24h de Le Mans, Journée Test: Porsche abre ensaios na frente

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Com novo recorde, Neel Jani fez o melhor tempo da primeira sessão do Journée Test das 24h de Le Mans

RIO DE JANEIRO – As 24 Horas de Le Mans de 2015 já começaram. E uma indesejada convidada entrou na festa e atrapalhou a preparação das equipes. A chuva, que caiu na última hora dos testes em Sarthe, impediu que os pilotos melhorassem seus tempos após as primeiras duas horas de atividades de pista. Mesmo assim, a Porsche bateu o recorde do traçado na configuração atual (desde 2007) no primeiro treino do Journée Test.

O carro #18 de Marc Lieb/Romain Dumas/Neel Jani cravou a marca de 3’21″945, média de 243 km/h, com o helvético da trinca a bordo. A Audi não ficou muito distante, não: Marco Bonanomi fez o segundo tempo a bordo do e-tron quattro #9, a 0″362 do melhor tempo do dia. Andre Lotterer foi o terceiro mais rápido no Audi #7.

Timo Bernhard ficou com a quarta melhor marca, enquanto o brasileiro Lucas Di Grassi fez o quinto tempo com o carro #8, em 3’24″111. Ao todo, o piloto completou 23 voltas durante as primeiras quatro horas de treino, superando o terceiro Porsche 919 Hybrid de Nico Hülkenberg e os dois Toyota TS040 Hybrid com Stéphane Sarrazin e Sébastien Buemi. O carro #1 foi guiado também por Kamui Kobayashi, que efetuou seis giros no treino. Koba deverá ser o reserva imediato do construtor japonês em Le Mans.

Este foi também o primeiro confronto direto da Nissan com as três rivais que têm equipes de fábrica. E nesse confronto, a Nissan perdeu feio. Muito feio. O protótipo de motor dianteiro foi uma decepção na primeira sessão do Journée Test. O melhor carro, o #23 de Olivier Pla/Jann Mardenborough/Max Chilton, ficou somente em 16º na geral, com o tempo de 3’43″383. É só fazer as contas: quase 22 segundos pior que o melhor tempo do dia. Nem a Rebellion, estreando oficialmente os motores AER V6 biturbo em seu carro e muito menos a ByKolles conseguiram fazer algo pior que isto.

Nissan-22
O GT-R LM Nismo: longe, muito longe de ser competitivo…

O único carro do construtor japonês que deu mais de 20 voltas no Journée Test foi o #21 pintado nas cores da Nissan de 1990. Mark Shulzhitskiy/Lucas Ordonez/Tsugio Matsuda completaram 21 giros, mas ficaram com o pior tempo da classe LMP1 – 3’51″334, no ritmo dos LMP2 mais lentos. Lamentável. E é um sinal de que muita coisa ainda precisa ser feita para que este carro seja realmente competitivo.

Na LMP2, o belga Laurens Vanthoor mostrou excelente adaptação ao Ligier JS P2 #34 da OAK Racing e fez o melhor tempo na categoria – 3’41″919, 11º mais rápido do dia na geral, deixando o Alpine A450B de Paul-Loup Chatin em segundo, com 3’42″273. O novo Oreca 05 Nissan da KCMG Racing também mostrou qualidades e foi o terceiro mais veloz do grupo, graças ao britânico Matt Howson.

Em suas primeiras voltas (onze ao total) em Sarthe, Pipo Derani também fez um bom trabalho. O jovem piloto brasileiro, que defende a liderança do WEC na classe LMP2, virou o tempo de 3’47″975, o mais rápido entre os integrantes da tripulação do #28, que ficou em 21º na geral e nono na divisão.

A nova LMP3, que não está homologada para andar em Le Mans, teve a chance de aparecer perante o público de Sarthe porque o Journée Test permite a participação de carros e equipes não-inscritas nas 24 Horas. O Team LNT, que também aproveitou para fazer lobby junto ao ACO e a FIA para pleitear a construção de protótipos LMP2 dentro do futuro novo regulamento técnico, levou seus dois Ginetta-Juno Nissan e até que se saiu bem. O carro #75 foi usado por Max Chilton, Tsugio Matsuda e Alex Buncombe para conhecer melhor a pista e adaptar-se a ela. Os três e mais Nick McMillen marcaram 4’02″712, após 37 voltas. No #74, Chris Hoy/Lawrence Tomlinson/Charlie Robertson deram mais giro (43 ao total), mas ficaram com o tempo de 4’07″232.

