Rali de Monte-Carlo: Ogier sobra

Tudo como dantes no quartel de Abrantes, é o que diz o velho dito popular. E Sebastién Ogier começou 2016 como terminou o ano passado (Foto: Getty Images/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Sebastién Ogier começa a temporada 2016 do Mundial de Rali (WRC) como terminou a de 2015 – vencendo. O tricampeão mundial da categoria não deu chance para ninguém no tradicional evento de abertura do campeonato, que neste ano terá 14 datas, disputado sob um frio de rachar e com a neve a tornar mais difíceis e perigosas as estradinhas que compuseram o Rali de Monte-Carlo.

Em seu território particular, o piloto francês da Volkswagen mostrou que quem quiser impedir o tetracampeonato seguido dele e do navegador Julien Ingrassia, que comecem a agir – e rápido. Ele não só conquistou sua terceira vitória no evento como também foi o mais rápido no Power Stage disputado em Col d’Orme-Saint Laurent, que conferiu pontos extras aos três mais rápidos. Como efeito, Ogier vai para o Rali da Suécia com pontuação máxima e colocando pressão nos seus principais rivais.

Principalmente no finlandês Jari-Matti Latvala, duas vezes consecutivas vice-campeão e que se envolveu na primeira grande cagada do ano: ele atropelou um fotógrafo (que não foi socorrido pela dupla formada por Latvala e seu navegador Mikka Anttila) na SS11. Como efeito, o piloto levou uma multa de € 5 mil e foi punido com suspensão de uma etapa do Mundial de Rali, com direito a sursis. Mas qualquer reincidência… babau!

Outros também ficaram pelo caminho: Bryan Bouffier, um especialista das estradas dos Alpes Franceses, desistiu após problemas mecãnicos em seu Ford Fiesta. Robert Kubica, como sempre, deu seu show particular e adicionou mais um acidente ao seu prontuário. Mas a desistência mais dolorosa foi a de Kris Meeke, o único adversário a realmente dar algum trabalho a Ogier durante o evento.

Na quinta-feira, com um ritmo infernal, o irlandês saiu rasgando e foi o mais rápido com seu Citroën DS3 semi-assistido pela fábrica numa temporada parcial do construtor neste ano, visando o retorno com força total para 2017. Ogier recuperou o comando, mas Meeke nunca esteve muito longe do rival. Só que no sábado, um sério problema de câmbio tirou o piloto da prova. De dar dó…

Assim, o 2º lugar ficou com o norueguês Andreas Mikkelsen e seu novo parceiro de navegação – Andreas Jaeger Synneva. Sem conseguir manter o ritmo de Ogier/Ingrassia, a dupla até que foi bem em algumas etapas, mas sequer somou pontos no Power Stage. Acabaram a 1min54seg5 dos vencedores. Thierry Neuville/Nicolas Gilsoul driblaram uma falha na transmissão do Hyundai i20 da dupla para conseguir um importantíssimo 3º lugar e o primeiro pódio do construtor sul-coreano no evento desde o retorno da marca ao WRC.

Mads Østberg regressou à Ford com um bom quarto lugar, estreando também novo navegador – Ola Fløene, antigo parceiro de Mikkelsen. Stéphane Lefevbre levou o único Citroën DS3 semi-oficial que restou na prova ao 5º posto – enquanto Dani Sordo, após uma performance irregular ao longo dos dois primeiros dias, melhorou para 6º na geral.

Ott Tanak, agora num time não-oficial da Ford (mas com assistência da M-Sport) fez um bom sétimo posto e a oitava colocação foi do melhor WRC2, que por ironia foi do antigo colega do estoniano, Elfyn Evans. O galês, “rebaixado” para a divisão menor do Mundial, somou quatro pontinhos na geral e a primeira vitória do ano em sua divisão. Os Skoda mostraram a boa forma demonstrada no fim da última temporada, já que Esapekka Lappi chegou em nono, seguido do experiente alemão Armin Kremer. Quentin Gilbert, em sua estreia na subdivisão após o bicampeonato do WRC3/JWRC, ficou com o terceiro lugar no pódio do WRC2.

Próxima etapa: Rali da Suécia, entre 11 e 14 de fevereiro.

Resultado final do Rali de Monte-Carlo:

1. Ogier-Ingrassia (VW Polo Wrc) – 3.49’53”1
2. Mikkelsen-Jaeger (VW Polo Wrc) + 1’54”5
3. Neuville-Gilsoul (Hyundai i20 Wrc) + 3’17”9
4. Østberg-Fløene (Ford Fiesta RS Wrc) + 4’47”7
5. Lefebvre-Moreau (Citroen DS3 Wrc) + 7’35”6
6. Sordo-Marti (Hyundai i20 Wrc) + 10’35”5
7. Tanak-Molder (Ford Fiesta RS Wrc) + 11’39”9
8. Evans-Parry (Ford Fiesta R5) + 18’30”8
9. Lappi-Ferm (Skoda Fabia R5) + 20’41”0
10. Kremer-Winklhofer (Skoda Fabia R5) + 20’43”9

Classificação do campeonato após a 1ª etapa

1. Sebastién Ogier – 28 pontos
2. Andreas Mikkelsen – 19
3. Thierry Neuville – 15
4. Mads Østberg – 12
5. Stéphane Lefevbre – 10
6. Dani Sordo – 10
7. Ott Tanak – 6
8. Elfyn Evans – 4
9. Esapekka Lappi – 2
10. Armin Kremer – 1

Comentários

  • A categoria precisa urgentemente se rever. Nem na época de Loeb poderíamos cravar com tanta facilidade quem levantaria o caneco. Hoje, a parceria VW-Ogier abriu um abismo para os demais competidores. A custa de muita competência, diga-se.
    Se nos tempos de Loeb havia Solberg, Hivornen, Gronholm, o próprio Ogier e outras equipes fortes para ameaçar a Citroen, hoje ninguém faz cosquinhas no francês e no time alemão.