Equipes históricas – Ligier, parte III

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O conceito de carro asa foi adotado por quase todas as equipes em 1979. E quem mais se adaptou a essa realidade no início daquele ano foi a Ligier

RIO DE JANEIRO – A Lotus venceu de lavada o Mundial de 1978 com Mario Andretti a bordo do revolucionário modelo 79 com perfil asa nas laterais. Com o auxílio de minissaias e de uma aerodinâmica até então inédita, herdada da aeronáutica, Colin Chapman e sua equipe trouxeram uma das maiores novidades da história do automobilismo.

E como nada se cria, tudo se copia, o mundo da F1 viu nascer os clones de carro-asa para a temporada de 1979.

Ainda no fim de 1978, a Ligier se virou rápido com o fim da participação da Matra na categoria. Os franceses decidiram pela retirada voluntária e Oncle Guy fechou um contrato de fornecimento de motores com a Cosworth, para equipar o novo carro, o JS11. Projeto de Gérard Ducarouge, com Michel Beaujon na direção técnica e Robert Choulet como o responsável pela aerodinâmica, o Ligier da temporada de 1979 era muito mais compacto e mostrou-se, de cara, extremamente competitivo.

Outra novidade além do carro-asa e dos motores Ford Cosworth V8 era a contratação de Patrick Depailler, após cinco temporadas pela Tyrrell. Experiente, rápido e ótimo acertador de carros, sem dúvida sua chegada viria para somar. Jacques Laffite seguiria a bordo pelo quarto ano seguido no time de Vichy. E de saída, o JS11 começou a mudar o patamar da equipe na categoria. De time promissor, passou a bola da vez, o adversário a ser batido.

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Soberano: Laffite venceu com sobras o GP da Argentina

Nos treinos para o GP da Argentina, os carros azuis sobraram: Jacques Laffite conquistou uma incrível pole position, mais de um segundo abaixo do tempo de Patrick Depailler, que compunha a dobradinha no grid. Na corrida, Depailler disparou na frente, enquanto Laffite, após uma má largada, recuperou-se bem e chegou a segundo com menos de cinco voltas. Na 11ª, os dois trocaram de posição e a Ligier só não fechou a prova de abertura com um 1-2 acachapante porque Depailler precisou ir aos boxes com problemas de ignição. Acabou voltando à pista para terminar em 4º. Laffite venceu. Festa bleu-blanc-rouge em Buenos Aires.

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Avassaladores: com Didier Pironi de coadjuvante (o 3º colocado, na verdade, foi Reutemann), Laffite e Depailler comemoram a dobradinha no GP do Brasil

E o queixo do povo todo da F1 voltaria a cair na corrida seguinte, em Interlagos. Nova pole position de Jacques Laffite para o GP do Brasil, 0″92 mais rápido que Depailler. Na corrida, não teve pra ninguém. Os dois sumiram da concorrência e dominaram por completo as 40 voltas. Laffite e Depailler concretizaram o que era esperado desde a Argentina e fecharam a prova em dobradinha, 44 segundos à frente do 3º colocado, Carlos Reutemann, embora fosse Didier Pironi a receber o troféu referente à posição, por uma mancada do sistema de cronometragem da corrida. Guy Ligier e Gérard Ducarouge não se continham em tamanha felicidade. De 30 pontos possíveis, a equipe conquistara 27, mais que o dobro de pontos da… Lotus.

Mas nem todos os carros de 1979 ainda estavam prontos. A Ferrari estrearia o seu no GP da África do Sul, em Kyalami. Para piorar, a pista próxima a Johanesburgo era acima do nível do mar e os motores turbo da Renault finalmente mostravam algum potencial. A dupla da Ligier largou da 3ª fila do grid, mas ao contrário das duas primeiras provas, nenhum dos azuis viu a quadriculada. Depailler bateu logo no início. Laffite saiu da pista na 45ª volta e também desistiu.

Em Long Beach, Gilles Villeneuve voltou a provar que a Casa de Maranello vinha forte para a briga pelo título e incomodaria a Ligier. Venceu a corrida e assumiu a liderança do campeonato, pois Laffite abandonou na 8ª volta com problemas de freios. Depailler salvou dois pontinhos, após uma longa e acirrada disputa com o compatriota Jean-Pierre Jarier, além de também enfrentar uma falha de freios em seu JS11 perto do fim da corrida. Pelo menos a Ligier vinha na vice-liderança do Mundial de Construtores, com 29 pontos.

