Venceu o melhor: Harvick

NASCAR: Ford Ecoboost 400
O melhor entre os quatro finalistas da Sprint Cup foi, enfim, campeão na Nascar

RIO DE JANEIRO – Dentre todos os quatro pilotos que disputavam o título da Sprint Cup, na primeira edição do Chase no formato “mata-mata”, venceu o melhor. Kevin Harvick, 38 anos de idade, enfim chegou lá. Em seu primeiro ano a bordo da equipe de Tony Stewart e Gene Haas, o piloto nascido em Bakersfield, na Califórnia, no dia 8 de dezembro de 1975, foi – com inteira justiça – o merecido campeão da temporada 2014 da principal categoria da Nascar.

Harvick chegou à categoria com uma duríssima missão: suceder ninguém menos que Dale “The Intimidator” Earnhardt, que morrera na edição 2001 das 500 Milhas de Daytona. O piloto venceu uma prova sensacional em Atlanta, numa disputa épica contra Jeff Gordon e apresentou armas. Acabou o campeonato daquele ano em 9º lugar e ganhou a confiança de Richard Childress, para quem guiou até o ano passado, conquistando um total de 23 vitórias em 466 corridas disputadas com os carros Chevrolet de uma das equipes mais tradicionais da Sprint Cup.

Mas a relação teve alguns desgastes ao longo de tanto tempo. E mesmo após o 3º lugar conquistado ano passado, igualando o melhor desempenho dele na carreira até então, obtido nas temporadas 2010/2011, o piloto preferiu ir embora. E buscou abrigo na Stewart-Haas, uma escuderia que ampliou suas operações neste ano para quatro carros. Muita gente chamou a SHR de “Gangue do Alabama”, por reunir Harvick, Kurt Busch, Tony Stewart e Danica Patrick a bordo. Só que a partir da vitória na primeira das duas provas disputadas este ano em Phoenix, Harvick mostrou que não estava para brincadeira.

Conquistou a vaga para a decisão com a vitória na penúltima etapa, justamente disputada em Phoenix. E se colocou como favorito destacado ao título. Na última edição do Show da Nascar, arrisquei um palpite: de que o piloto do #4 seria campeão e vencedor da final em Homestead-Miami. Seria a melhor forma de fechar um ano fantástico da Nascar e coroar com justiça o seu título. Foi o que aconteceu, mas com requintes de emoção que nem os mais fantasiosos roteiristas de Hollywood seriam capazes de tramar.

Quem ousaria dizer que o vice de 2014 seria Ryan Newman, o grande azarão, o patinho feio e a maior zebra dentre os quatro candidatos? Um piloto que não brilhou como noutros anos, que não venceu NENHUMA corrida nas 35 provas anteriores e que poderia dar à Nascar o dissabor de ver um campeão inédito sem triunfar nenhuma vez. Afinal, o mote da decisão não era “quem chegar à frente, leva”? Pois Newman quase levou: chegou em segundo, dando um calor tremendo no campeão nas últimas voltas. Um grande antagonista. Um grande piloto.

Denny Hamlin fechou o ano em 3º e, vamos convir, foi bom demais: a Toyota e a Joe Gibbs Racing não conseguiram ter um grande ano na Sprint Cup. Foram só duas vitórias do construtor japonês na principal divisão da Nascar e Matt Kenseth, o maior vencedor do ano passado em sua estreia na JGR, não venceu nenhuma. O piloto do #11 até colocou alguns dedos na taça, mas os pneus de seu carro impediram uma conquista que poderia soar como injusta para alguns. Enfim, foi um término de ano decente para quem, no ano passado, sofreu um acidente grave no California Speedway.

A decepção ficou por conta do 4º posto de Joey Logano, que fechou o ano como um dos mais vitoriosos do ano, perdendo apenas para o companheiro Brad Keselowski, num fim de temporada triste para o Team Penske. Em momento algum o piloto do #22 pôde brigar diretamente pelo título da Sprint Cup e o 16º lugar alcançado ao fim das 400 milhas de prova no oval da Flórida pareceu muito pouco diante do que ele prometia, como a principal ameaça ao possível título de Kevin Harvick.

No fim das contas, o Chase em seu formato “mata-mata”, que muitos apontavam como “anti-Jimmie Johnson” deu certo, não só pelos motivos certos como também pelos errados. Deixou muita gente boa de fora da briga direta na decisão, deu chance a outsiders, evitou o sétimo título do piloto do #48 e também foi o primeiro Chase em anos que não houve um carro da Hendrick Motorsports envolvido na decisão. Para os fãs, foi um final de sonho. E a regressiva para 2015 já começou…

Comentários

  • Preferia o sistema do Chase utilizado até o ano passado, o mata-mata tem cara de “reality show” e pode produzir uma injustiça catastrófica.
    Ainda bem que ganhou o cara que merecia, e chegando na frente na etapa decisiva.

  • Venceu o mais babaca isso sim. Nunca um título da NASCAR foi tão desmerecido. Só me dá mais saudades do sistema de pontos corridos. Mata-mata é o sistema mais idiota já criado.

  • Mattar, tu és o melhor comentarista de automobilismo do Brasil! Gosto muito quando estás nas transmissões. Senti sua falta ontem. Sergio Lago, Thiago Alves e vc fazem um trio perfeito para as transmissões da Nascar. Me apaixonei por esta modalidade em 2012 , acompanhando o Nelsinho. Depois da saída do Montoya não tenho um preferido (só a Danica … rsrsrs).
    Parabéns pelos artigos. Sou teu fã! Abraço!
    Julio – Lages – Santa Catarina

  • Até acho que Harvick mereceu, porque foi o melhor na prova final, mas meu palpite tinha sido Dany Hamlin, ainda que fosse ofuscar o ano ruim da Joe Gibbs e dos carros Toyota (ao contrário do WEC…).
    Quanto ao novo formato do Chase, está aprovado. Se não é muito justo, sobretudo com Logano, quem mais pontuou, trouxe muito mais emoção até o fim da prova, onde o campeão se viu obrigado a chegar na frente ou até mesmo vencer a corrida, o que acabou acontecendo. Talvez o automobilismo seja o esporte que mais dependa do fator emoção para suas decisões de campeonatos .
    Aguardo ansiosamente pelo dia 17 de fevereiro de 2015…

  • Rodrigo,

    Como vc sente a repercussão desse formato lá nos States???
    Quero dizer, qual a impressão de pilotos e publico em relação ao novo formato???

    • João, quanto ao público, acho que a repercussão foi a melhor possível. Com relação aos pilotos, claro que haverá alguns nem um pouco satisfeitos, mas acontece. Faz parte do show.