Vette-64
Oliver Gavin foi o mais veloz entre os pilotos da LMGTE-PRO

O melhor tempo da LMGTE-PRO foi do Corvette C7-R #64. Oliver Gavin registrou 3’58″162 em sua melhor volta, quase meio segundo melhor que a Ferrari de Gianmaria Bruni. Os dois foram os únicos pilotos a guiar abaixo de 4 minutos, pois o 3º colocado Jan Magnussen virou em 4’00″549, com o Porsche de Michael Christensen em quarto e a Ferrari de Davide Rigon em quinto.

O Aston Martin Vantage #99 do brasileiro Fernando Rees, vencedor nas 6h de Spa-Francorchamps na categoria, começou os treinos com o tempo de 4’03″273. Rees completou oito voltas – a julgar pelo tempo muito alto, foi no período de chuva e pista molhada – a melhor delas em 4’20″995.

E na LMGTE-AM, deu AF Corse e a Ferrari #61. Raffaele Gianmaria estabeleceu 4’00″677, mais de um segundo abaixo da #83 do time de Amato Ferrari, guiada por Emmanuel Collard em sua volta mais rápida. O estadunidense Jeff Segal foi o terceiro mais veloz noutra Ferrari, desta vez da Scuderia Corsa (mas que é igualmente assistida pela AF Corse). Paolo Ruberti foi o quarto no Corvette C7-R da Larbre e a quinta posição foi de Patrick Long no Porsche #77 da Dempsey-Proton.

Comentários

  • Assim fica difícil para a Nissan, virando mais lento que o malfadado Team ByKolles. Mas nem tudo foi ruim, prometeram que o carro seria um foguete, e foram mesmo os com maior velocidade máxima com os #23 – 336 km/h. Essa Le Mans 2015 promete ser sensacional !

  • Esperava a Nissan como quarta força sem chance de vitória, mais ela vem pior ainda atrás de LMP2 e disputado com GT. O meu palpite: pole da Porsche e Vitória da Audi. Mas a torcida é por vitória da Toyota que era para ter acontecido ano passado.

  • Que pena, porque achei bem bacana esse conceito apresentado pela Nissan, destoando dos demais LMP1 com o motor e tração dianteiros, ao mesmo tempo me volta à mente a péssima experiência do projeto do DeltaWing…espero que a história não se repita.

  • A Nissan disse que não se preocupou com velocidade nesses primeiros treinos, estudando ainda o comportamento do carro com esse conceito de tração dianteira em Le Mans. Mas a diferença foi tão grande para os outros P1 oficiais que aquilo que eu suspeitava parece ser verdade: o carro não nasceu bom.

    Tiveram atrasos no desenvolvimento e ficaram o tempo todo fora da Europa, preferindo testar em pistas americanas. Não me recordo nos últimos anos de um LMP1 em desenvolvimento que não tenha testado em Paul Ricard…

    Parece um pouco a história que a Aston Martin viveu com o AMR-One LMP1 2011, que tb atrasou e foi um fiasco de performance em Le Mans. Tanto é que abandonaram o projeto em seguida. No caso deles o problema maior era a velocidade em reta, já a Nissan parece sofrer com o equilíbrio e grip em curvas.

    Vamos ver o que conseguem fazer em uma semana, até os treinos oficiais e principalmente na corrida.

    • Dizem que até as dimensões dos pneus já foram alteradas desde que e o carro foi apresentado, ou seja, bem, não nasceu.

      Admiro a coragem da Nissan, mas a impressão que dá é de que, para quem tem os recursos que tem, era melhor apostar em algo menos radical.

  • Será uma grande batalha, em todas as classes. Le Mans é Le Mans.. Mesmo assim considero a AUDI como favorita, justamente pelos anos anteriores. Já a TOYOTA que não vem bem no FIA WEC, pode surpreender. De forma alguma, tiro a NISSAN do páreo, estão pagando pelo projeto inovador, mas possuem um carro rápido. Já a PORSCHE sabe que precisa de um carro rápido e confiável em ritmo de corrida, pois por aquilo que apresentou nas duas últimas etapas do FIA WEC, vem e vai dar trabalho. A maior vencedora de Le Mans, jogará tudo nesta prova para recuperar o seu prestígio e manter-se como a recordista em Sarthe. A Terra vai tremer….