Direto do túnel do tempo (277)

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RIO DE JANEIRO – Nelson Piquet sofrendo um acidente com a Brabham era artigo de luxo no início dos anos 80. Pois este poderia ter tido consequências terríveis para o piloto, que não apenas um joelho ralado: a foto que ilustra o post é do exato instante em que o piloto brasileiro se acidentava na veloz curva Becketts, durante o Grande Prêmio da Inglaterra de 1981.

Naquela corrida, disputada em 18 de julho – um sábado, Nelson pretendia dar o troco da sacanagem de que fora vítima na corrida anterior, na França, em Dijon-Prenois. A direção de prova cismou de dar bandeira vermelha quando tinha a prerrogativa de encerrar a disputa em razão de um toró que caiu naquela pista, na 58ª volta. Houve uma segunda largada, a Renault consertou câmbio e turbo do carro de Alain Prost e o francês pôde chegar à sua primeira de um total de 51 vitórias que conquistaria na Fórmula 1.

Em Silverstone, na segunda prova da Brabham com os pneus Goodyear, que voltavam à categoria, Piquet fez o 3º tempo nos treinos, atrás somente das Renault Turbo de René Arnoux e Prost. Caiu para quarto na largada, surpreendido pelo super arranque do também francês Didier Pironi, da Ferrari. Quando o fôlego do motor turbo do carro italiano caiu logo na quarta volta, Nelson reassumiu sua posição de largada e vinha perto dos rivais da Régie. Até que, na 12ª volta, um pneu estourou a 250 km/h e aí, já sabemos…

Pior para Nelson, àquela altura das circunstâncias, que Carlos Reutemann chegou em 2º e subiria para 43 pontos, contra 26 do piloto da Brabham. Mas o que ficou para a história foi a virada e o título do piloto do carro número #5, por apenas um ponto de vantagem.

Há 34 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Rodrigo, boa tarde.
    Somando informação e não “causando” com o blogueiro, ok!
    Em Dijon, após a interrupção, o caro do Prost foi calçado com pneus “chiclete” da Michelin, de forma a despachar o Piquet na relargada.
    Daí a cara de poucos amigos do brazuca no pódio, pois ele sabia que não teria a menor chance de chegar à frente do “Anão” (como o dizia o magistral Edgard de Mello Filho. . .)
    Abraço.
    Zé Maria

    • Fato. Também teve isso. Pneus de classificação para o Prost, mas não só ele despachou o brasileiro na relargada, como também o Pironi bloqueou o Nelson, completando o trabalho sujo.

      • Sem ver o video postado aqui embaixo, e (também) só no intuito de somar: como faltavam poucas voltas para o fim, o carro de Prost foi calçado com pneus mais macios (como o Ze MAria alertou), que só a MIchelin tinha, e a pressão do turbo foi aumentada. Dai a disparada do Prost, na frente do Piquet na relargada, já que tinha motor aspirado e pneus normais de corrida.. Watson, com os Michelin, de treino, também estava mais rapido na “segunda corrida”, e Arnoux só não ultrapassou Piquet na soma de tempos porque ficou muito longe no momento da paralisação da prova.
        A vantagem que Piquet tinha até a volta 58 não teria permitido Prost se aproximar e vencer.
        A paralisação (e não o encerramento) permitiram a estrategia e a vitoria da Renault, carro, motor, pneus e piloto frances, no GP da França.
        Muito conveniente para o Sr. Balestre….sem pachequismo, isso foi uma manobra pensada, posto que após a paralisação todo mundo achava que o GP seria encerrado (mais de 2/3 tinham sido cumpridos). Mas a vantagem da Renault era clara, e a prova teve sequencia. Porém, Watson quase estraga o sonho de Balestre.
        Antonio

    • segundo alguns relatos, foi Dupasquier, da Michelin que teve a idéia de substituir os pneus, sugerindo primeiro a Prost e Larrousse (chefe da Renault) mas em seguida também à McLaren, AlfaRomeo e Ferrari – Watson, DeCesaris, Andretti e Pironi também aproveitaram para calçar novos, de classificação, para as 22 voltas restantes.
      Obviamente já estava instalada uma nova ‘guerra de pneus’ entre a marca francesa e a norte-americana recém retornada à F1.

    • Muito legal rever essa transmissão – valeu Pedro Perez !

      Só tive tempo de ver a parte 1, que mistura narração da BBC (Walker e Hunt) com a da Globo , Luciano do Valle e Reginaldo Leme – putz, como o Valle era bom locutor nas corridas dessa época!
      E as duas narrações mencionam a gigante afluência de público ao circuito: Walker conta de congestionamentos formados a partir de uma da manhã de sábado (dia da corrida), Luciano fala em 200 mil espectadores e de 4 horas e meia para se percorrer 3 milhas nos caminhos ao redor do autodromo.

      E que pista…só uma chicane, na Woodcote, justo onde Gilles vai rodar e levar mais 2 ou 3 com ele, ainda no início da prova.
      Todo o resto da pista é uma seqüência impressionante de alta velocidade como não se vê mais em lugar algum hoje em dia.

      • Detalhe é que o John Watson, que venceria, escapou por muito pouco – mas pouco mesmo! – da carambola provocada pelo Gilles.

  • Se vi bem, Piquet está de olhos fechados no momento da batida. Tento imaginar o susto que o piloto tomou, e a pancada foi grande.

    Piquet, em várias entrevistas, falou que não gostava de andar muito próximo do limite porque esse limite, no automobilismo, era a morte. A foto é ótima porque mostra algo que normalmente não vemos durante uma corrida: o momento do medo, o momento do susto, o momento em que esses caras de capacete são frágeis.