Animosidade

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A vibração de Lucas Di Grassi no pódio foi derrubada na vistoria técnica

[bannergoogle] RIO DE JANEIRO – A primeira temporada da história da Fórmula E ainda não terminou. E já entra para a história por reavivar uma rivalidade entre brasileiros só vista nos tempos de Nelson Piquet e Ayrton Senna. Rivalidade esta que recrudesce a cada fim de semana de corridas da categoria dos carros elétricos e traz à tona uma animosidade que lembra não só o embate entre dois dos maiores pilotos do país em todos os tempos como, guardadas as devidas proporções, a Senna versus Alain Prost, nos anos 80 e 90.

Os protagonistas dessa rivalidade são Nelsinho Piquet e Lucas Di Grassi. Os dois vêm trocando alfinetadas desde um episódio acontecido na rodada de Mônaco da categoria e a bomba, que já estava programada, detonou de vez no último sábado, na corrida realizada no Aeroporto Templehof, em Berlim.

Tudo porque Lucas Di Grassi, que vencera com uma facilidade jamais vista nas outras provas da categoria, acabou excluído do resultado final, por uma irregularidade na aleta da asa dianteira. O piloto, que assumiria a liderança do campeonato, justificou-se dizendo que a punição foi “exagerada. Mas regra é regra e assim foi feito.

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Nelsinho é o novo líder da Fórmula E (Foto: Divulgação)

O pior não foi a desclassificação. O pior foi Lucas olhar a tabela de pontos e ver seu maior desafeto no automobilismo assumir a liderança do campeonato. Nelsinho soma agora 103 pontos, contra 101 do suíço Sébastien Buemi. E Di Grassi, que teria boa vantagem antes da próxima etapa em Moscou, caiu para terceiro com 93.

Nelsinho, por sua vez, não deixou barato. Falou que tem um carro “dentro das regras” e baixou isto para a bomba explodir de vez. Di Grassi afirmou categoricamente nas redes sociais que, se preciso for, “chutará os traseiros” de Buemi e Nelsinho “na pista” – ressalvou. O site Total Race publicou um post em que Lucas defendeu-se dizendo que o adversário “deveria olhar para o passado”, quando era piloto da Renault na F1, bateu de propósito para ajudar Fernando Alonso a ganhar o GP de Cingapura em 2008, um acontecimento que até hoje rende discussão. Mas o Total Race, não se sabe por qual motivo, retirou sua publicação do ar algum tempo depois.

Por sua vez, Piquet preferiu não polemizar com seu compatriota e, por meio de sua assessoria, lamentou os ataques do rival.

É engraçado… essa questão de irregularidade de carro e papo de “dentro das regras” lembra muito o que vimos em Rush nos cinemas, quando foi retratada a rivalidade entre James Hunt e Niki Lauda na temporada de 1976 da F1. Mas por outro lado, por todo o clima que ronda os dois brasileiros, não há como esquecer do que se viu nos anos 80 entre três grandes campeões do automobilismo.

Uma pena. A primeira e histórica temporada da Fórmula E poderá ficar marcada por episódios extrapista e não pelas disputas dentro dela, que é o que deveria ser e valer a pena. Não sou o dono da verdade, muito menos a pessoa mais indicada a dar conselhos agora, mas acho que isso deveria ser deixado de lado na reta final da competição. Afinal de contas, se os dois bobearem e quiserem partir para a autoeliminação, o Sébastien Buemi está pronto para dar o bote e ser o primeiro campeão da categoria.

Comentários

  • Rodrigo, essa animosidade entre os dois é bem antiga. Na verdade, data de antes da GP2. Nao tem nada a ver com um ser filho de piloto e o outro nao, apenas coisas de pista e relacionamento. Tipo de coisa que “faz parte” do contexto. Resta saber é como a FIA vai reagir a respeito, se soltar um pouco as redeas ou se vai segurar como faz na F1.

    • Eu não disse que tem a ver com ser filho de piloto e outro não, eu disse? Essa declaração veio da boca do Lucas, não do que eu acabei de escrever no blog, Ricardo.

  • Concordo com o que escreveu sobre o pilotos terem o cuidado para focar mais no seu desempenho e menos na rivalidade para não correrem o risco de entregarem o título ao Buemi (vide o que aconteceu na F1 em 86 e 2007). Mas em termos de promoção para a categoria, essa repercussão poderá ser bastante positiva. Se a F1 se tornou de vez um esporte global em meados dos anos 70 e atingiu o seu pico de popularidade no final da década de 80, muito se deve às rivalidades entre os pilotos.

