6h de Silverstone: Audi ganha. Mas não leva
RIO DE JANEIRO – A abertura do FIA World Endurance Championship teve de tudo. Dentro e fora da pista. Ao longo da disputa, trocas frenéticas de posição, estratégias mudando posições, ultrapassagens, toques, saídas de pista, quebras e alguns acidentes. Fora dela, polêmica.
O carro #7 de Marcel Fässler/Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer, que chegou à frente na quadriculada – no que seria a 11ª vitória da trinca da Audi em 33 provas na história do WEC – uma a cada três corridas, portanto, acabou cassado na vistoria técnica. O skid block (assoalho) colocado na parte central inferior do protótipo do construtor alemão tinha uma espessura inferior aos 20 mm exigidos como limite mínimo. De acordo com o item 3.5.6 a3 do regulamento da FIA, o carro estava irregular.
A Audi interpôs recurso à decisão e o resultado vai para o tapetão. Por enquanto, a vitória caiu no colo de Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb, que na pista acabaram atrapalhados por um toque sofrido por um LMGTE-PRO e não puderam lutar palmo a palmo pelo primeiro lugar, como a Porsche desejava. Mas se a Audi acabou derrotada na canetada, a Porsche herda o triunfo – segundo consecutivo do trio e sétimo seguido da marca de Weissach. Os alemães de Stuttgart não sabem o que é perder desde as 24h de Le Mans.
Isto posto, a Toyota – que já conquistara a 3ª posição com seu novo TS050 Hybrid, acabou ficando com o 2º lugar da trinca Stéphane Sarrazin/Kamui Kobayashi/Mike Conway. E numa mostra de que os últimos também podem ser os primeiros, a Rebellion Racing – obrigada a largar do fim do pelotão porque o carro #13 sequer fez tempo e o #12 não completou a média de voltas na qualificação por um problema de câmbio – acabou premiada com um pódio, o primeiro de uma equipe não-oficial no WEC desde as 6h do Bahrein em 2013, quando a G-Drive Racing terminou em terceiro com seu protótipo Oreca 03 Nissan LMP2.
Ao contrário dos treinos, na corrida os dois Rebellion R-One AER andaram bem e os pilotos não enfrentaram grandes contratempos. O #13 de Mathéo Tuscher/Alexandre Imperatori/Dominik Kraihamer saiu-se melhor e foi premiado com o quarto posto – que virou terceiro na eliminação do Audi vencedor. Nelsinho Piquet, em sua estreia, fez um belo trabalho. Guiou durante o primeiro período da disputa, deixou o carro em 8º lugar na geral e depois comemorou com a equipe o ótimo resultado. Se o 5º posto já era bom, o quarto lugar é melhor ainda.
Aliás, Piquet é um dos poucos da história – talvez ele e Sébastien Buemi estejam nesse rol – a pontuar em três categorias com a chancela da FIA: Fórmula 1, WEC e Fórmula E, na qual é o atual campeão. Ele ficou muito contente com a performance ao longo da disputa.
O ótimo resultado de Nelsinho não foi o único dos brasileiros neste domingo. Bruno Senna reestreou no WEC com uma ótima performance a bordo do Ligier JS P2 Nissan da RGR Sport by Morand. Guiou durante dois stints e ajudou o time que hoje tem as cores do México a conquistar sua primeira vitória no campeonato. Bruno correu junto ao mexicano Ricardo González – também sócio da equipe – e o português Filipe Albuquerque, que recebeu a quadriculada da vitória. A equipe terminara em 6º na geral, mas acabou em quinto com a desclassificação do Audi.
“Achávamos que tínhamos potencial para brigar por vitórias, inclusive nas 24 Horas de Le Mans, e pelo título. Felizmente começamos muito bem, apesar de um susto. O pneu dianteiro esquerdo moeu do nada depois do meu stint depois do Gonzalez. Trocamos só ele para o segundo e o carro continuou andando muito bem. Depois da entrada de um safety car, pude abrir bastante do segundo”, explicou. “A verdade é que nossa estratégia funcionou perfeitamente. Fizemos as paradas sempre na hora certa”, disse Bruno.
