De volta à realidade

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A vitória de Hamilton neste domingo no GP da China nos atira à realidade: a F1 2015 não é aquilo que vimos na Malásia

RIO DE JANEIRO – Perdoem-me os leitores deste blog, mas existe no dicionário da gente que trabalha com jornalismo a palavra folga e eu fui curtir alguns momentos de descontração e relax total neste domingo com minha mulher. Fiquei devendo vários posts hoje, neste fim de semana de muita velocidade e começo com o GP da China de Fórmula 1.

Para ser honesto, não assisti à corrida inteira, porque estava entretido e o horário de 3h da manhã é por vezes cruel para o organismo de qualquer cidadão. Mas o pouco que pude prestar atenção me fez lembrar o GP da Austrália. Uma corrida chata, monótona, de novo trazendo à tona a realidade da F1 da Depressão, com a Mercedes-Benz dominando absoluta na 13ª dobradinha da história envolvendo Lewis Hamilton e Nico Rosberg – dez delas com o britânico à frente, por sinal.

E é aí que reside talvez um dos únicos momentos de interesse dessa corrida insossa em Xangai: a choradeira do alemão, que aos poucos perde a paciência com a incômoda situação de segundão do companheiro de equipe – sem se notar que rebatia declarações de um fake de Hamilton nas redes sociais. Novamente a equipe da estrela de três pontas vai ter que resolver a cizânia de portas fechadas, pondo os dois frente a frente a Niki Lauda e Toto Wolff, para que acertem suas diferenças. E a gente já sabe que Hamilton, que assinou um contrato de longa duração com o construtor germânico, não é aquele para quem pode ser servida a porta da rua…

Isto posto, uma quase certeza salta aos olhos: hoje a hierarquia da categoria nos mostra a Ferrari à frente da Williams e não há nada – por enquanto – que a turma de Grove não possa fazer. Ninguém questiona Massa e Bottas como pilotos rápidos e talentosos, mas os italianos começam melhor e Vettel, além de somar três pódios , está à frente de Rosberg no Mundial de Pilotos por quatro pontos. Kimi Räikkönen parece ter recuperado a velha confiança de antes e, com novo quarto lugar, mostra que vai colaborar muito mais com a Ferrari do que no ano passado.

O GP da China de poucas ultrapassagens – alguém falou que foram menos da metade do total aferido em Sepang – também marcou o retorno da Lotus aos pontos, numa boa corrida de Romain Grosjean em contraste com as patacoadas de Pastor Maldonado, mais um desempenho sólido da Sauber, de novo com seus dois pilotos entre os dez primeiros – Nasr somou mais um bom resultado com o 8º lugar, a atuação pífia (mais uma) da Red Bull e uma tímida melhora da McLaren, que viu seus dois pilotos em 12º (Alonso) e 13º (Button), com um ritmo de corrida já beirando o razoável – especialmente o do asturiano, cuja melhor volta foi 1″520 pior que o tempo mais veloz do domingo, cravado por Lewis Hamilton.

E por falar em Alonso, vocês leram as cobras e lagartos que Niki Lauda lhe despejou? Coisas pesadas, impróprias para corações mais sensíveis e menores de idade.

Pois é: o Flavio Gomes tinha razão. Não temos um campeonato – ainda. Provavelmente não teremos. Mas a gente pode ter esperanças. No ano passado, aliás, eu acreditava que o GP do Bahrein, que marcaria o 800º da história, seria uma porcaria – e foi sensacional.

Quem sabe a história não se repete, no próximo domingo?

Comentários

  • A pergunta até mudança para os compostos mais duros era se a Ferrari iria se comportar melhor que a Mercedes, já que os boatos diziam que o carro italiano tratava melhor seus pneus. Pelo visto, o tiro saiu pela culatra.

    O que dizer da declaração do Nico? Saiu como o chorão do GP.

    Momento hilário quando as McLarens atacavam Maldonado. Button e Alonso pareciam dois abutres cutucando a Lotus moribunda.

  • Prezado Jornalista Rodrigo Mattar…Saudações

    Alguém já falou do patrocinio do B. Brasil( pior balança dos ultimos anos) à equipe Saube da Petrobras com a Willimas, Combustível free on board e a parte do massa…
    São escandalos , num pais onde faltam hospitais, só vou ficar nos hospitais…e patrocinam Cuba, Venezuela, Inglaterra…Vergonhoso
    abs

  • Pela qualidade do GP, acho até que vc e o Flavio Gomes conseguiram escrever até bastante sobre a corrida. Alias, considerando que o fato mais importante foi o arroubo Emo do Rosberg, isso ja diz bastante sobre o que foi a corrida.

    Estou achando que o Bottas pinta na Mercedes em 2016, o que acham?