A volta

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Lando Norris é o grande favorito ao título da temporada que marca o regresso muito bem-vindo da Fórmula 3 inglesa ao cenário do automobilismo mundial

RIO DE JANEIRO – Há pouco mais de um ano, exatamente no dia 19 de outubro de 2014, este blog registrava o fim da Fórmula 3 inglesa após 63 anos. O certame, o mais tradicional da categoria em qualquer país ou continente, definhou ao longo dos anos. O trampolim de feras do automobilismo, que alçou Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Maurício Gugelmin, Rubens Barrichello, Gil de Ferran e dezenas de grandes nomes do país (e do mundo todo) para as pistas internacionais, virava pó.

“É difícil que o campeonato se restabeleça”, disse Peter Briggs, da então organizadora do certame, a Formula Three Association (FOTA). Ledo engano: não foi o que pensou o British Racing Drivers Club (BRDC), que estabelceu um caminho simples – a criação da Fórmula 4 foi o primeiro passo. Usando esta competição como molde, a Fórmula 3 inglesa renasceu das cinzas.

E o recomeço é hoje: neste sábado, o certame que era tido como morto e enterrado voltou à cena do esporte. A temporada de regresso terá oito rodadas triplas, num total de 24 corridas. Nove equipes estão confirmadas no campeonato, entre elas times tradicionais como a Fortec e a Carlin, sem contar a Double R Racing (fundada por Steve Robertson e Kimi Räikkönen) e times remanescentes da F4 feito a Hillspeed, a Lanan e a escuderia de Sean Walkinshaw, filho da velha raposa Tom Walkinshaw, falecido há alguns anos.

Entre os 22 participantes que constam no site oficial, o maior destaque é Lando Norris. Aos 16 anos, o antigo kartista subiu para a Fórmula 4, foi campeão e neste ano já faturou a Toyota Racing Series. É, na teoria, o grande favorito ao título em meio a muitos nomes desconhecidos – mas que podem ter algum talento. E há dois brasileiros: Matheus Leist, que disputou a F3 Brasil e estava na Inglaterra desde o ano passado, além de Enzo Bortoleto. Os dois vão guiar na Double R Racing, agora dirigida por Anthony “Boyo” Hieatt, antigo engenheiro de Bruno Senna nos tempos em que o sobrinho de Ayrton esteve na F3 inglesa.

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O pacote técnico é semelhante ao da Fórmula 4: chassis italianos Tatuus com motor Cosworth 2 litros, câmbio Sadev de seis marchas e pneus Pirelli

Outro segredo para o renascimento da categoria passa pelo pacote técnico: a receita é diferente da usada na América do Sul e também na F3 europeia, hoje vítima dos altos custos e que vive o esvaziamento do grid em relação a 2015. A F3 inglesa vai usar chassi Tatuus, construído na Itália (igual os Dallara), mas o motor será um Cosworth 2 litros que debita respeitáveis 230 HP de potência. Os monopostos terão caixa de câmbio Sadev, desenvolvida na França, com seis marchas sequenciais e acionamento por paddleshift. Os pneus são Pirelli.

A primeira rodada em Snetterton, nesse fim de semana de Páscoa, terá também uma corrida na segunda-feira – tradição no automobilismo britânico. E já que estamos falando de tradição, o blog não poderia deixar de saudar a volta de uma das mais importantes categorias da história do esporte.

A F3 inglesa representou muito para a F1 e muitos não teriam surgido se não fosse ela.

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