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Domínio: no GP da Espanha, os JS11 fizeram 1-2 no grid e Depailler, com o #25, venceu de ponta a ponta, assumindo a liderança do campeonato

Entretanto, antes dos treinos para o GP da Espanha, mesmo após duas corridas repletas de percalços, Ducarouge era só confiança. “A Ligier tem tudo para repetir o desempenho da Argentina e do Brasil”. O engenheiro tinha toda razão: nos treinos, os dois JS11 voltaram a dominar a primeira fila, mas o carro do pole position Laffite ficou pelo caminho por quebra. Depailler resistiu até o fim e venceu com folga superior a 20 segundos sobre o argentino Carlos Reutemann. O francês passou à liderança do Mundial de Pilotos – empatado com Villeneuve – e a equipe chegou a 38 pontos no Mundial de Construtores.

Em Zolder, os azuis fizeram novo 1-2 nos treinos, provando que voltavam à forma das corridas inaugurais, como previra Ducarouge em Jarama. Mas no GP da Bélgica, Jody Scheckter foi impecável e conquistou sua primeira vitória pela Ferrari, assumindo a liderança do campeonato empatado em 24 pontos com Jacques Laffite, que chegou em segundo. Depailler bateu na 46ª volta. Nas ruas do Principado de Mônaco, Depailler largou em 3º após um enrosco com Didier Pironi nos treinos e chegou em quinto. Laffite desistiu por quebra da caixa de marchas e perdeu a liderança do Mundial para Scheckter, que venceu – de novo.

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Depailler pôs sua carreira em risco ao se acidentar de asa delta em Clermont-Ferrand. Teve múltiplas fraturas e não voltou à Ligier para o resto do campeonato

A primeira metade de campeonato fora de sonho para a escuderia francesa. Com 46 pontos no Mundial de Construtores, a Ligier era uma séria ameaça à Ferrari e nas sete provas disputadas até então, só as duas equipes tinham vencido em 1979. Mas no intervalo entre o GP de Mônaco e a 8ª etapa, justamente na França, o panorama virou do avesso. Em 3 de junho, Patrick Depailler sofreu um acidente de asa-delta, fraturando ambas as pernas. O piloto era fã de hobbies perigosos e já fraturara uma perna anos antes, quando defenderia a Tyrrell, num tombo de motocicleta.

Com as múltiplas fraturas, ficou claro que Depailler não voltaria mais às pistas naquele ano e a Seita, patrocinadora da equipe, exigiu uma definição rápida do substituto de Depailler. Alain Prost, jovem piloto que despontava na F3, foi cotado, mas a exigência foi por um piloto experiente. Até o aposentado Jean-Pierre Beltoise, que testara o JS5 e na época tinha 42 anos, foi cogitado. Henri Pescarolo e James Hunt – que abandonaria a categoria naquele período – também. E o britânico foi logo descartado pela Seita por ter sido ligado à Marlboro por muito tempo. Finalmente, em 21 de junho, foi anunciado o novo piloto do carro #25: o belga Jacky Ickx, então com 34 anos e já longe de ser competitivo nos monopostos, especializando-se em provas de Endurance.

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Após descartar Alain Prost e vários veteranos, entre eles James Hunt, que se aposentaria, a Ligier trouxe Jacky Ickx para o lugar de Depailler

As evidentes dificuldades de Ickx na adaptação ao JS11 foram claras nos treinos do GP da França, em Dijon-Prénois. O belga classificou-se só em 14º lugar e Laffite foi apenas 8º no grid, mesma posição em que terminaria após uma péssima corrida. Ickx abandonou na 45ª volta, por quebra de motor. Além da novidade da primeira vitória do Renault Turbo, surgia outro carro que seria a sensação da segunda metade da temporada – o Williams FW07 roubou do Ligier o status de time-surpresa do ano de 1979.

No GP da Inglaterra, Clay Regazzoni conquistou uma surpreendente vitória para o time de Frank Williams e Jacky Ickx, munido de sua experiência, salvou a honra da Ligier com um pontinho do 6º lugar após largar em 17º. Laffite saiu em décimo e abandonou com problemas de velas no motor de seu carro. Em Hockenheim, Jacques finalmente voltou ao pódio com um 3º posto e Ickx desistiu devido a um furo de pneu. Na Áustria, Laffite voltou a ser 3º e Ickx abandonou. Alan Jones venceu duas vezes e a Williams conseguiu três triunfos consecutivos – aumentando para quatro em Zandvoort, no GP da Holanda, que viu outra vez a Ligier no pódio e de novo em 3º (de novo com Laffite). E Ickx ainda conseguiria um quinto lugar, seu melhor resultado naquele ano.