A classe LMP2 pelo visto verá muitos bons resultados dos pilotos do pais, já que Pipo Derani – artífice das vitórias da Tequila Patrón ESM nas 24h de Daytona e 12h de Sebring – começou de forma positiva sua segunda temporada na categoria. Na primeira corrida defendendo a escuderia estadunidense no WEC, o jovem piloto de 22 anos liderou com autoridade e fez a volta mais rápida da prova em sua divisão. O carro #31 chegou a rodar com Chris Cumming a bordo, mas com Ryan Dalziel recuperou-se o bom ritmo. Pipo regressou ao cockpit para mais um turno e conseguiu o pódio.
“É uma boa maneira de começar o campeonato”, explicou Derani. “Foi uma corrida muito difícil, mas sabemos que há muito para vir de Spa para adiante. Nós (Ryan, Chris e eu) tínhamos pouco tempo de pista juntos como equipe, ainda falta entrosamento. Por isso os 18 pontos foram algo bastante satisfatório.”
Atual campeã mundial da categoria, a G-Drive Racing começou bem em sua parceria com a Jota Sport. Mesmo com pequenos percalços, que incluíram a substitução de toda a frente do Oreca 05 Nissan, o trio René Rast/Roman Rusinov/Nathanaël Berthon tiveram uma performance sólida e completaram o pódio da divisão. A Signatech-Alpine andou bem também e ficou com o 4º lugar entre os LMP2 – oitavo da geral – com Gustavo Menezes/Stéphane Richelmi/Nicolas Lapierre.
As honras da casa foram feitas pela Strakka Racing e pela Manor, que se provocavam de forma amistosa nas redes sociais. A equipe de John Booth e Graeme Lowndon estreou no WEC com nota positiva: o carro #45 de Roberto Mehri/Richard Bradley/Matt Rao conseguiu chegar ao fim e muito bem colocado – 10º na geral e sexto na classe LMP2, atrás do Gibson 015S de Danny Watts/Jonny Kane/Nick Leventis.
Na classe LMGTE-PRO, a Ferrari e a AF Corse ganharam o primeiro duelo do ano: Sam Bird e Davide Rigon não enfrentaram nenhum problema ao longo da disputa e venceram com uma volta de vantagem sobre o outro carro do time. Gianmaria Bruni e o novo parceiro James Calado tiveram que pagar, logo no início da corrida, um stop & go de 3 minutos pela troca do motor após o treino classificatório. Mesmo com tamanha desvantagem, a dupla do carro #51 não baixou os braços e trabalhou dentro da pista com muita competência para somar 18 pontos no campeonato – beneficiada também pela quebra da suspensão do Porsche 991 RSR da Dempsey Racing-Proton, que atrasou a dupla formada por Richard Lietz/Michael Christensen.
A Aston Martin ainda beliscou o pódio com o #95 de Marco Sørensen/Nicki Thiim/Darren Turner, que tiveram uma performance sólida e menos atribulada que a corrida de Fernando Rees/Richie Stanaway, que terminou com o estouro do motor do carro #97. Os dois Ford GT terminaram em quarto e quinto na prova de estreia da equipe Chip Ganassi no WEC, mas com desempenho discreto. A Dempsey Racing-Proton consertou o carro e ainda fechou a disputa em 6º lugar.
A AF Corse emplacou também a vitória na LMGTE-AM. Sem qualquer problema, Emmanuel Collard/François Perrodo/Rui Águas embolsaram os primeiros 25 pontos na segunda vitória da trinca no WEC. Os Porsche 991 RSR da Abu Dhabi Racing-Proton e KCMG Racing acabaram vítimas do mesmo colapso de suspensão que o carro gêmeo da LMGTE-PRO e assim se atrasaram. Isto ajudou a trinca Paul Dalla Lana/Mathias Lauda/Pedro Lamy a chegar em 2º, seguidos por Paolo Ruberti/Yutaka Yamagishi/Pierre Ragues, que deram à Larbre Competition o primeiro pódio do Corvette C7-R na divisão.
Numa corrida tão movimentada quanto as 6h de Silverstone, não faltaram incidentes. E um deles poderia ter atingido proporções enormes. O Porsche #1 da trinca Mark Webber/Timo Bernhard/Brendon Hartley – com o neozelandês ao volante, envolveu-se numa querela com o Porsche 991 RSR da equipe Gulf Racing UK, estreante no WEC. Difícil dizer o que aconteceu, mas o gentleman driver Michael Wainwright, no carro mais lento, deve ter levado um puta susto quando Hartley tocou nele e… bem: o vídeo abaixo explica melhor.
https://www.youtube.com/watch?v=uFxGPUOJ2Vo
Logo após a colisão, foi deflagrado um período de Full Course Yellow (FCY) e na neutralização da disputa, o Audi R18 de Lucas Di Grassi parou no meio da pista. A princípio, pensou-se que o carro tinha travado em sexta marcha. Depois, começou a sair uma fumaceira de dentro do outro protótipo alemão e um engenheiro tentou – sem sucesso – resetar o sistema híbrido, que entrou em colapso. O jeito foi entregar os pontos e desistir. Mais tarde, o Toyota TS050 #5 teve um estouro monumental no pneu traseiro direito e acabou se atrasando também na disputa.
