Há 30 anos…

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Nelson Piquet recebe a quadriculada do GP da França em Paul Ricard: foi o último triunfo da Brabham, há exatos 30 anos 

RIO DE JANEIRO – Dia 7 de julho. Em 1985, há 30 anos, o mundo do automobilismo assistia à última vitória de uma equipe que marcou história na Fórmula 1: a Brabham.

Naquele dia de alto verão na Europa, Nelson Piquet, no peito e na raça, conquistou o 35º triunfo do time fundado por Jack Brabham, um dos mais bem-sucedidos pilotos da história e o único – até hoje – campeão a bordo de sua própria criação.

E por que disse que foi um triunfo no peito e na raça? Simples: o então bicampeão mundial sentiu algo muito errado com sua Brabham BT54 BMW nas voltas de abertura dos boxes para os últimos ajustes e ele emergiu para a pista no fechamento do pit, para ocupar sua 5ª posição no grid de largada, no qual Keke Rosberg era o pole position, com um tempo 1″350 melhor que o do brasileiro. Ayrton Senna largava em segundo com a Lotus Renault, seguido por Michele Alboreto e Alain Prost, os dois protagonistas na briga pela liderança do campeonato.

Falando em BMW, os motores do construtor bávaro eram os que falavam mais alto no retão Mistral, conhecido por seus 1,8 km de extensão. Marc Surer, companheiro de Nelson na Brabham, cravou 338 km/h de velocidade final, embora tivesse marcado apenas o 13º tempo nos treinos. E Piquet saía da melhor posição dele num grid até aquela data. Nada podia dar errado.

E não deu. Mesmo com o susto inicial, Nelson fez uma corrida de ataque: passou para 3º ao fim da primeira volta, atrás do pole Rosberg e de Senna. Prost largou mal e caiu para sétimo. Na 7ª passagem, Piquet aproveitou a potência do motor BMW 4 cilindros em linha e despachou Ayrton, para iniciar a perseguição a Rosberg.

Velho conhecido de outras batalhas, o finlandês da Williams não resistiu. Piquet tinha um carro perfeito, o motor rendia bem e os pneus Pirelli estavam excelentes, mesmo no forte calor da Riviera francesa. A ultrapassagem aconteceu na 11ª volta e Piquet permaneceu na ponta até o fim das 54 voltas. Rosberg chegou em segundo, pouco mais de seis segundos atrás. Alain Prost, na irritante regularidade de costume, foi ao pódio, seguido por Stefan Johansson, Elio de Angelis e Patrick Tambay.

Detalhe: até hoje, o triunfo de Nelson Piquet é um dos únicos de um piloto brasileiro na história do GP da França, uma das poucas corridas que Ayrton Senna não venceu. Felipe Massa ganhou a corrida já em Magny-Cours em 2008, na última vez que o país recebeu a categoria.

Voltando à Brabham: a saída de Nelson Piquet ao fim daquele mesmo campeonato, após dois títulos mundiais e 13 vitórias, foi determinante para o início da decadência de uma das equipes mais tradicionais da categoria máxima do automobilismo. Bernie Ecclestone perdeu o interesse pela escuderia e ainda viu Elio de Angelis, substituto de Piquet, morrer no ano seguinte numa sessão de testes realizada exatamente em Paul Ricard.

O time britânico fechou as portas ao fim de 1987 e regressou dois anos mais tarde, com novos donos. Após uma interessante sobrevida em 1989, com direito a um pódio no GP de Mônaco com Stefano Modena e boas performances de Martin Brundle, a Brabham passou por administrações duvidosas, com pilotos idem, culminando na falência total e absoluta e no fechamento das portas do time sediado em Chessington, no Surrey, durante a temporada de 1992. O último piloto que sentou no modelo BT60B, no 394º e derradeiro GP da história do time foi Damon Hill, filho do bicampeão Graham Hill, no circuito de Hungaroring, na Hungria.

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