Com pista molhada, Westbrook crava pole para a Petit Le Mans

RIO DE JANEIRO – Para ser honesto, não lembro de ter visto em qualquer série de Endurance dos EUA – quer American Le Mans Series ou Rolex SportsCar Series – uma classificação disputada com pista molhada. Se isto era inédito até esta data, não é mais: o treino oficial da 18ª edição da Petit Le Mans aconteceu em condições adversas e o traçado de Road Atlanta se tornou uma grande armadilha para os carros e pilotos que foram buscar um melhor posicionamento no grid.

E logo no momento decisivo da temporada 2015 do Tudor United SportsCar Championship, que terá a corrida final neste sábado, o #90 da Spirit of Daytona/Visit Florida Racing conquistou a pole position – primeira deste Corvette DP em 2015. Uma pilotagem extraordinária do britânico Richard Westbrook deu ao bólido a posição de honra no grid de largada. Ele conseguiu o tempo de 1’27″860, mais de um segundo abaixo da marca do brasileiro Christian Fittipaldi, também com um Corvette DP – mas da Action Express Racing.

Christian e seu parceiro João Barbosa estão em busca do bicampeonato. Mas, pelo visto, terão em Richard Westbrook e no canadense Michael Valiante adversários dificílimos. A dupla do #5 terá a ajuda de Sébastien Bourdais, é verdade. Mas no outro carro, o alemão Mike Rockenfeller, campeão de 2012 do DTM, vai reforçar o carro do time de Troy Flis.

Com tanta água na pista de Braselton, não foi surpresa que somente três dos seis carros da classe Prototype que classificaram superassem os tempos dos GTLM mais rápidos, que treinaram mais cedo e em condições melhores. A 3ª posição do grid ficou com o #01 da Chip Ganassi Racing, vencedor em Austin: Joey Hand marcou sua melhor volta em 1’29″627 – bem melhor que os Corvette DP de Ricky Taylor e Dane Cameron. O DeltaWing foi amplamente prejudicado pelo piso molhado e o desempenho do estranho protótipo foi pífio.

Os dois Mazda SDR-14 com motores diesel não foram à pista na qualificação e o Ligier JS P2 HPD da Michael Shank Racing, tampouco. Mas se os protótipos do construtor japonês se ressentem de problemas mecânicos (que novidade…), o carro #60 do brasileiro Oswaldo Negri, que tinha sido bastante rápido com a pista ainda seca, foi vítima de um forte acidente no treino noturno com John Pew e passou por uma reconstrução completa do chassi na oficina da Elan Power Products, numa deferência de Don Panoz. Como a MSR não tem outro chassi disponível, este foi o paliativo encontrado para que o carro – mesmo largando entre os últimos nos protótipos – participe do evento final do campeonato.

Na Prototype Challenge, o que se viu foi uma autêntica guerra entre pilotos britânicos. E quem levou a melhor foi Tom Kimber-Smith no #52 da PR1/Mathiasen Motorsports. Com o tempo de 1’32″378, ele foi quase seis décimos melhor que o #16 guiado pelo experiente Johnny Mowlem. O terceiro Oreca FLM09C da classe, guiado pelo venezuelano Alex Popow no treino oficial, ficou bastante atrás, na casa de 1’33” alto. Chris Cumming, companheiro do brasileiro Bruno Junqueira, qualificou o #11 da RSR em quarto na categoria. E o carro líder da classificação, com Jonathan Bennett a bordo, virou tempos muito altos, acima de 1’42”. A trinca do #54 acabou com a pior performance entre todos os protótipos inscritos.

Com as condições da pista bastante traiçoeiras, os Porsche eram francos favoritos à pole nas duas divisões de Grã-Turismo e pelo menos na GTLM não decepcionaram. Mesmo com um acidente que provocou uma bandeira vermelha a quatro minutos do fim do treino, o neozelandês Earl Bamber fez o extraordinário tempo de 1’30″304, superando em menos de um décimo de segundo o carro do companheiro de equipe Nick Tandy. Oliver Gavin ficou a mais de um segundo e três décimos dos rivais com o 3º tempo na classe em seu Corvette C7-R, com Lucas Luhr em quarto na BMW Z4 e Giancarlo Fisichella em quinto.

O Porsche #17 do Team Falken – escuderia que faz sua última corrida no TUSC – tinha boas chances pois o desempenho do carro sempre foi bom em situações mais atribuladas de pista. Mas Bryan Sellers cometeu um erro e bateu forte, danificando o carro. “Em sete anos de equipe, é a primeira vez que isso nos acontece”, explicou o piloto no twitter, lembrando aquela personagem do Pica-Pau que dizia “Em todos estes anos nesta indústria vital, é a primeira vez que isso me acontece”.

Vamos em frente: na classe GTD, os Porsches de Spencer Pumpelly e Leh Keen dominaram as ações, mas… quem riu por último foi o Viper GTS-R guiado pelo jovem Cameron Lawrence. O piloto de apenas 23 anos fez a pole da categoria com o tempo de 1’38″295, superando em mais de meio segundo o tempo cravado por Pumpelly quando tudo já parecia definido.

Uma boa performance de Guy Cosmo colocou o Audi #45 da Flying Lizard Motorsports na quarta posição da classe, com o Viper de Ben Keating em quinto, seguido das Ferrari de Jeff Segal e do brasileiro Daniel Serra. Christina Nielsen, que lidera o campeonato, colocou o Aston Martin da TRG-AMR em oitavo na categoria, logo à frente do Audi de Dion Von Moltke, que está um ponto atrás da nórdica na classificação.

A Petit Le Mans, com duração prevista para 10h, tem largada marcada para 12h10 pelo horário de Brasília. O Fox Sports não transmitirá a corrida ao vivo, exibindo um compacto ao longo da próxima semana.