  • Se o Nelsinho seguir o conselho do Di Grassi e olhar o seu passado verá duas coisas: primeiro que sua carreira é muito mais vitoriosa do que a do Lucas. Haja vista, o tri-campeonato brasileiro de Kart, o campeonato Sul-americano de F3; o inglês de F3, só pra citar os que o rival não tem. Outro detalhe do passado é que quando errou Nelsinho foi punido e criticado por Di Grassi que, agora, erra é se diz injustiçado.
    Portanto, ao querer “chutar a bunda” do Piquet, ele poderá “furar” e acertar o próprio saco…

    • Concordo com você, o comentário sobre chutar as bundas foi extremamente infeliz por parte do Di Gratis, e de fato ele sempre foi freguês do Piquetinho. Até porque nunca ganhou um campeonato desde que começou a correr de monopostos.

  • Rivalidade e disputas autênticas? Onde isso é ruim? É muito bom para promover o esporte. Que decidam a questão nas pistas.

  • Creio que o Di Grassi resolveu ser mais áspero agora porque em Monaco o Nelsinho Piquet também foi agressivo em suas palavras quando acusou o Di Grassi de atrapalhá-lo propositalmente. Soma-se isso ao fato de ser desclassificado da prova que tinha vencido de forma tão maiúscula, o que certamente causou uma ira incomum ao piloto. Quanto às carreiras até aqui, creio que estão no mesmo patamar…se por um lado o Piquet (o Nelsinho) tem alguns títulos de categorias de base e F3, o Di Grassi está guiando em duas das melhores categorias do mundo (WEC e FE) e, como piloto titular da Audi, tem equipamento para disoutar com chances reais de vencer as 24h de Le Mans…seria um grande chute na bunda de muita gente.

  • Campeonatozin safado, como se diz aqui na minha linda Fortaleza….
    Umas carroças que mal tem torque, velocidade final então.. putz, mal chega à 150 km/h.. TRISTE
    vou nem falar do “som”… Suspensão então de papelão.. REsumindo: UMA MERD@@@@@@@@@@@@@@@@

      • “SO”?????
        E daí???
        o mundo vai parar pra saber quem vai ser o campeão disso igual vai parar em novembro pra saber o da F1??
        Só pilotinho… trulli, vergne, senna b., putz… tudo “pilotaço” que destruiu na maior categoria do mundo now and forever.

  • Acho que qualquer categoria de automobilismo merece respeito,umas são mais famosas,outras nem tanto, mas quando se tem pelo menos 2 participantes querendo saber quem é o mais rápido já se configura uma corrida,uma disputa, melhor do que nem autódromo ter mais,como nós,cariocas………….

  • Achei bem infeliz o comentário do Lucas di Grassi.
    A verdade que ele sempre justifica o Nelsinho ter o melhor equipamento o pai que banca e um passado irregular.
    Mas se esquece de lembrar que os resultados mais expressivos em sua carreira, o terceiro lugar na GP2, entrando na metade do campeonato e agora na F-E ele fez a parte desenvolvimento dos monopostos em categoriais que teste privados não são permitidos, ou seja ele teve uma quilometragem maior do que qualquer piloto que participou / participa do certame e isso acredito não ser das coisas mais éticas que existem, guardando as devidas o Felipe Giafone que faz todo o desenvolvimento dos carros da Stock Car não compete na categoria.
    Entre os dois sempre achei o Nelsinho mais piloto, para mim sua passagem na F1 foi uma decepção, não só pela batida proposital, mas talvez por estar no lugar errado, com pessoas erradas, pois nas categorias de base se mostrava ser um piloto bastante técnico e agressivo. Torço muito para que se reerga na carreira e quem sabe ser campeão da F-E.
    O Di Grassi já o vejo como um piloto muito forte na parte mecânica, no acerto do carro, mas que me chateia toda hora ficar falando que não possui sobrenome famoso e etc.
    Outros pilotos da geração deles e sem sobrenomes famosos como: Danilo Dirani e Sérgio Jimenez, nas categorias de base, possuíam resultados mais expressivos, mas não tiveram recursos financeiros e nem montadoras por trás para seguirem suas carreiras.
    Então ao invés de ficarem se alfinetando poderiam focar no título da categoria, pois o Buemi está aí só de olho.