Direto do túnel do tempo (330)
RIO DE JANEIRO – Dia 15 de maio de 1986. Testes da Fórmula 1 em Paul Ricard, na França. Esses de La Verrière. De repente, um carro se acidenta a 270 km/h naquele ponto do circuito. Há incêndio. O piloto dentro do carro não resiste aos ferimentos e morre horas depois. A tragédia tira do automobilismo um dos pilotos mais queridos de seu tempo, há exatos 30 anos: Elio de Angelis.
Italiano de família rica, nunca teve problemas com dinheiro e mostrou muito mais talento do que alguém poderia supor. Com apenas 20 anos, estreava em 1979 na quase defunta Shadow. Já na segunda temporada, conquistou até pódio com a Lotus. Colocou Mario Andretti no bolso e Nigel Mansell, que estreou em 1981, não era páreo para a regularidade e categoria do italiano.
Faltava uma vitória. E ela veio para acabar com a seca da Lotus, que perdurava desde 1978. A equipe britânica não vencia desde o GP da Holanda daquele ano, o boné de Colin Chapman não voava mais nos autódromos e o mago dos carros de corrida andava meio cabreiro. Nesse interregno, chegou a perder o patrocínio da John Player Special. Entrou a Martini, veio a nebulosa Essex, mas a JPS voltou e os Lotus tornaram a ser pretos e dourados como nos velhos tempos.
E foi com as cores icônicas do time que veio o primeiro triunfo de Elio. A princípio, o GP da Áustria de 1982, na veloz pista de Zeltweg, seria apenas mais um no escritório para o piloto, então com 24 anos. Era a 13ª etapa de um campeonato que tinha visto oito pilotos vencerem até aquela data – Alain Prost, René Arnoux, Didier Pironi, John Watson, Niki Lauda, Nelson Piquet, Riccardo Patrese e Patrick Tambay.
De Angelis começou bem: passou em quinto na primeira volta, viu a Renault de René Arnoux ter problemas e depois, quando o campeão de 1981 Nelson Piquet parou nos boxes com sua Brabham para inaugurar a era dos reabastecimentos na categoria, passou ao terceiro lugar.
O acidente do líder e compatriota Riccardo Patrese, que rodou e saiu da pista, assustando o público, deixou Elio em 2º lugar. Já era bom demais – ele igualava o melhor resultado da carreira. Só que… a cinco voltas do final, expirou o motor da Renault de Alain Prost.
Era demais pro italiano. Líder da corrida, perto da primeira vitória da carreira na F1. Só que outro piloto pensava igual: Keke Rosberg, da Williams, também perseguia o primeiro triunfo, fundamental na luta pelo título. Mas Elio correu por ele, pela Lotus e por Colin Chapman. Era matar ou morrer: só restavam os dois na mesma volta. E furiosamente eles desceram a curva Rindt rumo à linha de chegada. Deu Elio, que ergueu o braço direito em júbilo, por apenas 0″050.
E foi um momento histórico: como Anthony Colin Bruce Chapman morreu no fim daquele ano de 1982 em circunstâncias até hoje permeadas de mistério, aquela foi a última vez que tivemos o boné voador numa prova de Fórmula 1.
Saudades, Elio.
Há 34 anos, direto do túnel do tempo.
Caramba, grande lembrança Mattar!
Elio de Angelis tem se tornado um dos meus preferidos pilotos, tenho visto pelo you tube as corridas dos anos 80, (já (re)vi o final da temporada de 81, a temporada 82 completa e estou no meio da de 83) a cada dia que passa respeito mais o cara.
isso fora os bastidores daquela greve dos pilotos de 82… olhem só que relato legal da greve do gp da africa do sul de 82:
http://www.vivaf1.com/viewtopic.php?f=23&t=616
ah, pra quem ficou interessado, aqui segue o primeiro link do GP da bélgica de 82:
https://www.youtube.com/watch?v=VzLsTWNrnYQ
e aqui o canal desse cara que colocou várias dessas corridas no ar. tem muita coisa lá, muita mesmo:
https://www.youtube.com/channel/UCy_u0AgAkdKEI3qgfsJzBAQ
abraços a todos!
Muitp fera a imagem do Colin Chapman
Em 1986 a formula 1 já era altamente profissional e organizada, me parece inconcebível e inacreditável o fato de não haver equipes de resgate e salvamento em um treino coletivo de várias equipes. Tragédia que poderia ser evitada.
Collin é vivo.. ele é o Briatore..que fez 4 plasticas com Pitanga..no RJ..e ficou nisso..
Ainda.. tem uma gostosa que cuida de seus poucos bens como cidadão inglês..
R.I.P Collin.. e la vida Flavio..rsssssss
Me lembro muito pouco de Elio. Mas há muitas histórias importantes a seu respeito, como as brigas com Senna na Lotus. O brasileiro, que não era flor que se cheirasse, teria tomado uns sopapos do italiano. E olha que para tirar De Angelis de sua elegância…
A morte de Elio de Angelis inaugurou a melhoria de condições de segurança nos circuitos durante testes, além de ter contribuído um pouco para o fim dos motores turbo.
Rodrigo essa Essex q patrocinou a equipe Lotus ainda existe e de qual ramo trabalha essa empresa?
Não, não existe mais. Acho até que falei sobre ela aqui no blog. Era de um certo David Thiemme e sumiu da mesma forma como apareceu no automobilismo. Do nada.
Que história maravilhosa, li com um sorriso no canto da boca!
Sempre achei que o Elio de Angelis fosse argentino, não sei porque. Não tem um De Angelis na Moto GP hoje em dia, é parente?
Nenhum parentesco.