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3º colocado no GP da Holanda, à direita da foto, com Jones no centro e Scheckter à esquerda, Laffite teve uma segunda metade de ano bastante atribulada

Na Itália, Laffite pulou de 7º no grid para quarto e logo veio para terceiro, comboiando a dobradinha Scheckter-Villeneuve. Mas o motor de seu carro quebrou e o de Ickx também. No Canadá, em Montreal, problemas de válvulas e de caixa de marchas acabaram com a corrida de ambos os pilotos. E no GP dos EUA-Leste, debaixo de chuva, a temporada da Ligier acabou de forma melancólica: Ickx, um especialista no molhado, bateu logo na 3ª volta. Laffite rodou na volta seguinte, no mesmo ponto do acidente do belga.

Mas apesar do péssimo fim de campeonato, a equipe francesa fecharia o ano em 3º lugar, com 61 pontos, deixando a impressão que poderia ter feito muito mais – não fosse o acidente de Depailler com sua asa delta – porque Ickx, de fato, pouco ou nada acrescentou. Laffite acabou o Mundial de Pilotos em 4º lugar.

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Novo colega: Guy Ligier dispensou Ickx, rescindiu com Depailler e trouxe Didier Pironi para dividir a Ligier com Laffite em 1980

Para a temporada de 1980, Guy Ligier livrou-se de dois problemas. Dispensou os serviços de Ickx e rescindiu o contrato de Depailler, que se bandearia – mesmo em péssima forma física – para a Alfa Romeo. O carro #25 teria um novo piloto: Didier Pironi, então com 27 anos, que tivera um bom ano pela já decadente Tyrrell.

Os engenheiros perceberam que o JS11 ainda tinha vida útil e ao invés de partir para um carro 100% novo, Ducarouge, Beaujon e Choulet partiram para o desenvolvimento do que já era bom. Por uma questão de superstição, o Ligier foi batizado de JS11/15 para a quinta temporada da história da escuderia.

O início de temporada foi tão bom quanto o de 1979: Laffite classificou-se em 2º no grid do GP da Argentina e Pironi estreou pelo time com um excelente 3º posto. Mas a corrida da jovem revelação durou só uma volta: o motor não resistiu ao calor do verão de Buenos Aires. Laffite, após uma boa disputa com Nelson Piquet, superou-o e chegou à liderança por 12 voltas, quando o pole e líder Alan Jones entrou nos boxes para tirar do radiador de seu carro um saco plástico que poderia causar superaquecimento. Mas foi o motor da Ligier #26 que estourou, provocando o abandono de Laffite.

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Show em Interlagos: penúltimo após um pneu furado, Pironi recuperou-se com valentia e chegou em quarto no GP do Brasil

No GP do Brasil, Pironi largou pela primeira vez na carreira numa primeira fila e Laffite em quinto. Enquanto o veterano francês abandonava com problemas de ignição, Pironi faria uma corrida monumental de recuperação: na 3ª volta, furou um pneu de sua Ligier. O piloto voltou à pista em 21ª e penúltimo. Já na metade da disputa estava em sexto e acabou em quarto, mostrando muita combatividade – que seria plenamente recompensada na corrida seguinte, o GP da África do Sul. Pironi foi 3º e Laffite segundo, coadjuvando a vitória e a liderança isolada do campeonato de René Arnoux, num pódio 100% francês. Incroyable!

Em Long Beach, os JS11/15 estavam longe da competitividade habitual: Laffite largou em 13º e desistiu em razão de um furo de pneu. Pironi largou em nono, caiu para penúltimo na 28ª volta e mostrou a tenacidade habitual para sobreviver ao caos e se recuperar para sexto. Dizem que foi nesta corrida que o jovem francês começou a chamar a atenção de uma velha raposa: o Commendatore Enzo Ferrari.