A próxima etapa será no dia 7 de maio, as 6h de Spa-Francorchamps. A 2ª corrida do ano terá a presença de alguns carros e equipes que pretendem usar a prova como preparação para as 24h de Le Mans. A G-Drive Racing terá seu Gibson 015S Nissan que venceu as 4h de Silverstone pelo ELMS, assim como a AF Corse com uma segunda Ferrari LMGTE-AM. Também é aguardada a inscrição de um Aston Martin extra na mesma divisão, mas não está confirmado. Os demais carros que quiserem participar não contarão pontos para o Mundial.
Ufa…..até que enfim….o WEC começou….
Na pista, a AUDI merece todos os méritos pela vitória. B. Hartley confiou demais….escolheu o lado errado e deu no que deu…
O campeonato vai ser difícil….em SPA o “bicho” vai pegar….
Valeu Rodrigo Mattar pela cobertura….e a AUDI hein…que pisada na bola….
Força PORSCHE!
Derani é espetacular. Tem um potencial enorme, que tenha sorte na carreira. Coisa que di Grassi não tá tendo na Audi. Todos os problemas que a Audi tem é com o carro dele.
Como não vi a corrida, vou falar pelo que li do texto:
– Toyota ainda decepciona, Porsche na frente com a Audi na cola.
– Que pintura linda a da Rebellion! A cada ano eles se superam. E o bom resultado na pista é um reconhecimento pelo esforço da equipe.
– Nenhuma equipe da LMP1 já enxergou o talento do Pipo Derani? Ele guia muito. Merece uma oportunidade.
– Mattar, além do Nelsinho e do Buemi, o Nick Heidfeld e o Mark Webber já pontuaram em três categorias FIA (F1, WEC e F-3000).
A F3000 não era campeonato mundial.
Apesar do abandono do Di Grassi e do Fernando Rees os outros Brasileiros foram bem; Só o Nelsinho que teve um pega prá capar com o carro Nº 4 da ByKOLLES durante uma parte da corrida os outros dois, Bruno Senna e Felipe Derani respectivamente 1º e 2º lugares na LMP2 foram bem durante a corrida.
Rodrigo; voçe viu a corrida ? , voçe vai posta-la em seu blog ?,
Vi a corrida, claro. Grande parte dela. Vou postar no blog se alguém tiver como pôr o vídeo. Mas ouvi de orelhada que a corrida vai ser disponibilizada em três semanas, via on demand.
Obrigado Rodrigo, fico no aguardo do seu blog, abraço!
Acompanhei a corrida pelo live timing do site oficial, já que o streaming não é gratuito e eu não adquiri o acesso…realmente foi um grande vacilo da Audi, e um baita prejuizo para o campeonato, que será longo…mas o carro mostrou que irá encarar os Porsche de igual para igual…e que resultado bacana para o Nelsinho…não sei não…mas se na Fórmula E tá osso com o carro desse ano…diversão para ele só no WEC.
Na LMP2, não poderia ser melhor para os brasileiros, e é legal ver uma vitória do sobrenome Senna, mas aposto mais no Pipo Derani para ir mais adiante em termos de campeonato e, principalmente em Le mans.
Na LMGTE, minha torcida é para os Ford GT, os discípulos do grande mito…mas já disse em outro post e repito: acho que “faltam cavalos” nos EcoBoost, porque eram sempre os mais lentos em tempos de volta, ainda que pareceram resistentes e consistentes, as vezes faziam voltas mais lentas que os carros da Am. Vamos para Spa para ver o que acontece.
eita Audi, hehe
depois das vitorias que nao valeram do Di Grassi na F-E, e da polemica no DTM ano passado, alem de sobrar rebarbas do dieselgate, mais essa,
vamo rever esses bastidores ae, auto union, hehe