadas que a corrida será transmistida de forma parcial e já iniciada. E olha que isso ocorre agora com o FoxSports2….. Quando era um canal só era muito pior……
      E para deixar claro, eu sou um crítico feroz do que se tornou o Sportv. O canal quer era bom (há muitos anos) e agora se tornou, assumidamente, uma franquia melodramática da Globo.
      Portanto, para ser imparcial, há de se falar abertamente das mazelas dos dois canais frente ao automobiilismo. Os dois canais, sendo o Sportv pior, não respeitam seus assinantes.