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Impecável: Pironi liderou de ponta a ponta saindo da pole position e venceu o GP da Bélgica

No GP da Bélgica, Pironi não deixaria dúvidas sobre seu talento evidenciado a bordo de um bom carro: 2º no grid, largou de forma espetacular e venceu de ponta a ponta no difícil circuito de Zolder. Foi a quinta vitória da história da Ligier e a primeira do jovem piloto em sua curta carreira na F1. Laffite ficou em terceiro por longo período, mas teve problemas e acabou em 11º, quatro voltas atrasado. Em Mônaco, ele conseguiu um ótimo 2º lugar, atrás de Carlos Reutemann e à frente do novo líder do campeonato, Nelson Piquet. Pironi foi brilhante no Principado: fez a pole position e liderou com autoridade por 54 voltas. Mas todo o seu brilhantismo caiu por terra num acidente e foi o fim da linha para o #25.

Nisso, uma guerra entre a Associação dos Construtores (FOCA) e a FISA de Jean-Marie Balestre explodiu de vez. Esse conflito político vinha recrudescendo desde o início do campeonato e a questão que marcava a discussão entre as duas forças da F1 nos bastidores era o regulamento técnico, principalmente quanto ao uso das minissaias como aparato aerodinâmico. As equipes “legalistas” – Ferrari, Renault e Alfa Romeo – boicotaram o GP da Espanha, do qual a Ligier, integrante do bloco da FOCA, participou. E era melhor que não tivesse ido: Laffite bateu com Carlos Reutemann e Pironi perdeu uma roda, acidentando-se. Menos mal que, posteriormente, a corrida tivesse sido declarada ilegal e os pontos cassados do campeonato.

Nesse interim, a Ligier anunciava uma nova parceria para 1981: o grupo Talbot comprou 70% das ações da equipe e se tornou sócio majoritário de Oncle Guy. Para completar, por conta da compra da Simca e da Chrysler francesa pela Talbot, a equipe retornaria aos motores Matra V12 usados entre 1976 e 1978 – com planos inclusive de construção de uma unidade V6 turbo 1,5 litro para o futuro, o que a priori seria uma tremenda dor de cabeça para a FOCA de Ecclestone…

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Cena comum em 1980: Pironi à frente e mais rápido que Laffite, durante o GP da França, em Paul Ricard

Com o cancelamento do GP da Espanha, a 7ª etapa válida por pontos em 1980 foi o GP da França, disputado novamente em Paul Ricard. Com a longa reta Mistral de 1,8 km de extensão, os carros-asa poderiam atingir fácil os 300 km/h e Laffite, para não deixar dúvidas, foi seis décimos superior a Pironi nos treinos, marcando a pole position. Mas na corrida, “miaram” os motores Renault Turbo e Alan Jones deu show, colocando água no vinho dos franceses. Pironi chegou em 2º e Laffite em terceiro.

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Pironi comemora a pole do GP da Inglaterra, em Brands Hatch: na corrida, dois pneus furados o tiraram de esquadro

Na Inglaterra, após quebrar o recorde extra-oficial e destruir dois carros num treino coletivo da F1 em Brands Hatch, Pironi liderou a primeira fila da Ligier para a 8ª etapa do Mundial. O piloto liderou as primeiras 18 voltas, sempre com Laffite em segundo, até furar um pneu e cair para último. Laffite herdou a dianteira, mas sentiu que seu carro não estava bom: sem poder ultrapassar os retardatários, foi vítima de uma estranha quebra que jogou o JS11/15 nas telas de proteção. Deixou o carro furioso e voltou a pé para os boxes. Pironi ainda chegou a uma espetacular 5ª posição, mas novamente furou um pneu e desistiu de vez.

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Tudo a favor: no GP da Alemanha, os adversários tiveram problemas e Laffite, enfim, venceu em 1980

Após tantos azares, uma hora a sorte teria que sorrir para a Ligier: e no GP da Alemanha, Jacques Laffite voltou ao topo do pódio com os problemas que o então líder Alan Jones enfrentou a poucas voltas da quadriculada. Pironi largou em 7º mas abandonou com uma falha de transmissão. Na Áustria, o piloto do #25 abandonou com problemas de dirigibilidade e Laffite voltou ao pódio com um 3º lugar. Em Zandvoort, Pironi bateu com Elio De Angelis logo no começo e Jacques, após liderar por 10 voltas num frenético início de corrida, cheio de trocas de posição, acabou mesmo em terceiro – novamente.

