Pendurando o capacete

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O colorido capacete de Wurz não será mais visto nas pistas no próximo ano: o austríaco anunciou hoje sua aposentadoria, aos 41 anos

RIO DE JANEIRO – O mais jovem vencedor da história das 24h de Le Mans, aos 22 anos e 91 dias – há quase 20 anos atrás – disse hoje adeus ao automobilismo. O austríaco Alexander Wurz faz no próximo dia 21 sua última corrida da carreira: as 6h do Bahrein são o ponto final na trajetória do piloto, hoje com 41 anos.

Pilar do desenvolvimento dos protótipos da Toyota no retorno da marca à Endurance, Wurz disputou 27 provas do FIA WEC antes da despedida barenita. Venceu cinco vezes – incluindo o primeiro triunfo da marca em 2012, nas 6h de São Paulo, em dupla com Nicolas Lapierre. Ajudou a Toyota a conquistar o título mundial de marcas no ano passado. E nas 24h de Le Mans, em nove oportunidades que correu em Sarthe ganhou duas vezes – o segundo triunfo, inclusive, aconteceu 13 anos após o primeiro.

A carreira de Wurz, nascido em 15 de fevereiro de 1974, começou na Fórmula Ford 1600, passando por Fórmula 3, ITC, FIA GT e desaguando, é claro, na Fórmula 1. O jovem piloto atraiu o interesse de Flavio Briatore, que lhe ofereceu um lugar como piloto de testes da Benetton. E já em 1997, estreou na categoria máxima, substituindo Gerhard Berger, com graves problemas de sinusite. Wurz fez um bom trabalho e inclusive pescou um 3º lugar em sua terceira prova apenas, no GP da Inglaterra. O bom desempenho lhe fez ser titular no ano seguinte, quando o time das cores unidas se reestruturou, mandando os dois veteranos – Berger e Alesi – embora, trocados por duas jovens promessas: Wurz e Giancarlo Fisichella.

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Na F1, disputou 69 GPs por Benetton, McLaren e Williams, subindo ao pódio três vezes

Wurz defendeu a Benetton entre 1998 e 2000. Começou bem com um 8º lugar no Mundial de Pilotos, mas suas performances foram decaindo e a equipe, também. O austríaco ficou em 13º e 15º no campeonato nos anos seguintes e acabou dispensado ao fim do contrato. Em 2001, aceitou uma proposta de Ron Dennis e da Mercedes-Benz. E lá foi o austríaco voltar ao posto de piloto de testes da McLaren, no qual permaneceu por longos cinco anos. Só competiu uma vez pela equipe, no GP de San Marino de 2005 – e não comprometeu: foi ao pódio com o 3º lugar.

A Williams o seduziu com uma proposta para se tornar seu piloto de desenvolvimento e Wurz trocou Woking por Grove para a temporada de 2006. No ano seguinte, Frank Williams o promoveu a titular. Experiente e barato para os padrões da F1, Alex poderia ser útil para o time britânico, em decadência naquela época. Conseguiu resultados surpreendentes como um terceiro posto no Canadá, largando de 19º aliás e a quarta posição no GP da Europa, em Valência. Mas seus dias como piloto da categoria estavam contados e lá foi ele para a Endurance.

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Alex Wurz ganhou duas vezes as 24h de Le Mans e na primeira delas, em 1996, tornou-se o mais jovem vencedor da história da prova, aos 22 anos e 91 dias, no TWR-Porsche da foto, alinhado pela equipe de Reinhold Joest

Wurz assinou com a Peugeot e retornou às 24h de Le Mans após 12 anos para chegar na prova de 2008 em 5º lugar. Mas a Honda bateu em sua porta e pediu que reconsiderasse a decisão de nunca mais testar carros de F1. Como a montadora japonesa retirou-se no fim daquele ano, Alex colaborou também com a Brawn GP no ano em que venceu em Sarthe pela segunda vez. Seguiu com a Peugeot até 2011 e depois fechou um contrato com a Toyota, desenvolvendo desde o início o projeto do TS030 Hybrid e depois andando com o TS040.

Como a gente vê pelos resultados, Alex Wurz esteve longe de ser um piloto brilhante. Mas foi um profissional reconhecido pela capacidade de acertar carros ao longo dos últimos 20 anos, algo que os pilotos dos dias atuais, muito mais afeitos a simuladores de testes, não possuem. Com certeza, o afável austríaco fará falta no FIA WEC.

A notícia da aposentadoria de Wurz, aliás, já era esperada pela própria Toyota, que pode ainda perder Stéphane Sarrazin. Provavelmente o lugar de Wurz será ocupado pelo “mito” Kamui Kobayashi, que disputou neste ano a Super Formula japonesa e foi alçado ao posto de reserva imediato dos pilotos titulares no Mundial de Endurance.

A ver.

Comentários

  • Grande Mattar, boa tarde!

    Bela carreira e feitos memoráveis para qualquer piloto. Lembro dele em 1997 fazendo o pódio no GP Britânico, tive a impressão que estávamos testemunhando o aparecimento de um campeão. Mesmo com um belo CV no automobilismo acredito que o Wurz entra para um grupo de pilotos que “algo faltou” para se tornar inesquecível e com certeza não foi falta de talento.

    ABRAÇO!

  • Wurz realmente prometia mais do que os resultados demonstraram…

    Agora a Toyota, em se confirmando a contratação do KOBAMITO, será imbatível em 2016!!!

    HE HE

    O FG comentou que na estreia do Koba na F1, aqui mesmo no Brasil em 2009, encontrou um engenheiro da Toyota ensinando o quê cada botão do volante do carro fazia…

    Kobayashi é demais!!!

      • Como tem gente que esquece que em corridas de automóveis , não depende só do piloto e em endurance muito menos de um piloto só . Tomara que a Toyota consiga fazer um carro que proporcione aos seus pilotos disputarem as principais colocações para o bem da competição (mas sem esta bichise de se deslumbrar por um piloto ). Más se a Mazda entrar no campeonato torcerei para que apresente um bom carro e consiga vitórias,tenho a maior simpatia pela marca e sua cidade de origem (vitima do maior crime de guerra da história da humanidade e da sacanagem que os civilizados europeus da FIA fizeram com seu 787 , que não era um carro tão imbatível como se poderia supor )

      • Acho que o “HE HE” logo abaixo da minha frase não foi suficiente para deixar claro que era uma brincadeira…

  • Uma pena a aposentadora do Wurz, não era excepcional mas sem dúvida um piloto competente e que contribuiu muito com o desenvolvimento dos Toyota…não sei se será imbatível, mas creio sim que o carro do ano que vem será muito mais competitivo, e com a vinda do Kobayashi (Mito), certeza de emoções na pista.