Direto do túnel do tempo (249)
RIO DE JANEIRO – Registro histórico de um Roberto Pupo Moreno ainda jovem e um tanto quanto assustado a bordo do cockpit da Lotus 91 Cosworth, em 1982. Então com 23 anos e um pouco mais de cabelo do que hoje a calvície denuncia, o Baixo arrebentara na Fórmula Ford britânica em seu primeiro ano completo no exterior (1980) e na Fórmula 3 em 1981, impressionando ninguém menos que Colin Chapman. Encantado com o talento do garoto de Brasília, ofereceu-lhe o posto de piloto de teste da Lotus, que Moreno prontamente aceitou. Era uma porta que poderia se abrir para a Fórmula 1, uma oportunidade de sonho.
E ela veio – só que o sonho virou pesadelo.
No GP do Canadá, em Montreal, Nigel Mansell colidiu com a Alfa Romeo de Bruno Giacomelli e fraturou o antebraço esquerdo. Chapman e Peter Warr, chefe da equipe Lotus, não tiveram dúvidas: escolheram Moreno para guiar a Lotus #12 no GP da Holanda, em Zandvoort. Mas ao invés de confiar no garoto, tudo o que a equipe fez foi aconselhá-lo da pior forma possível.
“Não bata o carro”. Foi tudo o que conseguiram lhe dizer.
Além de tudo, o comportamento do Lotus 91 no circuito holandês foi péssimo desde os treinos livres. Elio de Angelis ainda conseguiu o 15º lugar no grid, mas Moreno, pressionado e psicologicamente despreparado para tamanha responsabilidade, fez muito pior: 1’21″149, último tempo entre 30 pilotos. Desclassificação que quase queimou sua carreira no automobilismo.
Moreno ainda colaborou com a Lotus esporadicamente até 1984. Ralou o quanto pôde na Fórmula Atlantic, Fórmula 2, Fórmula 3000 e Fórmula Indy. Até ter o seu valor reconhecido – mesmo que na precária AGS, cinco anos depois do fiasco de Zandvoort.
O Baixo é um exemplo de brasileiro que não desiste nunca.
Há 33 anos, direto do túnel do tempo.
Nós merecemos uma biografia do Baixo… Fica a dica!
A galeria gooosta de puxar o saco do Moreno. Fosse qualquer outro piloto, o fato de ter seguido a recomendação passiva da Lotus seria visto como fraqueza e falta de brio. Para ele, é desconto por mais um desempenho raquítico.
No fim, muita gente da imprensa, normalmente amigo do cara, confunde a dedicação e paixão dele pelo esporte com talento.
Olha, se você está querendo dizer que eu sou amigo do Moreno, não tenho necessidade disso, ok? Não sou desses caras. Me inclua fora desta.
O CARA ralou muito e merece todo nosso respeito.
Parabéns, Rodrigo! Pela postagem e pela resposta para o ‘espertinho’… :D