No começo de setembro, Pironi telefonou para seu patrão Guy Ligier e abriu o jogo: tinha assinado um contrato com a Ferrari para 1981. Do outro lado da linha, Ligier quase caiu da cadeira. Não podia acreditar no golpe que recebera de sua nova aposta. Pironi, extremamente discreto nas negociações com o Commendatore Enzo, era o favorito na linha de sucessão para ocupar o cockpit de Jody Scheckter, que deixaria a F1 ao fim de 1980. Os outros eram Alain Prost e René Arnoux, que foram descartados – e que no futuro seriam exatamente pilotos… da Ferrari.

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Para sentir o gostinho: em Imola, Didier Pironi experimenta a “pega” do volante da Ferrari, sua nova equipe para 1981

Seduzido pela Ferrari, Pironi deixou a desejar nos treinos para o GP da Itália, disputado pela primeira e única vez em Imola. Largou em 13º a 2″434 da pole. Mas o Ligier JS11/15 estava péssimo na pista. Tanto que Jacques Laffite fez apenas o 20º tempo para o grid. Discreto, Pironi chegou em sexto e Laffite, em seu pior desempenho ao longo de todo o ano, foi só o nono colocado.

A Ligier teria melhor sorte no GP do Canadá, em Montreal, onde os dois carros voltaram a andar bem. Pironi fez o 3º tempo, seis posições à frente de Laffite. E na segunda largada, autorizada após a anulação da primeira devido a uma colisão proposital de Alan Jones em Nelson Piquet, Pironi queimou a largada e imediatamente foi punido com 1 minuto de acréscimo de tempo pelos comissários. O francês acelerou tudo o que podia e acabou ao final da prova em 3º lugar. Jones, beneficiado pelo estouro do motor da Brabham de Piquet, conquistou o título. Laffite abandonou na penúltima volta, por falta de combustível. Um raro erro de cálculo dos mecânicos da equipe lhe custou os pontos do 5º lugar.

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A temporada de 1980 viu a Ligier vice-campeã mundial de Construtores na F1, um resultado histórico

Na última etapa do campeonato, em Watkins Glen, Pironi largou de 7º e despediu-se da equipe com mais um pódio, chegando em 3º lugar. Laffite veio de 12º para quinto na quadriculada. O resultado foi suficiente para que terminasse o Mundial de Pilotos em 4º novamente, com 34 pontos – dois a mais que Pironi. Com o desempenho constante de seus dois pilotos, a Ligier chegou a um histórico vice-campeonato no Mundial de Construtores – se bem que com pouco mais da metade dos pontos da campeã Williams.

Esta foi aquela que os saudosos chamariam de “Época de Ouro” da Ligier, mas a equipe ainda teria alguma lenha a queimar na temporada de 1981. O próximo post terá não só as histórias deste campeonato como também do Mundial de 1982.

Comentários

  • Grande post, como sempre. Pironi era um grande piloto, muito regular e pragmático. Como a F1 sempre premiou mais a regularidade que o espetaculo, acho que se Pironi e Villeneuve tivessem corrido todo o ano de 82, o francês seria campeão (embora Gilles fosse mais talentoso e brilhante).

  • A atuação de Pironi em Brands Hatch 1980 foi espetacular, ele vinha batendo os recordes de voltas sucessivamente com grande possibilidade de chegar nos ponteiros, não fosse um segundo furo no pneu…

  • Os JS11 e JS 11/15 foram de fato marcantes na história da equipe!
    Pena que uma série de fatores, tanto em 79 como em 80, tenha comprometido alguns resultados.
    Aproveitando o momento, será que você, Rodrigo, ou algum dos leitores saberia dizer a marca/modelo dos retrovisores usados nesses carros?
    Antecipadamente agradeço.
    Zé Maria

  • Rodrigo Mattar, me chamou a atenção essa foto do pódio do GP do Brasil de 1979.

    Todo o mundo sabe que houve a dobradinha da Ligier, mas vendo o próprio VT da corrida no YouTube e conferindo o resultado oficial no Stats F1, constata-se que o 3o colocado fora Carlos Reutemann.

    Entretanto, como se percebe na foto, quem aparece no pódio, ladeando a dupla da Ligier é Didier Pironi, que na verdade fora o 4o colocado, posição esta confirmada quando a gente ver o histórico volta-a-volta da corrida.

    Isto posto pergunto: naquela época o 4o colocado também subia ao pódio? Qual o motivo da presença do Pironi?

    http://www.statsf1.com/en/1979/bresil.aspx